Por que alguém que estuda, que pratica e sempre comparece às reuniões Espíritas, pode acabar caindo na vaidade, na arrogância de achar que é superior às outras pessoas? Como isso poderia acontecer, se ela estuda todos os preceitos do espiritualismo?
O conhecimento das verdades espirituais por si só não basta.
Jesus nos ensinou: “Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu espírito; este o maior e o primeiro mandamento. E aqui tendes o segundo, semelhante a esse: Amarás o teu próximo, como a ti mesmo. – Toda a lei e os profetas se acham contidos nesses dois mandamentos.”
Veja que o ensinamento é simples, mas praticá-lo em sua essência é um grande desafio para toda a humanidade. Independente da religião, todos fomos criados e destinados a um mesmo fim: a perfeição moral. E esta se dará somente através da vivência prática destes ensinamentos sublimes. Mas tal perfeição, segundo a visão espírita, não é alcançada em apenas uma existência. Ela só é alcançada através das reencarnações sucessivas, através das quais os homens se aperfeiçoam mediante existências distintas recheadas de provas que os ajudam a lapidar o seu caráter. Num entremeado de bem aventuranças e sofrimentos, o homem, vivendo múltiplas vidas, tem diversas chances de se tornar melhor e mais próximo de cumprir em sua plenitude os mandamentos que o Mestre Jesus nos ensinou.
Portanto, não é o fato de ser espírita e de estudar a Doutrina que fará com que a pessoa se torne melhor. O progresso espiritual não advém simplesmente do conhecimento adquirido, mas sim da prática do amor e da caridade em todas as inúmeras oportunidades que a vida nos apresenta para isso. Seja no seio da família, no trabalho, entre amigos ou com inimigos.
Paulo de Tarso sintetizou esta verdade de uma forma muito simples e direta: “Fora da caridade, não há salvação”.
A Doutrina Espírita traz esclarecimentos adicionais ao Evangelho, elucida questões sobre a vida após a vida, enfatiza a importância da transformação moral, mas nada do que ela ensina é maior do que o direito e o dever que todos nós temos de cumprir os mandamentos divinos revelados pelo Mestre.
Allan Kardec, por esta mesma razão, nos alertou com muita sabedoria, que o Espírita não é melhor do que ninguém. É um ser humano comum que se esforça, muitas vezes com grande dificuldade, para superar suas imperfeições. Disse Kardec: “Reconhece-se o verdadeiro espírita pela sua transformação moral e pelos esforços que emprega para domar suas inclinações más.”
Assim, quando observares alguém que se diz espírita, não o julgue se é espírita com base nos seus erros humanos; atente sobretudo se há nele esforço sincero e abnegado de ser uma pessoa um pouquinho melhor a cada dia. O mesmo vale para o católico, o protestante, o muçulmano…
Espírita é, no fundo, um rótulo que não deveria ser exclusivo de uns poucos. Afinal, quando a ciência comprovar e divulgar a existência (e sobrevivência) do espírito do homem, as verdades espirituais valerão para todos. E aí perceberemos que cada um se encontra em um estágio de adiantamento moral.
Seja qual for a religião praticada hoje na Terra, em todas elas veremos pessoas mais ou menos adiantadas moralmente, o que, no fundo, nada tem a ver com a prática religiosa atual, e sim com o conjunto de experiências acumuladas ao longo de suas múltiplas existências regeneradoras.
Tenhamos, então, paciência e compreensão com os menos adiantados independente da fé que professem, pois a natureza não dá saltos.
Um Caminho.com
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