Não podemos deixar passar em branco o problema do criminoso nato relativamente à reencarnação. Sabemos que o progresso espiritual não é, exclusivamente, uma função de ordem biológica, pois o Espírito tem o seu livre arbítrio e sua caminhada própria.
O homem, neste nosso plano, ainda sofre as influências de seu estado de humor e influências emocionais, mas não podemos ignorar a precedência do Elemento Espiritual nas relações da Personalidade. Os antigos já diziam, com segurança, que Espírito comanda a matéria.
Assim, tendo o homem o instinto assassino, concluímos que o seu próprio Espírito que já traz o aludido instinto. Sabemos que o instinto procede do Espírito e não da matéria. Podemos dizer que o instinto criminoso é relativo à inferioridade do Espírito. As desarmonias glandulares e as condições sociais favorecem à manifestação do instinto, mas não constituem a causa das más inclinações. A má inclinação é inerente ao Espírito. As disposições anatômicas são apenas os meios pelos quais o Espírito exterioriza os seus pendores. Sabemos que a nossa consciência é um patrimônio de ordem espiritual. A manifestação da consciência não depende do corpo somático.
A simples manifestação da nossa consciência já prova a emancipação do nosso Espírito. A lógica mais elementar, por certo, leva-nos a admitir que o Espírito é anterior à formação do corpo. Assim, ao reencarnar, o Espírito traz consigo, formando a sua personalidade, os princípios do bem e do mal, dependendo do seu grau de evolução.
O sonambulismo oferece elementos comprobatórios da independência entre o corpo somático e o Espírito. Assim, além da hereditariedade biológica, também existe a hereditariedade do próprio Espírito. Ao assumir o corpo físico, o Espírito já traz, de reencarnações pretéritas, o seu próprio instinto. Se o indivíduo já nasce com o instinto do crime, então, perante a Doutrina Espírita, temos que admitir a tese do criminoso nato.
Neste aspecto, a Educação tem um valor importantíssima Através de processos educativos que tocam o campo da reforma íntima, podemos guiar estes nossos irmãos, com tendências criminosas, ao caminho do bem. A filosofia espírita fundamenta-se no princípio reencarnacionista para justificar a assertiva do criminoso nato. É o Espírito, ao reencarnar, que já traz o germe do bem ou do mal.
Perante o Espiritismo, a personalidade humana participa, ao mesmo tempo, de três ordens de fatores: biológicos, ambientais e espirituais. Podemos dizer, ainda mais, que se, por um lado, o comportamento humano está sujeito ao determinismo ambiente e de organização biológica, por outro lado, a personalidade exterioriza reações e tendências inerentes a peculiaridades próprias do Espírito, mais identificadas com a existência anterior do que propriamente com as solicitações ou imposições da existência atual.
Nosso plano, como sustenta Allan Kardec, é um vasto cenário de provas e expiações. Aqui, deparamos com irmãos de todos os níveis, infelizmente, mais agressivos do que fraternos. Então, meus amigos, temos que ser bons equilibristas para não cairmos do arame da nossa evolução.
Domério de Oliveira
Jornal Espírita - abril/04
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