Se você não desejava o filho ou se sentia ainda despreparado (ou despreparada) para tê-lo, por não ter condições psicológicas e materiais satisfatórias, então deveria ter pensado nisso antes, não depois que ele está a caminho.
Não assuma, perante o filho que está para nascer, uma atitude hostil, negativa, de rejeição ou de desamor e indiferença. Se foi iniciado o processo da gestação, sejam quais forem as condições, alguma razão existe para que aquele espírito tenha se aproximado para acoplar-se ao corpo físico em formação no ventre de sua futura mãe. O mais provável é que se trate de alguém anteriormente ligado a ela ou ao pai, ou, ainda mais certo, a ambos.
Trata-se de um ser vivo que tem uma tarefa a cumprir junto deles. A gestação de um corpo físico pode resultar de uma aventura irresponsável, mas o espírito que nele veio habitar não resulta de mero jogo de imponderáveis e acasos — é uma criatura humana preexistente, que se prepara para mais um estágio na carne. Não o despache de volta, não comece a agredi-lo com pensamentos negativos de rejeição e desamor, não o hostilize. Você já não está bastante adulto e fisicamente amadurecido para gerá-lo? Pois, então, deve ser psicologicamente amadurecido para assumir, nem que seja sozinho ou sozinha, as consequências do impulso inicial.
Vamos repetir aqui — e o faremos até a exaustão — o fato irrecusável de que a criança é um ser humano, com direitos, obrigações, responsabilidades e planos, como você, eu, ou quem quer que seja. Não pense você que, por ser um mero feto, com poucas semanas ou meses de existência no ventre da mãe, “aquilo” seja apenas “uma coisa” viva. Nada disso, é uma pessoa, tão gente quanto você.
Dificilmente você saberá, com suficiente precisão, de quem se trata e quais as vinculações anteriores que os unem. Pode ser, contudo, algum amigo muito querido de outras eras, que vem para testemunhar-lhe seu amor, para ajudá-lo na difícil tarefa de viver, para fazer-lhe companhia, quando chegarem os cinzentos anos de solidão e velhice, ou até para ser o suporte material de sua vida.
É certo que poderá também ser o adversário de outrora, que conserva ainda rancores e desafeições pelo que, obviamente, você lhe causou. Vem, contudo, para que possam ajustar-se na conciliação, para que se perdoem mutuamente e tenham condições de seguir, dali em diante, em paz, como amigos fraternos, ou, pelo menos, não mais como adversários.
Seja qual for a situação, não é por acaso que aquele espírito se aproxima de você, em busca da oportunidade do renascimento. Seja qual for a condição, cabe aos pais assumirem a responsabilidade daquilo que, de forma deliberada ou inconseqüente, provocaram, isto é, o início de um processo de gestação.
Nossos filhos são Espíritos
Hermínio C.Miranda
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