A encarnação serve para nosso aperfeiçoamento.
Mas como isso é feito?
Segundo a Doutrina Espírita, é através da expiação.
E o que o Espírito Verdade entende por expiação?
Na questão 132, ele diz: “passar pelas vicissitudes da existência corporal”.
Muitos espiritualistas interpretam a palavra vicissitude como sinônima de fatos ou situações desagradáveis da vida humanizada. Assim, costumam interpretar que a expressão “passar por vicissitudes” é sinônima de sofrer.
Porém, se atentarmos à definição que os dicionários trazem para a palavra vicissitude, vamos compreender que ela significa apenas alternância. Ou seja, vicissitude seria a alternância entre os “altos” e “baixos” da vida, entre os momentos “alegres” e “tristes”, entre os momentos de “prazer” e de “desprazer”.
Diante dessa definição, expiar não é sofrimento, mas o ato de passar pelos “altos” e “baixos” da vida humanizada.
Nesse sentido, qual seria a melhor maneira de passar pelas vicissitudes?
Como já ensinava Buda, a felicidade não se confunde com a alegria ou com a euforia. Felicidade é o estado de paz interior, uma sensação de plenitude ou de graça vivido interiormente. É justamente o que Buda chamou também de Nirvana.
Em suma, como afirma o Espírito Verdade, vamos nos aprimorar passando pelas vicissitudes da vida. Porém, não basta apenas passar, é preciso saber como passar: amando cada situação e sendo feliz, não importando se estamos diante de vicissitudes positivas ou negativas.
Nossa encarnação na Terra acontece para que possamos vencer nossas imperfeições, que nascem todas do egoísmo: a inveja, o ciúme, a avareza, a vitimização etc., ou seja, os “tormentos” que nos fazem sofrer quando passamos por vicissitudes negativas e podemos dizer também que o orgulho, a vaidade, a ambição etc. também são “tormentos” egocêntricos que nos fazem esquecer que foi graças a Deus, a causa primária de todas as coisas, que passamos por vicissitudes positivas em nossa existência.
Enfim, se encarno para vencer a inveja, eu preciso passar por experiências que estimulem em mim a inveja; se eu encarno para vencer o ciúme ou o orgulho, idem. E assim com todas as demais “imperfeições”.
Se não existir uma situação que me leve a sentir inveja do outro, não tenho como vencer essa “tentação” e ser feliz incondicionalmente, mesmo não tendo aquilo que meu Ego deseja e acredita que é importante também ter.
Assim, cada situação sócio-econômica e cultural fornece aquilo que o Espírito precisa para vivenciar sua expiação, prova ou missão.
O importante sempre é o Espírito e não o palco criado para sua encarnação.
Educação para a morte
Adilson Marques