terça-feira, 1 de março de 2011

FENÔMENO MEDIÚNICO

Uma leitora perguntou-me na semana passada que podemos responder a alguém que, valendo-se dos textos bíblicos, contesta a existência dos fenômenos mediúnicos.

Penso, antes de qualquer coisa, que este tipo de discussão acaba não levando a nada, porque os que se apegam ao texto literal da Bíblia têm geralmente uma idéia cristalizada sobre o assunto e não devemos incomodá-los, lembrando a célebre advertência de Kardec, que dizia que o Espiritismo não veio para os que têm religião, mas para os que não professam nenhuma ou consideram insuficiente aquela que seguem.

O caso tomaria outra feição se alguém, querendo entender o ponto de vista dos espíritas acerca do fenômeno espírita, perguntasse onde encontramos na Bíblia a sanção do nosso entendimento.

Poderíamos então lembrar a esse suposto consulente que, como ensinava Léon Denis, o profetismo em Israel, de Moisés a Jesus, foi um dos fenômenos transcendentais mais notáveis da História.

A origem do profetismo ali foi assinalada por imponente manifestação relatada pelo Antigo Testamento.

Moisés escolhera 70 anciãos e, quando os colocou ao redor do tabernáculo, Jeová, um dos protetores espirituais do povo judeu, revelou sua presença em uma nuvem.
Moisés era, como ninguém ignora, médium vidente e auditivo, e foi graças a tais faculdades que ele pôde ver e ouvir Jeová na sarça do Horeb e no monte Sinai.
Os fenômenos mediúnicos em sua vida foram, por causa disso, numerosos e expressivos.
O condutor dos hebreus ouvia vozes quando se inclinava diante do propiciatório da arca da aliança e recebeu no Sinai, escritas na lápide, as tábuas da lei.
Magnetizador poderoso, fulminou com uma descarga fluídica os hebreus revoltados no deserto.
Médium inspirado, entoou um maravilhoso cântico logo após a derrota de Faraó e, de quebra, revelou um gênero especial de mediunidade – a transfiguração luminosa – quando, ao descer do Sinai, trazia na fronte uma auréola de luz, passando a usar daí por diante um véu quando se dirigia às pessoas.

Samuel, outro profeta judeu, quando dormia no templo, foi diversas vezes despertado por vozes que o chamavam, falavam-lhe no silêncio da noite e anunciavam-lhe as coisas futuras.

Esdras reconstituiu integralmente a Bíblia que se havia perdido, com o auxílio de um Espírito.

Todo o livro de está repleto de elucidações e inspirações mediúnicas e sua própria vida, atormentada por Espíritos infelizes, é um assunto que merece estudos acurados.

A culminância da fenomenologia mediúnica nos tempos mais recuados ocorreu, porém, com o advento de Jesus.
A passagem do Mestre pela Terra revela, a cada hora, intercâmbio constante com o Plano Superior, seja em colóquios com os emissários de alta estirpe, seja na conversa com os aflitos desencarnados, no socorro aos obsessos do caminho, como também na equipe de companheiros, aos quais se apresentou em pessoa, depois da morte.

E os próprios discípulos conviveriam com o fenômeno mediúnico, especialmente a partir dos extraordinários acontecimentos registrados no dia de Pentecostes comemorado algumas semanas depois da Páscoa da ressurreição.

Diz Emmanuel que naquele dia, como registrou o livro de Atos (cap. 2, versículos 1 a 13), os apóstolos que se mantiveram leais ao Senhor converteram-se em médiuns notáveis, ocasião em que, associadas as suas forças, os emissários espirituais de Jesus produziram, por meio deles, fenômenos físicos em grande quantidade, como sinais luminosos e vozes diretas, além de fatos de psicofonia e xenoglossia, em que os ensinamentos do Evangelho foram ditados em várias línguas, simultaneamente, para os israelitas de procedências diversas.

ASTOLFO O. DE OLIVEIRA FILHO
Jornal Imortal

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