segunda-feira, 23 de maio de 2011

BOM DIA AMIGOS!


"Ver o reino de Deus não poderá
aquele que de novo não nascer."


Assim disse o Mestre e assim será,
embora muitos não o queiram crer.

Quando o homem cansado de sofrer
e de atoa viver, "ao Deus dará",


paterno o lar de novo há de querer
e ao Pai o filho então retornará.


Nascer, morrer, nascer, aqui voltar
na rota do progresso, eis a Lei,
sempre forçando a nós recomeçar.


Da água e do espírito, em verdade,
só poderá surgir a humana grei
para alcançar a imortalidade.

José Siquara da Rocha

NECESSIDADE DA REFORMA ÍNTIMA

Estudaremos aqui de que maneira, secundando a Jesus, o Espiritismo vê a solução dos problemas que afligem a humanidade, e como ela se assenta na reforma íntima.

A — Introdução
Uma das coisas que mais impressiona, ao considerar a Doutrina Espírita, é o seu poder de penetração. Se uma árvore se avalia pelos seus frutos, o Espiritismo é de surpreender. Num momento em que todos os credos religiosos são submetidos a um reexame; no qual as igrejas se esvaziam, com suas doutrinas reconsideradas à luz de novas noções atingidas; ele se impõe ao respeito geral, qual ciência, filosofia e religião; revela novo poder de consolar os aflitos; reconduz à religiosidade; arregimenta sequazes em quantidade sempre crescente; reconquista, para a religião, a capacidade de fixar orientação, num apelo à ação, ao desenvolvimento de aptidões e virtudes.

Prega o trabalho, a caridade, a solidariedade humana, a fraternidade; a luta contra a ignorância, contra a miséria; clama pelo amparo à velhice, a proteção à infância, o combate à doença, a comiseração para o sofrimento, sob o lema cristão de que fora da caridade não há salvação. E ensina exemplificando, desenvolvendo obras assistenciais de todo o tipo: oferece guarida aos desajustados, nos abrigos, nos hospitais, nos hospícios, nas penitenciárias. Realiza obras de grande alcance na iniciação à profissionalização, na suavização da prova à criatura excepcional ou anormal.

Reconsiderando as noções religiosas conclui pela inutilidade dos ritos e cultos e aponta para as forças que engrandecem o espírito. Não tem ritos nem cultos, não tem liturgia. Mas desenvolve a tomada de consciência de cada um, nas próprias responsabilidades, pelas escolas que patrocina, conduzindo à reforma íntima, impelindo para o desenvolvimento em todos os sentidos. Sua bandeira é a auto-educação dos homens: não apregoa revoluções, deposição de partidos, destrona-mento de pessoas ou grupos. Não patrocina lutas fratricidas. Condiciona o progresso e a reestruturação sociais à reforma íntima de cada um, realizada nas trilhas traçadas pela Escola do Mestre, guiada pelas diretrizes do Evangelho redivivo.

Aos revoltados, aos insatisfeitos, aos queixosos, esclarece que as causas de todos os males estão em nós mesmos e que a solução dos problemas reside na reconsideração das atitudes: sermos operosos na produção do bem, sermos bondosos, pacientes, tolerantes, caridosos, justos, responsáveis, amantes a Deus e ao nosso próximo, na prática constante do estudar e servir. Para que possamos fazer uma idéia mais precisa do que se pretende dizer, façamos uma analogia com o serviço da limpeza pública.

B — Poluição e educação
Há queixas contra o poder público quanto ao atendimento da limpeza; entretanto ninguém considera as posturas que proíbem jogar detritos no chão ou em terrenos baldios. Sabe-se que terrenos sujos proporcionam a proliferação de ratos, tornam-se focos de mosquitos, miasmas e pestilências. Apesar disso não há terreno baldio entre nós que não tenhamos transformado em depósito de lixo. Nos logradouros públicos, mesmo que haja recipientes adequados para a colocação de sujidades, é frequente observar quão poucos se servem deles.

E as praias em época de férias ou em dias de feriado? Transformam-se em verdadeiros tapetes de imundícies. Apesar das advertências relativas aos males que isso pode acarretar, aos perigos da poluição; as doenças, as infecções, as viroses, as enfermidades mais variadas, todos atiram detritos: embalagens de todo tipo, restos de petisqueiras, bagaços de frutas, sobras de comida, cascas de qualquer coisa, na mais insensível desconsideração por tudo e por todos.

A ida à praia, que pretendemos se constitua prazeroso convívio com a natureza, para o retemperar das forças e energias, transforma-se em desagradável envolvimento com a sujeira que nos enche de asco e de revolta.— Mas não há serviço público? Não há lixeiros? Não há observância de higiene? E a saúde pública? Que faz o governo?

Lixeiros há — amontoam o lixo que carros recolhem. Mas é como se não houvesse. Todo mundo joga coisas a toda hora, a todo instante; é um lançar detritos constante, contínuo, interminável. Enquanto um limpa, o outro suja. Em qualquer logradouro público, mesmo que jamais procedêssemos de forma semelhante em casa, nos tornamos todos sugismundos. Para que pudéssemos desfrutar de ambiente bem posto, desenxovalhado, necessário seria existir um homem de limpeza atrás de Cada um.

O problema é insolúvel: não há serviço público que possa atingir os requisitos mínimos de higiene e conforto, se ninguém se preocupa.
É a impossibilidade que enfrenta a dona-de-casa quando, ao pretender manter a ordem, se depara com o descaso, o desleixo de todos — um que larga coisas por onde passa, outro que põe em desalinho tudo que toca, outro ainda que deixa desarrumação em tudo que faz.

Não há quem possa manter adequadamente, seja o que for, se cada um não se compenetrar do valor da ordem, não fizer dela parte de suas responsabilidades. Se cada um considerar, observar e puser em prática os princípios sadios da convivência, não somente facilitará a ação governamental, mas fará com que se possam desenvolver meios mais poderosos, mais eficientes, mais benéficos, possíveis, se alicerçados na compreensão e na participação de todos.

Finalidade da saúde pública é sanear, prevenir endemias e doenças, preservar a saúde, criar recursos de assistência. De pouco valerá o desempenho, entretanto, se continuarmos a poluir as águas, lançar detritos nas ruas ou em terrenos baldios. De pouco servirá uma alimentação:-sadia se cultivarmos os vícios do álcool, do fumo, dos estupefacientes, ou outros que solapam as forças e as energias. De pouco valerá qualquer planejamento amplo se não cultivarmos os hábitos da higiene, ou os sadios na prevenção de moléstias: o expor-se ao sol, o praticar exercícios, o não ingerir alimentos fortes; não entregar-se a excessos de qualquer espécie.

São tarefas da educação proporcionar escolas, livros baratos, bolsas de estudo aos que possam ter necessidade. Mas pouco poderá ela proporcionar, se não desenvolvermos sede de conhecimento, ânsia de saber, amor pela verdade; se não nos dispusermos a contribuir com o nosso esforço na produção de aperfeiçoamentos no receber e transmitir o conhecimento.

Qualquer que seja o problema coletivo, não há governo, partido ou grupo capaz de solucioná-lo se cada um de nós não se dispuser a realizar em si mesmo as condições aptas a resolvê-lo. Não se erradicará a miséria, se quem detém a riqueza não dispuser dela para proporcionar oportunidades de trabalho, ensejos de empreendimentos. Mas também não desaparecerá se o trabalhador desperdiçar o tempo, o vendedor adulterar as medidas, o comerciante falsear os preços, se cada um de nós, na esfera da própria ação, buscar obter para si proveitos ilícitos.

Seria necessário um fiscal para cada um. A essência de nossos sofrimentos será sempre consequência do nosso despreparo diante dos deveres que o convívio social nos impõe. Para eliminá-los não há outro caminho que aquele da auto-educação, do aprimoramento e do serviço. — Estudar e servir — diz Emmanuel — é o lema.

C — Poluição moral
No campo moral as coisas não são diferentes. Nossos pensamentos constituem o veículo de influências pelo qual nos relacionamos com os outros. A falta de vigilância para com eles, o descuido com que os formulamos, a fácil adesão às idéias menos edificantes, o palavratório grosseiro, o anedotário licencioso, os julgamentos precipitados, a malícia, a desconfiança, o ciúme, o despeito, a inveja mal disfarçados, são vários dos móveis com os quais lançamos detritos mentais em nosso derredor, conspurcando o meio que nos circunda, provocando poluição no campo das idéias.

Por mais que se esforcem os paladinos do bem, em propiciar meios de paz, tranquilidade e entendimento, pouco ou nada podem conseguir, enquanto ninguém policiar seus próprios atos mentais. Todos, de maneira constante e contínua, atiram faíscas de ódios, fuligem de despeito, negrume de falsidades, dardos de ciúme, explosões de cólera, azinhavre de maledicência, podridões de concupiscência, lodo de desregramentos, nódoas de corrupção, máculas de desonestidade, na mais completa ignorância de que idéias são forças e que constituem a paisagem que nos há de abrigar para o convívio comum.

Para poder manter a imaculabilidade, necessário seria um vigilante para cada um. Para que a paisagem se nos aclare, se nos ofereça apaziguaníe, confortadora, repousante e acolhedora, necessário se faz que abracemos os preceitos do ajustamento íntimo, adotemos as posturas sugeridas pelos sentimentos nobres; irradiemos as influências inspiradas pelas exigências do bem comum.

E da mesma forma que se exige, para aquele que não quer debater-se com a espurcícia, ser o primeiro a não contribuir para ela, assim se requer, para aquele que clama pelo resguardo dos valores humanos, a necessidade de ser-lhes o fautor.

D — O ensinamento evangélico
Jesus, sabedor de nosso despreparo, conhecedor das causas que nos aduziam dor e aflição, mestre e consolador dos necessitados e famintos, diante daquele que clamava por justiça, obtemperava:
— Sede justos, não julgueis. Sede misericordiosos.
— Bem-aventurados os misericordiosos porque deles é o reino dos céus.
— Não critiqueis. Não lanceis anátemas. Perdoai para serdes perdoados.
— Se perdoardes as ofensas que os homens vos fazem, vosso Pai vos perdoará os pecados.


Quereis justiça?
Praticai-a. Porque o dia em que cada um for justo, a injustiça erradicar-se-á da face da terra. Aprendestes a devolver o insulto, se atacados: olho-por-olho, dente-por-dente. Justiça com Jesus não é o revide à ofensa; não é retribuir com a mesma moeda. É porém atribuir a cada um o que lhe compete segundo a melhor consciência. A justiça apenas não deve agravar os problemas do devedor. Aos que fazem o mal, basta o fogo do remorso, o comburir-lhes o coração.

Reclamais contra as agruras, a miséria, a luta que se torna pesada?
Sede operosos, caridosos; não negueis uma camisa a quem a pede, mas dai-lhe duas. Sede mansos, sede pacientes; não cultiveis a cólera, não pratiqueis a crítica. Dai sempre vossa palavra de estímulo; não censureis. Cultivai a compreensão, oferecei sempre novas oportunidades.
Bem-aventurados os mansos porque cultivam a paz, a paciência, a tolerância, a bondade. Tornar-se-ão os preferidos, os amados por todos. Serão senhores, porque senhor é aquele que é amado, respeitado.

Reclamais contra os abusos do poder, os excessos dos privilegiados?
Ele responde:— Não amealheis tesouros na terra; não temais; não vos inquieteis por vossa vida.
Olhai as aves do ar; não semeiam, não colhem, não fazem provisões nos celeiros, contudo vosso Pai Celeste as sustenta. Considerai os lírios dos campos; não trabalham, nem fiam; entretanto vos digo que nem Salomão, em toda a sua glória, jamais se vestiu como nenhum deles.

Reclamais contra as forças da inferioridade que vos solapam o instituto da família, vos desonram o nome, vos desencaminham os filhos, vos conspurscam a imagem?
Responde: — Sede puro, não pratiqueis a impudicícia. Erguei o pensamento às fontes da vida e não o deixeis mergulhar nos pântanos do vício, para que, a vida se vos faça para melhor. Bem-aventurados os que têm puro o coração, porque deles é o reino dos céus. E acrescenta: — Compenetrai-vos de vosso destino e cumpri vossos deveres para realizá-los. Vós sois deuses. Tende fé. Pedi e dar-se-vos-á. Buscai e achareis. Batei e abrir--se-vos-á. Se maus como sois sabeis dar boas dádivas a vossos filhos, quanto mais vosso Pai que está nos céus que bens não dará aos que lhos pedirem.
Cumpri vossos deveres, praticai a caridade. Pensai feridas, aliviai o sofrimento, soerguei os decaídos. Ensinai e acreditai no bem e eliminai o mal. Em tudo e em todos esparzi amor e benefícios. Reconciliai-vos com todos, amai aos inimigos; pagai o mal com o bem. Imitai o Pai — sede perfeitos como vosso Pai é perfeito. Dai a quem pede; fazei aos outros o que desejaríeis que os outros vos fizessem. A paz, a justiça, a prosperidade, a felicidade reinarão entre vós quando vos amardes uns aos outros como vos amei. O reino de Deuá pode ser estabelecido mesmo na-terra: ela é a sociedade de homens piedosos e honestos amando a Deus e amando-se entre si.

E — O Espiritismo
O Espiritismo, em consonância com o Cristo, não apregoa revoluções, levantes ou destruição de situações existentes. Apregoa a caridade e a reforma íntima porque, ao praticá-las, e a seguir nos depararmos com os problemas que envolvem as necessidades humanas, veremos que, na sua essência, eles se convertem principalmente em necessidades de aprimoramento pessoal, aculturamento, virtuosidade e, acima de tudo, de muito amor ao próximo.


Rino Curti
Comunidade Espírita

O ESPÍRITO NA ADOLESCÊNCIA

Pergunta do Livro dos Espíritos 385:

Que é o que motiva a mudança que se opera no caráter do indivíduo em certa idade, especialmente ao sair da adolescência? É que o espírito se modifica?
Resposta: É que o espírito retoma a natureza que lhe é própria e se mostra qual era.

 

A partir dessa afirmativa, encontramos elementos de análise que iluminam nosso entendimento, a saber que a adolescência revela o ponto no qual o espírito se apresenta, estagiando em conflitos maiores ou menores conforme experiências pretéritas que carregue o ponto crítico de retomada dessa natureza que lhe é peculiar.

Voltando a narrativa inicial acerca do desejo de singularidade, poderíamos apostar que a força desse desejo expressa exatamente a peculiaridade desse momento onde o espírito se reconhece num ponto crucial de mudança de atitude, exigindo que ele avance, ou seja, busque novos caminhos ou estacione.

Na medida em que o espírito, na adolescência, se percebe em sua singularidade, ele reforça ou não a mesma, dependendo, das escolhas e tendências que caracterizam sua individualidade. Reforçar a singularidade pode representar várias coisas, indo desde a auto-afirmação de inclinações negativas pretéritas até o desejo de transformação das mesmas, construindo um novo panorama dessa mesma singularidade.

Há, portanto, aqueles espíritos que encerram em si grandes dificuldades de transpor defeitos até mesmo por não terem à sua volta, estímulos reforçadores de seu lado criativamente positivo. Neste contexto, encontramos jovens que freqüentemente, são reforçados pelos transtornos que causam, lembrados apenas no desgosto que causam, no prejuízo material e emocional que geram.

Dito isso, é imprescindível aprendermos a não só conviver com os jovens, mas despertar para as contradições observadas na nossa conduta diante dos mesmos. Ora cobramos atitudes e posturas de um comportamento adulto, alegando que eles não são mais crianças para agir desta ou daquela forma e no mesmo circuito, infantilizamos nosso tratamento para com eles, cerceando, demasiadamente, sua liberdade de ação e expressão.

Sem dúvida, não se quer dizer com isso, que o jovem deva fazer o que bem entenda, desconsiderando os limites inerentes à relação humana; até porque nem ele e nenhum de nós possui a possibilidade de agir descompromissadamente, ferindo as leis da convivência e do respeito ao espaço do outro.

Pais e educadores deveriam atentar para o seu papel de facilitadores do desenvolvimento e das potencialidades do espírito na juventude e na infância, assim como para sua função de orientadores que auxiliam seus passos, encorajando-os a fazer boas escolhas.

Lembrando sempre: Nossos filhos são espíritos e como tal trazem bagagens próprias nem sempre afinizadas com aquelas peculiaridades de seus familiares. Estas bagagens nos exigem esforço de compreensão, uso da disciplina, mas principalmente estímulo à mudança de sentimentos e ações através do amor.

Jesus, o nosso grande modelo, lidou com espíritos de naturezas diversas, rudes, dóceis, esclarecidos, ignorantes, acima de tudo singulares. Sua pedagogia foi o amor sabidamente conduzido, sem sentimento de apropriação nem tampouco cobranças descabidas. Ele nos auxiliou, compreendendo nossa condição evolutiva, nos estimulando a crescer, sem nos ferir. Jesus nos exemplificou a capacidade de conciliar amor e disciplina, sem exagero de dose e ele é o único parâmetro indefectível que nos servirá, sempre de referencial de conduta.

Saibamos respeitar a singularidade e quando percebermos que ela se equivoca, utilizamos a dose certa do amor que vence pacientemente as dores, mas para isso é preciso aceitarmos que ainda não sabemos amar, no sentido cristão da palavra, logo, filhos, pais e educadores são todos alunos de uma grande conquista o exercício pleno do amor.

Bianca Cirilo
Retirado da Revista Estudos Espíritas
Dezembro/2000
Edições Léon Denis

FORMAÇÃO DOS MÉDIUNS

CONTINUAÇÃO DA POSTAGEM ANTERIOR

Escolhos da prática mediúnica
Kardec destaca um fato que, ainda hoje, é causa de vulnerabilidade aos médiuns: as relações com Espíritos moralmente inferiores, principalmente com os que conservam traços de maldade. Eis o que tem a dizer a respeito:
[...] Devem [os médiuns] estar muito atentos para que tais Espíritos não assumam predomínio, porque, caso isso aconteça, nem sempre lhes será fácil desembaraçar-se deles. Este ponto é de tal modo importante [...] que, não sendo tomadas as precauções necessárias, podem-se perder os frutos das mais belas faculdades.

Mais adiante, retorna ao assunto, reafirmando que “se o médium deve fazer tudo para não cair sob a dependência dos Espíritos maus, mesmo que de forma involuntária, mais ainda deve fazê-lo para não cair voluntariamente”.

Nessas circunstâncias, a sólida base espírita do médium, associada à respeitável conduta moral, não lhe permitem dar ouvidos a ideias e informações aparentemente inócuas transmitidas por alguns Espíritos, que não têm o menor escrúpulo em assinar a comunicação com o nome de entidades veneráveis:

Todos os dias a experiência nos traz a confirmação de que as dificuldades e os desenganos encontrados na prática do Espiritismo resultam da ignorância dos princípios desta ciência [...].

O exercício mediúnico, como tudo na vida, está sujeito à lei de progresso.Nenhum médium nasce pronto, pois a mediunidade é faculdade dinâmica. Os aprendizados adquiridos pelo estudo, pela experiência e pelo esforço de perseverar no bem apresentarão os frutos, no momento propício. Nesse aspecto, é preciso considerar que os programas destinados à formação de médiuns, por melhores que sejam, não são infalíveis, visto que o médium, em si, representa um universo de aprendizado, como bem acentua Kardec:
[...] Embora cada um traga em si o gérmen das qualidades necessárias para se tornar médium, tais qualidades existem em graus muito diferentes e o seu desenvolvimento depende de causas que criatura alguma pode provocar à vontade. As regras da poesia, da pintura e da música não fazem que se tornem poetas, pintores ou músicos os que não possuem o gênio dessas artes [...].

Perda e suspensão da mediunidade
Independentemente do gênero de mediunidade que o médium possua, a faculdade “está sujeita a intermitências e a suspensões temporárias”, relacionadas a vários fatores: “O uso que ele faz da sua faculdade é o que mais influi para que os Espíritos o abandonem” .
Doença, cansaço, peso, certas provações, obsessão são outras situações que podem dificultar ou impedir o exercício mediúnico, de forma temporária ou permanente. São ocorrências facilmente compreendidas e acatadas pelo médium esclarecido.
Nessas circunstâncias, os programas de preparação de médiuns devem, necessariamente, objetivar o seu esclarecimento doutrinário e a sua melhoria moral, respectivamente com base nas lições do Espiritismo e do Evangelho. A propósito, ensina o Codificador:

Ao lado dos médiuns propriamente ditos, aumenta diariamente o número de pessoas que se ocupam com as manifestações espíritas. Guiá-las em suas observações, assinalar-lhes os obstáculos que certamente encontrarão [...] iniciá-las na maneira de conversarem com os Espíritos, ensinar-lhes os meios de conseguirem boas comunicações, tal é a esfera que devemos abranger, sob pena de fazermos trabalho incompleto.


Referências
KARDEC, Allan. O livro dos médiuns. Trad. Evandro Noleto Bezerra.

O CARVALHO E O CANIÇO

Um carvalho, de bom coração, porém superficial em seus julgamentos, uma vez que acreditava na superioridade da aparência e desconhecia os valores verdadeiros ocultos na essência, olhando a fragilidade do caniço e dele se compadecendo, assim falou:
- A natureza foi injusta com você. Frágil como é, um passarinho é uma carga pesada para suas forças. E o mais fraco dos ventos o abriga a inclinar-se e vergar a fronte. Ainda se tivesse nascido à sombra de minha ramagem e fosse mais alto, eu poderia servir de escudo para você e protegê-lo das tempestades que o ameaçam. Devo acrescentar que o admiro pela maneira como aceita, sem reclamar, a sua pequenez e a sua debilidade.
O caniço agradeceu a compaixão e a bondade do carvalho e replicou: Não se preocupe com a minha suposta fragilidade. Você se engana com ela. Por trás dessa aparência delicada existe, em essência, uma força que me faz ser forte e auto-suficiente. Eu sou flexível. Eu me curvo, se preciso for, mas não quebro. Na verdade, os ventos são mais perigosos para você do que para mim.
Mal terminou de proferir essas palavras, no final do horizonte forma-se um terrível vendaval que, furioso e implacável, fustiga tudo que lhe aparece pela frente. E o carvalho e o caniço são alvos de seus açoites.
A árvore enfrenta o vento forte e tenta a todo custo manter-se em pé; a cana dobra, inclina a fronte.
O forte, que se julgava alto como as montanhas do Cáucaso e capaz de suportar os violentos temporais, não resiste. E o vento fica mais violento e arranca aquele cuja cabeça era vizinha do céu e cujos pés tocavam o império dos mortos.

RETIRAR OS REMOS DA ÁGUA
Nada na Terra pode vencer o homem flexível, pois tudo pode conseguir aquele que não oferece resistência. A propósito, a maioria das coisas muito duras tem grande propensão para quebrar.

Às vezes, quando o vento da renovação começa a uivar, não temos certeza de que as transformações serão para melhor. Apesar disso, devemos nos entregar, mesmo quando não sabemos aonde as mudanças irão nos levar.
A Providência Celestial tem um plano só para nós, e as ventanias nos conduzirão aonde precisamos ir.
Em certas ocasiões, é necessário "retirar os remos da água" e confiar na embarcação divina.

Hammed