segunda-feira, 9 de abril de 2012

O OBSESSOR E NOSSA MANIA DE TRANSFERIR RESPONSABILIDADE ANTE AOS PROBLEMAS

Não é nenhuma novidade nosso hábito de jogar a responsabilidade de nossos problemas sobre os outros. É sempre mais fácil fugir dos problemas do que enfrentá-lo. 

Temos um comportamento entranhado que se reflete nos grupos sociais e nas religiões que criamos.

As imagens dos diabinhos tentadores influenciando os pecados dos seres humanos é uma imagem que mudou de figura, mas não sai do imaginário popular. 
É fácil constatar que o movimento espírita, nas pessoas que o compõem, não se liberou desse vício comportamental.
Deixamos para lá a figura infernal, com chifres e tridentes, mas elegemos o obsessor como atual bode expiatório. 

Basta que soframos para acusar os espíritos por nossos problemas. Caindo sempre no mesmo desculpismo que nos retarda a senda evolutiva. 
A culpa é sempre dos outros.

Nunca nos damos conta de que são nossos hábitos inapropriados, nossos pensamentos invigilantes que nos colocam em sintonia com nossos iguais. 
Não precisamos de influência espiritual alguma para ser complicados e infelizes. 
Apesar de existir essa influência ela tem se tornado uma desculpa, outra razão para postergarmos indefinidademente a tão necessária tranformação moral. A tal que falamos tanto e nunca fazemos.

Vejam a situação dos grupos espíritas, os dedos que se erguem para apontar e recriminar com total falta de caridade companheiros de ideal. 
Não é difícil ouvir alguém levantar a suspeita com relação aos processos obsessivos por que passam médiuns e grupos de estudo, sempre lançando ao vento critícas em cochichos mal disfarçados. Lembramos sempre dos pobres obsessores espirituais, mas quase sempre esquecemos dos invigilantes obsessores encarnados sentados entre nós.

Por incrivível que possa parecer somos os maiores obsessores de nós mesmos e daqueles que conosco convivem. 

Lembremos que os espíritos se aproximam de nós por sintonia. 

Entretanto, a literatura espírita de baixa qualidade está repleta de tramas obsessivas espetaculares que nos colocam em guarda uns com os outros, buscando em cada sinal uma evidência do processo obsessivo por que passa determinado médium ou agrupamento. 

Será que esqueceram que a principal razão da existência da Doutrina Espírita é a mudança de comportamento? 

Jesus já tratava disso e sem compreendê-lo as pessoas em torno dele criaram uma religião, comercial e interesseira. 

A caça as bruxas não ficou na idade média e segue sendo estimulada no imaginário das pessoas através de textos e palavras mal colocadas.

É preciso muito tempo livre para se ocupar com picuinhas e questões de pouca importância. 
Somente o desocupado tem tempo para acusar seu irmão por ter defeitos que ele mesmo possui. 

Ao invés de nos revoltarmos sejamos gratos aqueles que o fazem, pois se for realidade teremos descoberto por onde devemos começar a mudar nosso comportamento, enquanto alguns companheiros de jornada seguirão com a velha praxe de fechar os olhos para os próprios defeitos e delegarão todas as responsabilidades aos outros (desencarnados e encarnados).

Lembremos que a paciência é uma virtude que precisa ser sempre exercitada e que cada criatura tem seu próprio ritmo de progresso e compreensão.

Panorama espírita – Rafael de Figueiredo

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