"Cair é próprio dos que caminham; refocilar na lama é próprio dos que se animalizam". Emmanuel
Esse ensinamento nos leva a uma série de considerações de ordem prática.
Por exemplo: a queda deve ser encarada como lição no nosso caminho evolutivo, desde que não nos habituemos a andar permanentemente no charco em que caímos.
Essa não-conformação deve traduzir-se em trabalho, esforço pessoal; nunca em revolta.
Se cairmos e nos revoltarmos, estaremos fatalmente "refocilando na lama" e, consequentemente, nos animalizando.
Não é vergonha nenhuma a gente cair; vergonhoso é chafurdar na lama.
Aquele que permanece sempre parado não cai.
Mas, também, não vai para a frente; não aprende nada.
Não estamos, com isto, convidando à imprudência, à execução de atos precipitados.
O imprudente e o afoito podem, muitas vezes, estar também em busca da lama em que refocilar.
Se a vida nos exige esforço e persistência, pede-nos também raciocínio e responsabilidade.
Um amigo meu, vendedor de grande indústria da Capital, há poucos dias relatou-me fato que se passou com ele. Foi chamado por um de seus grandes clientes que, após lhe apresentar uma série de reclamações infundadas, comunicou-lhe que não compraria mais nada de sua firma.
É evidente que foi um choque muito grande, principalmente por serem infundadas as críticas.
Essa foi a queda. Não teria ocorrido se esse indivíduo não tivesse trabalhado um grande número de clientes importantes, entre os quais se incluía o que agora se desligava.
Contudo, o vendedor não se revoltou. Não chafurdou na lama.
Usando-se expressão vulgar, ele realmente estava "lá embaixo". Mas não ficou remoendo o acontecido. Ou, como muitos dizem, "esperando a volta para dar o troco". Fora, sim, injustiçado. Mas, raciocinava, isto é próprio dos que têm realizações. Ninguém cometerá injustiças contra quem não tem nada a apresentar de serviço. Assim, partiu para a conquista de outro cliente, que preenchesse a falta do desistente. E continuou amigo desse último.
Passados alguns dias, teve a grata surpresa: um telefonema do cliente, chamando-o para uma entrevista.
Lá chegando, teve a informação de que houvera um mal-entendido e que os negócios seriam imediatamente reatados.
Isso é próprio de nosso dia-a-dia. Quantas vezes somos mal-interpretados e, até, caluniados. Se entrarmos na faixa vibratória dos mal-entendidos, jamais conseguiremos nos explicar. Ou nos entender. É preciso nos mantermos fora; deixar que os maledicentes não nos arrastem aos planos animalizados onde chafurdam.
Se nos fizerem cair, não é preciso que comamos o mesmo lodo de que se nutrem.
A flor que floresce no charco, alimenta-se também de luz e oxigênio. Ela aspira a planos mais altos.
Valentim Lorenzetti
Comunidade Espírita.
Nenhum comentário:
Postar um comentário