segunda-feira, 2 de agosto de 2010

PAI ALCOÓLATRA

1 - Meu pai é alcoólatra. Afundou no vício, perdeu o emprego e o respeito por si mesmo. Estamos numa situação difícil por sua culpa. Já estivemos em boa situação. Sobrevivemos com o esforço de dois irmãos mais velhos. Por mim o expulsávamos de casa...
E se ele tivesse câncer? Certamente você se compadeceria, procuraria cercá-lo de cuidados.

2 - Ele não tem câncer. É apenas um fraco que se deixou dominar pela bebida. Não merece compaixão.
Engano seu. Saiba que o alcoolismo é classificado pela medicina como doença grave, problemática, incurável e de difícil controle.

3 - Ainda que seja uma doença, não consigo aceitar que um homem forte e decidido como ele tenha se deixado dominar tão intensamente, a ponto de destruir sua vida e complicar a nossa.
Jesus ensinava que não devemos julgar. Você não sabe de suas limitações, de seus problemas íntimos, nem das forças espirituais que o assediam.

4 - Está querendo situá-lo como vítima?
Todo viciado é uma vítima de si mesmo, de suas tendências, em principio. Vítima depois dos condicionamentos e de tenebrosas influências espirituais.

5 - Não consigo evitar a revolta quando lembro que passamos por privações, vivemos uma existência difícil porque ele torrou todo o patrimônio da família com suas bebedeiras e loucuras decorrentes delas.
Ninguém passa por provações imerecidas. Vocês não estariam vinculados a seu pai sem razão ponderável. Cuidado com a revolta. Quando a alimentamos a vida fica intolerável.

6 - Tudo seria diferente se ele tivesse juízo.
Seria diferente se você não o desprezasse. Se tentasse aceitá-lo como alguém que precisa de você, de sua mãe e irmãos.

7 - Como vamos dar-lhe o carinho que nunca recebemos, a ajuda que sempre nos negou, o apoio que nunca se colocou em condições de nos oferecer?
Exatamente isso: não teve condições. Segundo Jesus nos ensina não podemos exigir das pessoas mais do que podem dar, que nos ofereçam o que não possuem. Seu pai é um doente que precisa disso tudo e se você e seus familiares não estão dispostos a ampará-lo, deixam passar excelente oportunidade de vivenciar os ensinamentos cristãos.

8 - O que poderemos fazer em seu beneficio?
Sob o ponto de vista médico e psicológico, procurem orientação. Há várias organizações governamentais e filantrópicas que atendem a problemas de alcoolismo. No Centro Espírita há tratamentos espirituais, trabalhos de desobsessão. Mas, sobretudo, não o marginalizem. Tentem fazê-lo sentir que tem uma família empenhada em ajudá-lo. No fundo, ainda que aparentemente não se importe, é o que ele mais precisa, é o que mais deseja.

Não Pise na Bola
Richard Simonetti

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