segunda-feira, 23 de abril de 2012

TIPOS DE ESPÍRITAS

Em diferentes obras, Kardec dedicou-se a definir e caracterizar os espíritas de acordo com a forma com que lidam com o conhecimento doutrinário que lhes chega ao coração.

Em O Livro dos Espíritos, ao apresentar o Espiritismo em seus três aspectos, o Codificador classifica os espíritas em três graus: os que crêem nas manifestações e as comprovam, sendo, portanto, experimentadores; os que percebem as consequências morais dessa experimentação e os que praticam ou se esforçam por praticar essa moral. Seguindo a mesma linha de raciocínio, em O Livro dos Médiuns, ele propõe uma nomenclatura para cada tipo de adepto, a saber:

Os que crêem nas manifestações: espíritas experimentadores. Só se importam com os fenômenos e sua explicação científica.

Os que, além dos fatos, compreendem as consequências morais, mas não as colocam em prática: espíritas imperfeitos, que não abrem mão de ser como são.

Aqueles que praticam a moral espírita e aceitam todas as suas consequências: os verdadeiros espíritas ou espíritas cristãos, apresentando duas características básicas: a caridade como regra de proceder e, pela compreensão dos objetivos da existência terrestre, o esforço "por fazer o bem e coibir seus mau pendores".

Os demasiadamente confiantes em tudo o que se refere ao mundo invisível, aceitando sem verificação ou reflexão todos os conteúdos que lhes chegam ás mãos: espíritas exaltados. Este tipo de adeptos é mais nocivo que útil à causa espírita.

Vamos nos deter nos dois últimos tipos


Em primeiro lugar, o verdadeiro espírita, reconhecível "pela sua transformação moral e pelos esforços que emprega para domar suas inclinações más". Chama-nos a atenção os termos usados por Kardec "coibir" e "domar". Ou seja, o esforço da transformação moral requer do interessado uma luta íntima fortíssima que, absolutamente, não é desamor a si mesmo, mas tenacidade na tarefa de substituir valores do mundo por valores espirituais. 

Ouve-se muito, dentro das casas espíritas, que a reforma interior não deve ser um sofrimento, e o desculpismo toma conta das criaturas que se reconhecem imperfeitas, mas... continuam sendo como são, ou melhor espíritas imperfeitos. A luta pela mudança interna é reconhecida, por inúmeros autores espirituais confiáveis, como imprescindível ao nosso amadurecimento espiritual. 

É a "decisão de ser feliz" proposta por Joanna de Ângelis, que passa pela revisão de toda a nossa conduta diante de Deus e do próximo, pela coragem de enfrentar a si mesmo, reconhecendo os erros e iniciando o processo de correção de rumo.

Sobraram os espíritas exaltados, apaixonados por modismos, novidades, revelações (principalmente quem foi quem em existências passadas). Frequentam, muitas vezes, reuniões de estudo doutrinário, mas não estudam; citam best sellers do momento, mas não sabem dar exemplos da literatura consagrada de autores encarnados ou desencarnados. São ávidos por lançamentos editoriais sem conhecer as obras básicas ou o trabalho de Instrutores como Emmanuel, André Luiz e Joanna de Ângelis. Prejudicam a Doutrina porque divulgam conceitos equivocados, estimulando novos companheiros a seguir pelo mesmo caminho.

É André Luiz que alerta, quanto a alguns "modos como nós, espíritas, perturbamos a marcha do Espiritismo":

- esquecer a reforma íntima

- afastar-se das obras de caridade

- negar-se ao estudo

- abdicar do raciocínio, deixando-se manobrar por movimentos ou criaturas que tentam sutilmente ensombrar a área do conhecimento espírita com preconceitos e ilusões.

O verdadeiro espírita ou o espírita cristão é aquele que adquiriu a "maturidade do senso moral" segundo o Codificador. Entendamos que essa maturação ainda não se completou (estamos na Terra!), mas representa o rompimento com o passado de erros e a obrigação de nos reformarmos, sem desculpas, contemporizações ou omissões. 

Em um texto de Obras Póstumas encontramos o estímulo e o consolo para as dificuldades encontradas em nosso processo renovador:

"Se passarmos à categoria dos espíritas propriamente ditos, ainda aí depararemos com certas fraquezas humanas, das quais a doutrina não triunfa imediatamente. As mais difíceis de vencer-se são o egoísmo e o orgulho, as duas paixões originárias do homem. (...) Pode dar-se que a coragem e a perseverança fraquejem diante de uma decepção, de uma ambição frustrada, de uma preeminência não alcançada, de uma ferida no amor próprio, de uma prova difícil. 
Há o recuo ante o sacrifício do bem-estar, ante o receio de comprometer os interesses materiais, ante o medo do "que dirão?"; há o ser-se abatido por uma mistificação, tendo como conseqüência, não o afastamento, mas o esfriamento; há o querer viver para si e não para os outros, o beneficiar-se da crença, mas sob a condição de que isso nada custe.(...) Sem dúvida, podem os que assim procedem ser crentes, mas, sem contestação, crentes egoístas, nos quais a fé não ateou o fogo sagrado do devotamento e da abnegação; às suas almas custa o desprenderem-se da matéria. Fazem nominalmente número, porém não há contar com eles." 

Temos, ainda, inúmeras fragilidades, mas já não queremos, por certo, "fazer número", ser estatística. Desejamos que o Espiritismo possa contar conosco, e acima de tudo, precisamos e queremos SERVIR A JESUS, aliando conhecimento doutrinário e prática evangélica.

Tereza Rodrigues
Espaço Espírita

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