sexta-feira, 12 de agosto de 2011

A CARNE É FRACA QUANDO O ESPÍRITO É FRACO

Nas chamadas tragédias do cotidiano, ouvimos muitas vezes, por parte daqueles que fraquejam, a afirmação de que se perderam porque "a carne é fraca."

O livro O Céu e o Inferno, de Allan Kardec, capítulo VII: As penas futuras segundo o Espiritismo, esclarece que a carne só é fraca porque o Espírito é fraco, pois quando destituída de pensamento e vontade, a carne não pode prevalecer sobre o Espírito, que é o ser pensante e de vontade própria.

Há tendências viciosas que são evidentemente próprias do Espírito, porque se apegam mais ao moral do que ao físico; outras, parecem antes dependentes do organismo e, por esse motivo, menos responsáveis são julgados os que as possuem: consideram-se como tais as disposições à cólera, à preguiça, à sensualidade, etc..

É primorosa esta afirmação de O Céu e o Inferno: O Espírito é, deste modo, o artista do próprio corpo, por ele talhado, por assim dizer, à feição das suas necessidades e à manifestação das suas tendências.

Compreende-se a responsabilidade dos pais e educadores, na formação moral e educacional dos Espíritos a eles confiados. Estamos em meio a Espíritos de evoluções diferentes, e por isso, de tendências e disposições instintivas diferentes.

Neste sentido, diz O Céu e o Inferno: A responsabilidade moral dos atos da vida fica, portanto, intacta; mas a razão nos diz que as consequências dessa responsabilidade devem ser proporcionais ao desenvolvimento intelectual do Espírito.
Assim, quanto mais esclarecido for este, menos desculpável se toma, uma vez que com a inteligência e o senso moral nascem as noções do bem e do mal, do justo e do injusto.

Deus nos dotou do livre-arbítrio.
Como explicam os Espíritos em resposta à questão 843 de O Livro dos Espíritos, sem o livre-arbítrio, o homem seria uma máquina, pois se tem a liberdade de pensar, é compreensível que tenha a liberdade de agir.

Compreende-se que o determinismo é próprio dos seres irracionais. Se tomarmos como exemplo um animal predador, ele, para se alimentar, fatalmente devorará a sua presa. Não há como o animal deixar de fazê-lo, por pena ou piedade do animal que vai ser devorado.
Já com o homem, tudo é diferente. Frente a qualquer situação, podemos mudar o rumo dos acontecimentos, conforme as decisões que tomarmos.
Reencarnamos com uma programação de vida, conforme os erros e acertos do passado. Podemos cumprir ou não essa programação, conforme entrarmos pela porta larga, ou pela porta estreita. Não somos escravos do destino, pois assim, seríamos como robôs, programáveis no Plano Espiritual, como se programa uma máquina.

Estamos num mundo de expiações e provas.
No poema Piedade, recebido mediunicamente por Jorge Rizzini, Castro Alves (Espírito) implora:

Senhor Deus dos desgraçados, Olhai este pobre mundo, Que grita pelo universo, Em sofrimento profundo! Nele vivem moços, velhos, Que não lêem os Evangelhos, Nem se recordam de vós! E, numa contínua guerra Fizeram da pobre Terra, Sombrio mundo feroz!
O progresso é uma lei geral.
Para que os Espíritos encarnados no nosso mundo o alcancem, Deus deixou o bem e o mal entregues ao livre-arbítrio de cada um, para que o homem sofresse as dores dos seus erros e os prazeres de seus acertos. A cada um segundo as suas obras. Se não fosse assim, a vida não teria sentido.

O capítulo V - Bem-aventurados os aflitos, de O Evangelho Segundo o Espiritismo, explica que a felicidade completa não é deste mundo. Mais existem, além, moradas mais favorecidas, em que o Espírito do homem, ainda prisioneiro de um corpo material, desfruta em sua plenitude as alegrias inerentes à vida humana. Foi por isso que Deus semeou, no vosso turbilhão, esses belos planetas superiores, para os quais os vossos esforços e as vossas tendências vos farão um dia gravitar, quando estiverdes suficientemente purificados e aperfeiçoados.

François-Nicolas-Madeleine (Cardeal Morlot, Paris, 1863), que assina a comunicação, nos estimula:

Que nesta reunião solene, todos os vossos corações se voltem para esse alvo grandioso, de preparar para as futuras gerações um mundo em que a felicidade não seja mais uma palavra vã. 

Considerando-se que um século na Terra corresponde a minutos na eternidade, um dia, que não está tão distante na passagem dos séculos, chegaremos lá.

O Semeador - agosto/06




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