(Capítulo 9, item 10.Evangelho Segundo Espiritismo)
Em primeiro lugar, é necessário conceituar que vícios são dependências vigorosas e profundas de uma pessoa que se encontra sob o controle de outras ou de determinadas coisas.
Portanto, deve ser considerado como vício não apenas o consumo de tóxicos e de outros produtos de origem natural ou sintética. O conceito é mais amplo. Analisando-o em profundidade, podemos interpretá-lo como atitude mental que nos leva compulsoriamente à subjugação a pessoas e situações.
Muitos de nós aprendemos a ser dependentes desde cedo, dirigidos por adultos superprotetores que nos imprimiram “clichês psíquicos” de repressão, que se refletem até hoje como mensagens bloqueadoras dentro de nós e que não nos deixam desenvolver o “senso de autonomia” e de independência.
Outros ainda, por terem sofrido experiências conflitantes em outras encarnações, em contato com criaturas desequilibradas e em clima de inconstância e desarmonia, são predispostos a renascer hoje com maior identificação com a instabilidade emocional.
Vícios
Dessa forma, entendemos que os fatores que propiciam os vícios e as compulsões ocorrem em ambientes familiares-sociais desarmônicos, desta ou de outras encarnações, onde deixamos as pressões, traumas, coações, desajustes e conflitos se enraizarem em nossa “zona mental” ou “perispiritual”, porquanto os vícios não passam de efeitos externos de nossos conflitos internos.O vício do álcool, sexo, nicotina, jogos diversos ou drogas farmacológicas são formas amenizadoras que compensam, momentaneamente, áreas frágeis de nossa alma desestruturada.
Aliviam as carências, as ansiedades, os desajustes, as tensões psicológicas e reduzem os impulsos energéticos que produzem as insatisfações e o chamado “mal-estar interior”.
Pode parecer que as opções vício-dependência disfarcem ou abrandem a “pressão torturante”, porém o desconforto permanece imutável.
Há manias ou vícios comportamentais tão graves e sérios que nos levam a ser tratados e considerados como pessoas de difícil convivência, isto é, inconvenientes:
— Vício de falar descontroladamente, sem raciocinar, desconectando-nos do equilíbrio e do bom senso.
— Vício de mentir constantemente para nós mesmos e para os outros, por não querermos tomar contato com a realidade.
— Vício de nos lamentarmos sistematicamente, colocando-nos como vítima em face da vida, para continuarmos recebendo a atenção dos outros.
— Vício de nos acharmos sempre certos, para podermos suprir a enorme insegurança que existe em nós.
— Vício incontido de gastar desnecessariamente, sem utilidade, a fim de adiarmos decisões importantes em nossa vida.
— Vício de criticar e mal julgar as pessoas, para nos sentirmos maiores e melhores que elas.
— Vício de trabalhar descontroladamente, sem interrupção, para nos distrairmos interiormente, evitando desse modo os conflitos que não temos coragem de enfrentar.
Quaisquer que sejam, contudo, os motivos e a origem de nossos “velhos hábitos”, urge estabelecermos pontos fundamentais, a fim de que comecemos indagando “por que somos” dependentes emocionalmente e “qual é a forma” de nos relacionarmos com essa dependência.
Aqui estão alguns itens a ser também observados e que provavelmente nos ajudarão a ser mais independentes, além de capazes de satisfazer nossos desejos e vocações naturais.
Ao mesmo tempo, nos permitirão estar junto a pessoas e situações sem tomarnos parcial ou totalmente dependentes delas:
— Aguçar nossa capacidade de decidir, de optar e de escolher cada vez mais livre das opiniões alheias.
— Combater nossa tendência de ser “bonzinhos”, ou melhor, de desejar ser sempre agradáveis aos outros, mesmo pagando o preço de nos desagradar.
— Estimular nossa habilidade de dizer “não”, quantas vezes forem necessárias, desenvolvendo assim nosso “senso de autonomia”, a fim de não cair nos “modismos” ou “pressões grupais”.
— Estabelecer no ambiente familiar um clima de respeito e liberdade, eliminando relações de superdependência “simbióticas”, para que possamos ser nós mesmos e deixemos os outros ser eles mesmos.
— Criar padrões de comportamentos positivos, pois comportamentos são hábitos, e nossos hábitos determinam a facilidade de aceitarmos ou não as circunstâncias da vida.
— Conscientizar-nos de que somos seres humanos livres por natureza, mas também responsáveis por nossos atos e pensamentos, pois recebemos por herança natural o livre-arbítrio.
— Cultivar constantemente o autoconhecimento:
- reforçando nossa visão nos traços de nossa personalidade que já conhecemos;
- buscando nossos traços interiores, que ainda nos são desconhecidos;
- analisando as opiniões de outras pessoas que, ao contrário de nós, já conhecemos nosso perfil psicológico;
- aceitando plenamente nosso lado “inadequado”, sem jamais escondê-lo de nós mesmos e dos outros, tentando, porém, equilibrá-lo.
Meditemos, pois, sobre essas ponderações que, com certeza, nos ajudarão a libertar-nos dessas “necessidades constrangedoras”, cujas verdadeiras matrizes se encontram na intimidade de nós mesmos.
Fonte:
Renovando Atitudes
Francisco do Espírito Santo
Espírito Hammed
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