quarta-feira, 2 de março de 2011

DEUS TEM PREFERÊNCIA?

Como explicar tantas diferenças entre os seres humanos? E não são apenas diferenças morais, intelectuais, de habilidades, dificuldades, saúde ou oportunidades. Vejamos o que ocorre com as tragédias todas que tem sacudido o planeta com as chuvas intensas, furacões, terremotos, tsunamis, naufrágios, guerras, epidemias e a violência tão comum da sociedade.

Se adentrarmos, então, na avaliação individual, como explicar a situação favorável para uns e completamente desfavorável para outros. Uns enfermos a vida toda, outros travados na cama, outros absolutamente saudáveis; outros ricos ao lado de outros sem o mínimo para sobreviver com dignidade.

Alguns poucos gênios convivendo com criaturas em extrema dificuldade de aprendizado. A maioria sem oportunidades, alguns com todas as facilidades e portas abertas para tudo. Mas não é só. Se considerarmos ainda as vítimas das tragédias acima citadas, enquanto outros não são atingidos, ficamos a pensar:
Deus tem preferência por uns em detrimento de outros?
Não! Absolutamente, isso é inconcebível.

E as crianças que nascem com doenças terminais, sem cérebro, ao lado de outras saudáveis, bem amparadas, contrastando com a orfandade, o abandono, e tudo mais que o leitor já conhece e nem é preciso relacionar. O que é isso?

Deus ama os filhos e nos criou todos para o progresso, a felicidade. Todavia, é impossível num curto espaço de 80 anos, em média, para construir uma vida moral saudável e mesmo a felicidade, ou o progresso intelectual que a evolução desafia a cada dia.
Por isso, somos alunos de uma única vida em diferentes existências. Isso é a reencarnação, a oportunidade renovada.
O que não fizemos agora, faremos mais tarde. O que negligenciamos fazer hoje, teremos que fazer amanhã.

As lesões que causamos ao próximo e a nós mesmos ontem, estamos reparando hoje, por exigência consciencial.
Por consequência, o bem que fazemos hoje nos trará felicidade amanhã. Ela é um mecanismo justo porque traz a cada um o resultado de suas ações, nos aprendizados, provas e reparações para com a própria consciência e à própria vida.
Somos o que fizermos de nós. Daí as diferenças em todos os sentidos. Os que se esforçam, alcançam mais, os que negligenciam, colhe tais frutos.

O sofrimento, em qualquer área, contudo, não significa reparação, mas pode ser necessidade de aprendizados. Embora ninguém esteja abandonado ou esquecido, mas todos teremos que nos esforçar para progredir. Isso é Lei!

Já sabemos: a cada um segundo suas próprias obras. Note-se a base no Evangelho, que aliás é da essência do Espiritismo. É da lei, por um princípio de justiça, que colhamos o que fizemos ou estejamos vivendo circunstâncias ou situações que nos tragam aprendizados que necessitamos. Seria absolutamente injusto que uma vida decidisse o futuro em definitivo. E para os que não tiveram oportunidade? Seria um privilégio? Como conciliar isso?

A reencarnação, ou a pluralidade das existências, está, pois, baseada num critério de justiça. Não há preferências ou privilégios, somos os artífices da felicidade ou do sofrimento de nós mesmos, individual e coletivamente considerado. E tem bases no Evangelho. E, por outro lado, não é invenção, nem exclusividade do Espiritismo. É lei natural que embasa o conhecimento espírita e com origens na própria história humana. Sócrates já a ensinava.

Para compreender isso devidamente e mesmo falar sobre o tema, é preciso estudá-lo em sua profundidade. Não podemos emitir opinião do que não conhecemos devidamente. Para falar, debater ou criticar qualquer tema é preciso antes aprofundar conhecimentos. Não podemos falar do que não sabemos, sob risco do ridículo e do desrespeito à liberdade de expressão, crença, opção e opinião de qualquer indivíduo ou grupo social.


*Orson Peter Carrara é consultor editorial, escritor e palestrante.

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