terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

UM OLHAR AMOROSO SOBRE O MAL DO OUTRO

O olhar moral enviesado sobre o mundo pode nos afastar da visão de totalidade e da percepção do significado espiritual pleno da vida.
Nem sempre nosso estado de espírito permite-nos a percepção desejada quando observamos as atitudes humanas.
Quando nos detemos na análise, por exemplo, de um vício de alguém e o fazemos numa perspectiva moralista, vendo-o como um mal em si, desconectado da totalidade existencial do indivíduo, poderemos atingir somente a superficialidade do problema.
Devemos lembrar que o ser humano é individual e coletivo ao mesmo tempo, isto é, ele age por seu livre arbítrio e motivação própria, mas também pelas influências que recebe, sejam de seu meio ambiente ou pelas interferências espirituais.
Suas ações não decorrem apenas do momento atual, tampouco apenas de seu passado reencarnatório.
Tudo se conecta, passado, presente e expectativas futuras para que um comportamento tão complexo como um vício se instale.
Nossa visão não se deve limitar a estabelecer o que é bem e o que é mal e a partir daí determinar qual o tratamento para o mal.
Os limites ao ser humano são necessários, mas não se devem constituir numa prisão que o impeça de avançar no conhecimento de si mesmo e na sua ascensão espiritual.
Aqueles que se constituem em intérpretes das claridades do Evangelho devem buscar evitar se transformarem em profetas do apocalipse para que não lhe embace a luminosidade que deve conduzir o ser humano à felicidade.
As advertências são válidas e preciosas, visto que alertam aos menos avisados quanto às conseqüências de seus equívocos, porém são igualmente necessárias propostas de aplicabilidade na vida material e em suas rotinas para que não se preguem atitudes exequíveis apenas num mundo imaginário ou que se situe no além.
O vício, o erro ou mesmo alguma atitude inadequada, devem ser considerados como parte de um contexto psíquico maior do que sua ocorrência. O combate a eles não se deve limitar a advertências punitivas, mas também se estender a levar o indivíduo à reflexão sobre os motivos que levaram a que se instalassem em sua personalidade; que ele identifique o sistema de valores que o leva a classificar suas atitudes como erro.
Portanto, aquele que tem luz suficiente para iluminar os equívocos alheios deve possuí-la para apontar caminhos exequíveis com o fim de transformá-los em virtudes a partir de seu próprio exemplo.


Evangelho e Família
Adenáuer Novaes

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