quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

A IDENTIDADE JAMAIS REVELADA DO ESPÍRITO DE VERDADE

A primeira manifestação ostensiva do Espírito de Verdade ao professor Hippolyte Léon Denizard Rivail ocorreu em sua casa no dia 25/3/1856 através de pancadas.
Eis como ele mesmo transcreveu em "Obras Póstumas" o diálogo que então se verificou:

"– Ouvistes o fato que acabo de narrar. Podereis dizer-me a causa dessas pancadas que se fizeram ouvir com tanta insistência?
– Era o teu Espírito familiar.
– Com que fim vinha ele bater assim?
– Queria comunicar-se contigo.
– Podereis dizer-me o que queria ele?
– Podes perguntar a ele mesmo, porque está aqui.
– Meu Espírito familiar, quem quer que sejais, agradeço-vos terdes vindo visitar-me. Quereis ter a bondade de dizer-me quem sois?
– Para ti chamar-me-ei Verdade, e todos os meses, durante um quarto de hora, estarei aqui à tua disposição.
– Ontem, quando batestes, enquanto eu trabalhava, tínheis alguma coisa de particular a dizer-me?
– O que eu tinha a dizer-te era sobre o trabalho que fazias. O que escrevias me desagradava e eu queria fazer-te parar.
– A vossa desaprovação versava sobre o capítulo que eu escrevia, ou sobre o conjunto do trabalho?
– Sobre o capítulo de ontem: faço-te juiz dele. Torna a lê-lo esta noite e reconhecerás os erros e os corrigirás.
– Eu mesmo não estava muito satisfeito com esse capítulo e o refiz hoje. Está melhor?
– Está melhor, mas não muito bom. Lê da 3a à trigésima linha e reconhecerás um grave erro.
– Rasguei o que tinha feito ontem.
– Não importa. Essa inutilização não impede que subsista o erro. Relê e verás."

Espírito Verdade ou Espírito de Verdade?
No tocante ao pseudônimo que o Espírito de Verdade preferiu utilizar por ocasião da codificação do Espiritismo, Jorge Rizzini segue a opinião da maioria, que prefere grafá-lo “Espírito de Verdade”, diferentemente de Canuto Abreu, que lhe chamava simplesmente “Espírito Verdade”, omitindo a preposição “de”.
É bom lembrar que Kardec também usava a forma preferida por Rizzini: L´Esprit de Vérité, como podemos ver na edição francesa de 1866 d´O Evangelho segundo o Espiritismo, tanto no prefácio como no cap. VI.
Escreveu então Jorge Rizzini
“Preferimos a tradição evangélica: ´Espírito de Verdade´. Além da tradição histórica, acrescentemos este fato decisivo: em uma das mensagens em língua francesa dirigidas a Allan Kardec o pseudônimo da Entidade crística aparece com a preposição, ou seja, Espírito de Verdade, de conformidade com o Novo Testamento”.

Espírito de Verdade é o nome de uma falange?
O Espírito de Verdade não é uma plêiade, uma falange, uma reunião de Espíritos superiores, mas uma individualidade espiritual, o que pôde ser comprovado quando Jobard e Sanson, então de-sencarnados, afirmaram tê-lo visto no recinto da Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas. Aliás, reportando-se a esse Espírito, Kardec escreveu: “A qualificação de Espírito de Verdade não pertence senão a um só, e pode ser considerada como um nome próprio. Está especificada no Evangelho. Aliás, esse Espírito se comunica raramente e apenas em circunstâncias especiais” (Revista Espírita de 1866, pág. 221).
Rizzini não aceita a idéia, que vez por outra ouvimos no meio espírita, de que o Espírito de Verdade seja uma falange, uma plêiade, uma reunião de Espíritos.
Eis o que ele escreveu
“O insigne Espírito de Verdade é uma individualidade! Lembremo-nos de que em sua primeira mensagem (psicografada em 1856 em Paris pelas irmãs Baudin) a Entidade afirmou, dirigindo-se a Allan Kardec:
“ – Para ti, eu me chamarei A VERDADE...”
Note-se que a Entidade não escreveu: Nós e, sim, conforme se lê em Obras Póstumas: Eu me chamarei A VERDADE.
Outra prova da sua individualidade está no fato de que seu pseudônimo aparece nos prolegômenos de O Livro dos Espíritos entre os nomes de Sócrates, Platão, Fénelon, Santo Agostinho, Erasto etc.

Jesus e o Espírito de Verdade são a mesma pessoa?
Kardec jamais entendeu ou deu a entender que esse Espírito fosse o próprio Jesus, um equívoco que tem sido repetido por autores e palestrantes espíritas, sem nenhum fundamento. Para os que duvidam do que ora dizemos convidamos a que leiam o comentário que Kardec fez a propósito da comunicação atribuída a Jesus, inserta no item IX do cap. XXXI d´O Livro dos Médiuns.
O Espírito de Verdade não é Jesus, mas um Espírito familiar de Allan Kardec. Como sabemos, a expressão “Espírito familiar” está definida com clareza na obra da codificação, que nos ensina, na questão 514 do Livros dos Espíritos, que o Espírito familiar é alguém da família espiritual, é “o amigo da casa”.
Com respeito à idéia de que o Espírito de Verdade seja o próprio Cristo, Jorge Rizzini é categórico Não. Se fosse, jamais teria dito aos apóstolos:

 "... eu rogarei ao Pai e Ele vos enviará outro Consolador, para que fique eternamente convosco: o Espírito de Verdade.”

Os que pensam de forma contrária apóiam-se principalmente na semelhança de linguagem que se nota entre algumas comunicações assinadas pelo Espírito de Verdade e as palavras de Jesus constantes do Evangelho.
Esclarece então Jorge Rizzini:
“A semelhança de personalidade, e até de linguagem (uma é reflexo de outra), explica-se pelo fato de que a evolução de ambos pode apresentar o mesmo nível ou quase o mesmo. Recordemos que Jesus não disse que enviaria o Espírito de Verdade; o que o Mestre disse, e com ênfase, é que rogaria a Deus e o Pai, então, enviaria o Espírito de Verdade à Terra. O Espírito de Verdade foi um ilustre filósofo da Antiguidade. E, por ser puro, é que o insigne Espírito foi porta-voz do Cristo ao trazer para nosso planeta o Espiritismo...”
O Espírito de Verdade foi um filósofo na Antiguidade, cujo verdadeiro nome terreno ele não quis declinar, provavelmente porque sua divulgação não traria à obra em curso nenhum proveito. Lembremos também que o Codificador, ao assinar suas obras espíritas, ocultou seu verdadeiro nome, entendendo que usá-lo não traria vantagem ao trabalho e poderia mesmo prejudicá-lo. Essa informação encontra-se em uma obra de Kardec publicada em 1858 e que o Codificador jamais reeditou.Refiro-me ao livro Instruções Práticas sobre as Manifestações Espíritas.

MARCELO BORELA DE OLIVEIRA
De Londrina
F.E.André Luiz

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