Questões objetivas
8. Quais são as consequências gerais do sistema polispírita ou multispírita?
Todos os 13 sistemas mencionados na questão precedente resultam de uma observação parcial dos fenômenos ou de sua má interpretação.
Eis as consequências gerais que foram deduzidas de uma observação completa e que constituem o ensino da universidade dos Espíritos:
1º) Os fenômenos espíritas são produzidos por inteligências extracorpóreas (os Espíritos);
2º) Os Espíritos constituem o mundo invisível e estão em todos os lugares, inclusive ao nosso redor, em contato conosco;
3º) Os Espíritos reagem sem cessar sobre o mundo físico e sobre o mundo moral;
4º) Os Espíritos não são seres à parte na Criação: são as almas dos que viveram na Terra ou em outros mundos. As almas dos homens são Espíritos encarnados;
5º) Há Espíritos de todos os graus de bondade e de malícia, de saber e de ignorância;
6º) Estão todos submetidos à lei do progresso e podem chegar à perfeição, mas como eles têm livre arbítrio, alcançam-na num tempo mais ou menos longo, segundo seus esforços e sua vontade;
7º) Eles são felizes conforme o bem ou o mal que tenham feito durante a vida e o adiantamento a que chegaram. A felicidade perfeita e sem sombras é partilhada apenas pelos Espíritos que chegaram ao grau supremo de perfeição;
8º) Todos os Espíritos, em dadas circunstâncias, podem manifestar-se aos homens;
9º) Os Espíritos se comunicam por intermédio dos médiuns, que lhes servem de instrumentos e intérpretes;
10º) Reconhece-se o adiantamento dos Espíritos pela sua linguagem; os bons aconselham o bem e não dizem senão coisas boas; tudo neles atesta elevação. Os maus enganam e suas palavras trazem o selo da imperfeição e da ignorância. (Item 49)
9. Por que há Espíritos maus que não valem mais do que os chamados demônios?
O fato é verdadeiro e a razão é simples: é que há homens muito maus e que a morte não torna imediatamente melhores. Não sendo os Espíritos mais do que as almas dos homens e não sendo estes perfeitos, resulta que há Espíritos igualmente imperfeitos e cujo caráter se reflete em suas comunicações. (Item 46)
10. Como prevenir os inconvenientes que apresenta a prática espírita?
O melhor meio de se prevenir contra os inconvenientes que pode apresentar a prática do Espiritismo não é proibi-lo, mas fazê-lo compreendido. Deus nos deu a razão e o discernimento para apreciar os Espíritos, tanto quanto os homens. Um temor imaginário não impressiona mais do que um instante e não afeta todo o mundo. A realidade claramente demonstrada é compreendida por todos. O conhecimento prévio da teoria e da Escala Espírita nos darão condições para compreender e controlar as manifestações. (Item 46)
11. Os bons Espíritos podem insuflar o azedume e a cizânia entre os homens?
Não; os bons Espíritos não insuflam jamais o azedume ou discórdia. Os que agem assim são Espíritos imperfeitos, que, devido à sua inferioridade, podem induzir os homens à desunião. Os bons Espíritos têm a prática do bem como meta e é isso que os caracteriza. (Item 50)
12. É possível ao homem esquadrinhar o princípio das coisas?
Não, porquanto o princípio das coisas, como é ensinado em O Livro dos Espíritos, está nos segredos de Deus. Pretender folhear com a ajuda do Espiritismo o que ainda não é da alçada da Humanidade é desviá-lo do seu verdadeiro fim. Que o homem aplique o Espiritismo em seu melhoramento moral, eis o essencial, porque o único meio de progredir é tornar-se melhor. (Item 51)
13. A forma humana é encontrada também em outros mundos?
A forma humana, excetuadas algumas minúcias, necessárias ao meio em que o Espírito é chamado a viver, encontra-se nos habitantes de todos os globos; pelo menos é o que dizem os Espíritos. É igualmente a forma de todos os Espíritos não encarnados e que possuem apenas o perispírito como envoltório; é ainda aquela sob a qual, em todos os tempos, representaram-se os anjos ou Espíritos puros. Podemos concluir, portanto, que a forma humana é o tipo de todos os seres humanos de qualquer grau a que pertençam. (Item 56)
14. Qual a causa da dúvida dos homens acerca das manifestações dos Espíritos?
Uma causa que contribuiu para fortificar a dúvida, numa época tão positiva como a nossa, em que se exige conta de tudo, em que se quer saber o porquê e o como de cada coisa, é a ignorância da natureza dos Espíritos e dos meios pelos quais podem manifestar-se. Adquirido esse conhecimento, o fato das manifestações nada tem de surpreendente e entra, assim, na ordem dos fatos naturais. De fato, a idéia que fazemos dos Espíritos torna, à primeira vista, incompreensível o fenômeno das manifestações.
Estas não podem produzir-se senão pela ação do Espírito sobre a matéria. Mas, se julgam que o Espírito é a ausência de toda matéria, perguntam, com relativa razão, como pode ele agir materialmente. Ora, aí está o erro, porque o Espírito não é uma abstração, é um ser definido, limitado e circunscrito. O Espírito encarnado no corpo humano constitui a alma; quando o deixa pela morte, não sai sem nenhum invólucro. Todos nos dizem que conservam a forma humana e é assim que eles nos aparecem. (Itens 52 e 53)
15. Que ocorre ao homem logo após a morte física?
No momento em que acabam de deixar a vida corpórea, os indivíduos estão num estado de perturbação; tudo é confuso ao redor deles; vêem seu corpo perfeito ou mutilado segundo o gênero de morte; por outro lado, vêem e se sentem viver; alguma coisa lhes diz que este corpo era o deles, e não compreendem que estejam separados dele. Continuam a se ver sob sua forma primitiva, e esta vista produz em alguns, durante um certo tempo, uma singular ilusão: a de se julgarem ainda encarnados; falta-lhes a experiência de seu novo estado para se convencerem da realidade. Passado esse primeiro momento de perturbação, o corpo se torna para eles uma velha veste da qual se despojaram e da qual não guardam saudades; sentem-se mais leves e como que desembaraçados de um fardo; já não experimentam dores físicas e são muito felizes em poder elevar-se, transpor o espaço, assim como fizeram muitas vezes em seu sonhos. Entretanto, apesar da ausência do corpo, constatam sua personalidade; têm uma forma que não os embaraça; têm, enfim, a consciência do seu eu e de sua individualidade. (Item 53)
(Continua nas próximas postagens.)
ASTOLFO OLEGÁRIO DE OLIVEIRA FILHO
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Londrina, Paraná (Brasil)