Em julho de 1984, estivemos na cidade Paranaense de Paranavaí, num roteiro de palestras elaborado por nosso exclusivo e mais querido empresário no norte do Estado: Hugo Gonçalves de Cambé.
Ficamos fidalgamente hospedados no lar do estimado Juca (José de Oliveira) e dele ouvimos, em sua prosa sincera e fluente, diversos casos de sua vida, relacionados; direta ou colateralmente, com a Doutrina Espírita.
Juca sempre trabalhou no campo, na pecuária, em contato com os rebanhos.
Bem prestativo, era muito solicitado para os casos de enfermidades dos roceiros e, como fosse portador de um bom magnetismo, embora sem que o soubesse, atendia a todos, dentro dos limites de seus conhecimentos.
Era o "benzedor" dos doentes que o procuravam constantemente.
Havia - revelou-nos o bom Juca - uma reza-diálogo inevitável para qualquer caso e que os pacientes repetiam com ele, no ritual de atendimento, sendo que o nosso Juca empunhava, na mão direita, uma grande agulha e, na esquerda, uma linha grossa:
- Que é que eu costuro?
- Carne quebrada, nervo torto, osso rendido e veia rebentada.
O diálogo era repetido três vezes.
Disse-nos o querido confrade que os resultados até que eram, geralmente, satisfatórios.
Diga-se, a bem da verdade, que todo esse atendimento Juca o fazia graciosamente.
Com o tempo, explicou-nos o Juca, a agulha e a linha foram dispensadas e a reza-diálogo se transformara num monólogo por ele pronunciado:
- Eu te costuro, com os poderes de Deus, de Nosso Senhor Jesus Cristo, de Maria Santíssima e dos Mensageiros do Espaço.
Era o remédio para qualquer tipo de problema que lhe fosse apresentado.
Para "quebranto" havia uma reza especial:
- Com os poderes de Deus, de Jesus Cristo, de nossa mãe Maria Santíssima, dos Mensageiros do Espaço e da senhora Santa Elia, sentada na pedra fria, benzo este "quebranto", mau-olhado e ventre-virado e rezo três vezes a Ave-Maria.
Curava, apenas com o seu magnetismo, bicheira bovina, colocando três folhas no rastro do animal.
Hoje, nosso prestativo Juca sorri das façanhas que realizava outrora, agradecido por ter encontrado, em boa hora, a Doutrina Espírita, que o confortou e esclareceu a respeito das curas e rituais.
Os rituais e as benzeduras, disse-nos nosso Juca, pertencem agora às brumas do passado.
Com os conhecimentos que obteve no estudo do Espiritismo, continuou o bom irmão, sei que as curas são vinculadas ao merecimento e que nem tudo quanto pretendemos curar pode ser obtido.
Conforme afirma Léon Denis, "os males que desejaríamos afastar de nós são, muitas vezes, a condição necessária ao nosso progresso" (Depois da Morte).
Mais do que as curas materiais, o Espiritismo esclarece e orienta as criaturas quanto aos problemas de suas vidas, fazendo-as entender que o presente se vincula às vidas do passado, como decorrência da infinita justiça de Deus, agindo através da Lei de Causa e Efeito.
A verdadeira força do Espiritismo não está nas suas manifestações fenomênicas, nem nas curas materiais que possam ser obtidas, mas "na sua filosofia, no apelo que dirige à razão, ao bom senso" (O Livro dos Espíritos, Conclusão - VI)
José Jorge
(Artigo retirado da Revista Estudos Espíritas
Fevereiro de 1999 - Edições Léon Denis)
Fevereiro de 1999 - Edições Léon Denis)
Nenhum comentário:
Postar um comentário