quarta-feira, 11 de maio de 2011

OLÁ AMIGOS

As vezes é necessário silenciar para ouvir a voz de Deus a nos confortar, e nos restaurar a esperança de que tudo passa, e as lembranças ruins serão apenas as lições mais difíceis que tivemos que passar, para que pudessemos lapidar a nossa alma e aprender na dor a humildade de perceber que não somos autosuficientes.

Angel

REFLETIR


É óbvio que ninguém quer sofrer. Consideremos, entretanto, que o sofrimento ainda é inerente à nossa condição. Como? Então ele vai deixar de nos importunar? Sim, quando o merecermos. E essa conquista depende de nós mesmos.

Sofremos porque ainda somos teimosos. Exageramos nos desejos e nas desculpas, acumulamos lixo mental e guardamos ressentimentos; acomodamo-nos na inércia ou nos perdemos nas precipitações. Por outro lado, tentamos dominar outras consciências e ficamos aborrecidos com os fracassos nestas tentativas, como se fossemos donos da verdade... Entretanto, essas situações todas apenas refletem vaidade, orgulho ferido, feroz egoísmo, medos, inseguranças ou traumas. Fruto da inexperiência; caminho de aprendizado.

A receita da felicidade, contudo, já está conosco. Jesus trouxe-a pessoalmente ao ensinar que fizéssemos ao próximo tudo o que desejamos para nós mesmos. Ou como nos mandamentos de amar a Deus e ao próximo como a si mesmo.

O que faz sofrer é a rebeldia em aceitar que somos todos iguais e que, portanto, a ninguém cabe o direito de desrespeitar a vontade e a liberdade alheias, exceto por força da lei, ainda que humana. Na verdade, que direito temos de interferir na vida alheia? Quando agimos nesse sentido, as conseqüências só podem mesmo ser algum tipo de sofrimento ou aflição. E, no mesmo sentido, a orientação cabe com relação a si próprio, pois abusos e desrespeitos a si mesmo também trazem efeitos que podem ser aflitivos.

Portanto, para ser mais feliz e ir, gradativamente, diminuindo os motivos de sofrimento, é melhorar-se o quanto mais. Sim, melhora no comportamento, nas ações, nos pensamentos, na convivência, no relacionamento. Dentro e fora de casa.

Agindo com equilíbrio, ou pelo menos esforçando-se para isso, onde quer que estejamos, estaremos reduzindo as causas de sofrimentos, no presente e no futuro. Quanto ao passado, aos poucos vamos reparando, pois isso também é necessário.

O caminho é pois, melhorar. Em todos os sentidos. Aprender mais, de maneira permanente; auto-analisar-se para verificar os pontos em que já podemos nos disciplinar; solidarizar-se pelas boas causas em favor de nossos irmãos de caminhada; confiar em Deus e prosseguir realizando o melhor ao nosso alcance. Com isso, seremos mais felizes!


Grupo Espírita Renascer
Orson Peter Carrara

O DILEMA DA DISCIPLINA

É bastante comum, nos dias de hoje, ouvirmos reclamações de pais e professores, em torno do comportamento indisciplinado de crianças e jovens. Palavrões, brigas, pichachões, desrespeito aos mais velhos, desleixo com a aparência, iniciação sexual precoce, gravidez na adolescência, etc., fazem parte do rol de atitudes mencionadas para caracterizar esse comportamento indisciplinado.


Despreparo dos Pais.
Quando bem dotados financeiramente, matriculam os filhos nas melhores escolas, oportunizam-lhes viagens de estudos e entretenimento, oferecem-lhes cursos de informática e idiomas, alimentação apurada, cuidando com extremo desvelo do corpo e investindo somente na formação intelectual deles.

A formação moral
Quando lembrada, é relegada para alguma religião ou transferida para a escola, pois estes mesmos pais estão muito ocupados, com outros afazeres ou envolvidos com atividades que consideram relevantes.
Nas famílias mais pobres de recursos materiais, o desenvolvimento da criança já se vê comprometido em razão da carência alimentar e da falta de tempo dos pais para orientá-los, pois saem muito cedo para trabalhar e retornam muito tarde. Existindo então outros complicadores.
Às vezes, a criança é filha de pais separados, que por razões diversas nem sempre conseguem atender convenientemente as suas carências e necessidades.

A televisão
Tornou-se de um tempo para cá a companheira e a educadora de muitas das nossas crianças e jovens, e, infelizmente, uma companhia altamente questionável.

Despreparo dos professores
É preciso que se diga ainda que os professores, na grande maioria, não foram preparados para lidar com crianças que apresentam problemas de comportamento e nem com aquelas portadoras de necessidades especiais. Quando conseguem um mínimo de conhecimento teórico, é porque fazem algum curso adicional ou a larga experiência dos anos lhes fez acumular conhecimentos suficientes sobre o assunto.
Ao despreparo dos pais junta-se o despreparo dos professores.

Espíritos reencarnados
Considerando essa variedade de fatores, que até certo ponto explicam os problemas apresentados pelos educandos, não podemos esquecer que eles são espíritos reencarnados, trazendo tendências e aptidões das vidas passadas. E que os mesmos possuem afetos e desafetos no mundo espiritual, influenciando direta ou indiretamente o comportamento deles.

Com tudo isso, como estabelecer uma disciplina que prepare, oriente e colabore na formação de homens de bem?
Didaticamente podemos pensar em três níveis de disciplina:
  1. Preventiva
  2. Punitiva
  3. Reparadora
A disciplina preventiva é aquela que é trabalhada desde a gestação, perpassando todas as fases do desenvolvimento biopsicossocial da criança.
Paulo Freire salienta que a disciplina externa é necessária para estruturar a interna, e que a criança entregue a si mesma dificilmente se disciplina. A presença e o exercício da autoridade paterna e materna, é indispensável na construção da sua autonomia.

Parafraseando o educador Rubem Alves, afirmamos que é essencial libertar a criança das disciplinas desnecessárias, a fim de que ela consiga lidar e até aceitar aquelas que são inevitáveis no caminho de qualquer pessoa adulta.
Como é importante a presença de limites, de regras na fase infantil!

A importância da disciplina
E disciplina não é apenas um conjunto de normas que estipulam deveres a serem cumpridos. A Natureza possui uma disciplina sem a qual os mares invadiriam as regiões continentais, os continentes gelados se derreteriam, as cadeias alimentares entrariam em desequilíbrio, os planetas colidiriam uns com os outros. O amor estabelece a disciplina do bem querer, do perdoar incessantemente, do fazer o bem a quem nos faz o mal e assim por diante.

Não podemos e nem devemos associar disciplina a surras e agressões, pois esse tipo de postura já é violência e não disciplina

Joanna de Ângelis fala-nos de três tipos de indivíduos adultos, que resultam de uma educação bem ou mal orientada.

OS TIPOS
  •  Os insatisfeitos: são aqueles que foram vítimas de pais instáveis emocionalmente, despreparados para orientarem seus filhos para a vida. Pais violentos ou indiferentes.
  • Os dependentes: são aqueles que foram mimados, tiveram todas as suas vontades e caprichos satisfeitos, viveram numa redoma e quando em contato com o mundo, precisando cortar o cordão umbilical e decidir, optar, entram em crise ou sempre recorrem a quem possa decidir por eles.
  • Os realizados: são pessoas que vivem instantes de dependência e de insatisfação, mas conseguem administrar bem os seus conflitos. Normalmente conviveram com regras e tiveram afeto durante a infância, e graças a isso, desenvolveram uma capacidade de decidir com autonomia, correndo os riscos necessários e assumindo as consequências dos seus atos.
A disciplina punitiva é aquela aplicada nos presídios, nos lares onde os pais corrigem com violência seus filhos, nos países onde o crime é punido com outro crime (pena de morte), e que, inevitavelmente, não promove, não remove as causas da indisciplina.

A esse respeito Pedro de Camargo escreveu:
"Para bem agirmos em prol do saneamento moral, precisamos partir deste princípio: o crime não é o criminoso, o vício não é o viciado, o pecado não é o pecador(...) o doente não é a doença. Assim como se combatem as enfermidades e não os enfermos, assim também se devem combater o crime, o vício e o pecado, e não o criminoso, o viciado e o pecador."

Castigos
Theobaldo Miranda Santos afirma que os castigos ministrados com raiva, até acentuam a revolta da criança. É necessário que ela perceba na correção, de que é objeto, o propósito do seu aperfeiçoamento.Não se pode perder de vista o despreparo dos pais na condução da prole.

A disciplina reparadora, é a única capaz de ir nas causas da indisciplina, que se localizam no espírito imortal e que, segundo Ney Lobo, citando Allan Kardec, residem no instinto de conservação exagerado e no desconhecimento do passado e do futuro do espírito. Só ela pode minimizar a crença na superioridade individual, o orgulho e o egoísmo, que conduzimos em nosso cerne.

Exemplificando: é preciso que a criança seja levada a corrigir o que errou, consertar o que quebrou, repor o que retirou, desculpar-se com quem ofendeu, fazendo sempre uma ação contrária e correta àquela que foi considerada uma indisciplina. Conscientizando-se de que errou.
É claro que isso não se consegue sempre no exato momento em que ela é flagrada em erro.
É preciso que os educadores, de um modo geral, tenham o tato necessário para aguardar a hora certa de solicitar a correção. No calor das emoções exaltadas é muito difícil que a criança se predisponha a essa reparação. E não raro, quando se exige isso logo de imediato, comete-se um outro erro, o de humilhá-la, obrigando-a a uma correção forçada e exterior, sem que ela se convença do seu equívoco.

Escreve o filósofo Ney Lobo:
"O grau de responsabilidade disciplinar do educando deve ser diretamente proporcional à gravidade da falta, ao grau de liberdade em cometê-la ou não e à sua idade, não somente biológica ou mental, mas relativa ao nível espiritual. Esta idade espiritual se apresenta através dos componentes: inteligência e moralidade (variáveis de um espírito para outro)."

É com a disciplina reparadora que a criança conseguirá ser um adulto realizado, nas palavras de Joanna de Ângelis, libertando-se de sentimentos de culpa, da censura social, estruturando sua disciplina interna e utilizando seu livre-arbítrio sempre para o bem.

Diz-nos também Allan Kardec, no livro O Céu e o Inferno:
"Arrependimento, expiação e reparação constituem, portanto, as condições necessárias para apagar os traços de uma falta e suas consequências. O arrependimento suaviza os travos da expiação, abrindo, pela esperança, o caminho da reabilitação; só a reparação contudo pode anular o efeito destruindo-lhe a causa."

Só nos resta investir cada vez mais na Educação do Espírito, se quisermos fazer da Terra um mundo feliz, governado por homens inteligentes e bons, regidos pela disciplina do Amor.

Cezar Braga Said
Retirado da Revista Estudos Espíritas
 Agosto de 1999
Edições Léon Denis

PORTA ESTREITA

1 - COMO KARDEC CARACTERIZA AS DUAS PORTAS?
RESP.: No livro O Evangelho Segundo o Espiritismo, Kardec assim colocou a lição da porta: "A porta da perdição é larga porque as más paixões são numerosas e o caminho do mal é o mais frequentado. A da SALVAÇÃO é ESTREITA, porque o homem que deseja transpô-la deve fazer grandes esforços para vencer as suas más tendências, e poucos se resignaram a isso. Completa-se a máxima: "São muitos os chamados e poucos os escolhdos".

2 - QUAL É, PARA O ESPÍRITO, A PORTA LARGA?
RESP.: A porta larga (a da perdição) aponta para as ilusões do mundo: as más paixões, os vícios, os maus hábitos, as frustrações, os desequilíbrios, as más tendências, as concepções errôneas. Entorpecido pelas vivências exteriores e periféricas, o Espírito mergulha cada vez mais nas diversões materialistas, acreditando que tem em suas mãos as rédeas do destino e que poderá a qualquer momento, num "passe de mágica", alterar os resultados das suas ações. Equivocado ignora os meandros da Lei da Causa e Efeito, que mais cedo ou mais tarde o chamará a complexos reajustes.

3 - É FÁCIL PASSAR PELA PORTA ESTREITA? COMO FAZER?
RESP.: O que elegeu a porta estreita, ao contrário, é um Espírito amadurecido e consciente, enxergando com os olhos da alma, que alça vôos mais seguros e reais. Já compreendeu que o caminho apertado exige conhecimento, critério, vigilância, prudência, humildade e renúncia, para nele permanecer. É o caminho da vida, da felicidade, da luz.

4 - O QUE SIGNIFICA PARA O ESPÍRITO "SER PERFEITO"?
RESP.: Para o Espírito significa uma perfeição relativa (e não literal) de que ele e a humanidade são suscetível e que mais pode aproximá-la da Divindade. Esta perfeição relativa Jesus disse: "Amais os vossos inimigos, fazei bem aos que tem ódio, e orai pelo que vos perseguem e caluniam". Como isto, mostra que a essência da perfeição é a CARIDADE, na sua mais ampla acepção.

Comunidade Espírita
Fonte: Evangelho Segundo Espiritismo


O ÚLTIMO DIA

Naquela manhã, sentiu vontade de dormir um pouco mais. Estava cansado, tinha deitado muito tarde e não havia dormido bem. Mas logo abandonou a idéia de ficar um pouco mais na cama, e levantou-se, pensando nas muitas coisas que precisava fazer na empresa.

Lavou o rosto e fez a barba correndo, automaticamente. Não prestou atenção no rosto cansado e nem nas olheiras escuras, resultado de noites maldormidas.

Engoliu o café e saiu resmungando baixinho um "bom dia", sem muita convicção. Desprezou os lábios da esposa, que se ofereciam para um beijo de despedida. Não entendia porque ela se queixava tanto da ausência dele e vivia pedindo mais tempo para ficarem juntos.

Ele estava conseguindo manter o elevado padrão de vida da família, não estava? Isso não bastava?

Entrou no carro e saiu. Pegou o telefone celular e ligou para sua filha. Sorriu quando soube que o netinho havia dado os primeiros passos. Ficou sério quando a filha lembrou-o de que há tempos ele não aparecia para ver o neto e o convidou para almoçar.

Ele relutou bastante: sabia que iria gostar muito de estar com o neto. Mas não podia, naquele dia, sair da empresa. Quem sabe no próximo final de semana?

Chegou à empresa e mal cumprimentou as pessoas. A agenda estava lotada, e era muito importante começar logo a atender seus compromissos, pois tinha plena convicção de que pessoas de valor não desperdiçam seu tempo com conversa fiada.

Na hora do almoço, pediu à secretária para trazer um sanduíche e um refrigerante diet. O colesterol estava alto, precisava fazer um check-up, mas isso ficaria para o mês seguinte. Começou a comer enquanto lia alguns papéis que usaria na reunião da tarde. Nem observou que tipo de lanche estava mastigando.

Enquanto relacionava os telefonemas que deveria dar, sentiu um pouco de tontura, a vista embaçou. Lembrou-se do médico advertindo-o, alguns dias antes, quando tivera os mesmos sintomas, de que estava na hora de fazer um check-up.

Mas ele logo concluiu que era um mal estar passageiro, que seria resolvido com um café forte, sem açúcar. Terminado o "almoço", escovou os dentes e voltou ao trabalho. "a vida continua", pensou.

Saiu para uma reunião já meio atrasado. Não esperou o elevador. Desceu as escadas pulando os degraus de dois em dois. Entrou no carro, deu a partida e, quando ia engatar a marcha, sentiu de novo o mal estar e agora com uma dor forte no peito.

O ar começou a faltar... A dor foi aumentando... O carro desapareceu... Os outros carros também... Os pilares, as paredes, a porta, a claridade da rua, as luzes do teto, tudo foi sumindo diante de seus olhos, ao mesmo tempo que surgiam cenas de um filme que ele conhecia bem.

A esposa, o netinho, a filha e, uma após outra, todas as pessoas de que mais gostava. Por que mesmo não tinha ido almoçar com a filha e o neto? O que a esposa tinha dito à porta de casa quando ele estava saindo, hoje de manhã?

A dor no peito persistia, mas agora outra dor começava a perturbá-lo: a do arrependimento. Ele não conseguia distinguir qual era a mais forte: a da coronária entupida ou a de sua alma rasgando.

Escutou o barulho de alguma coisa quebrando dentro de seu coração, e de seus olhos escorreram lágrimas silenciosas... Queria viver, queria ter mais uma chance, queria voltar para casa e beijar a esposa, abraçar a filha, brincar com o neto...

Queria... Queria... Mas não havia mais tempo.

"Aquele era seu último dia de vida, mas ele ainda não sabia disso."

Minuto Poético