Fiquei impressionado com a informação trazida pelo espírito Manoel Philomeno de Miranda no livro "Tormentos da Obsessão", psicografado por Divaldo Pereira Franco.
No segundo capítulo, relata que Eurípedes Barsanulfo dirigiu a construção de um nosocômio, devido ao grande desequilíbrio com que espíritas chegavam ao Plano Espiritual. Alguns eram médiuns, formando legiões de alienados mentais, agredindo-se mutuamente... outros era espíritas que corromperam a palavra de que se fizeram instrumentos... outros mercadejaram dons espirituais, tombando sob o vampirismo... centenas de outros espíritas desesperados preferiram os jogos dos prazeres, mesmo tendo conhecido as diretrizes para a felicidade... e tantos mais, rigorosos na pregação do perdão e negligentes com o exercício da afabilidade, sendo incapazes de perdoar.
Diante dessa exposição brilhante de Philomeno de Miranda, percebi de imediato o quanto somos vítimas do ditado:
"De ilusão também se vive". Quantos espíritas modernos são, na verdade, antigos religiosos que a pretexto de difundirem a Doutrina, perderam-se no excesso de rigor, mais na defesa do orgulho do que dos ideais espíritas?
São os velhos líderes religiosos da Idade Média, que, tentando se redimir dos erros, transferem para as Casas Espíritas um rigor moldado no personalismo em detrimento da fraternidade...
São bispos e cardeais reencarnados que, deslumbrados com a Doutrina, ofuscam-se com sua luz, não enxergando além de sua própria sombra. Cegos, promovem uma justiça predatória, voltada mais para a defesa de seus interesses do que prol da Doutrina.. São ex-mandatários de seitas dogmáticas que, hoje, confusos, impõem seus conhecimentos em desrespeito ao livre-arbítrio.
Espíritas que atravessaram o século XX como líderes, cujo personalismo e individualidade são marcantes, voltam-se contra a própria casa que os educaram confundindo vingança com justiça. Penso em cada um desses consumidores de ilusão.. Quão grande será sua decepção ao despertar da morte?! Sem dúvida, para cada um deles, estará reservado um leito no Sanatório Esperança, descrito no livro "Tormentos da Obsessão".
Hoje, a grande ilusão do espírita é o fato de que ele sendo geralmente um bom professor é um péssimo aprendiz. Pobre o semeador que prepara o campo e não sabe usar a colheita. Quando discutindo, sente-se no direito de ofender, justificando-se com as verdades que prega, como se essa verdade não lhe dissesse respeito! Evangeliza o próximo, mas não consegue evangelizar-se! Agride a sensibilidade do próximo com palavras duras, a pretexto de dizer a verdade! Triste e decepcionante será o seu despertar, ao perceber o bem que fez aos outros e o mal que fez para si próprio.
É hora de iniciar o processo inverso: Usar para si o que prega para os outros, caso contrário, caro companheiro de Doutrina, um lugar reservado no "Sanatório" estará esperando para um longo período de recuperação e a preparação para uma nova encarnação. Só não podemos prever se esse espírito terá a dádiva de se educar novamente pela Doutrina Espírita, porque o mínimo que cabe ao aprendiz é a "disposição de mudar".
Kardec nos momentos mais difíceis de ataques e críticas escreveu: "Quando me sobrevinha uma decepção ou contrariedade qualquer, eu me elevava pelo pensamento acima da humanidade, e me colocava antecipadamente, na regiãos dos Espíritos; desse modo, desse ponto culminante, as misérias da vida deslizavam sobre mim sem me atingirem. Tão habitual tomara esse modo de proceder que os gritos dos maus jamais me atingiram".
O que estamos esperando?
Avildo Fioravanti.
Jornal O Semeador,
dezembro de 2.003.