Contrariamente ao que muitos pensam, o Espiritismo não nega o purgatório; antes, pelo contrário, demonstra sua necessidade e justiça, e vai mesmo além: ele o define.
O purgatório seria o próprio planeta, onde expiamos os erros do passado e nos depuramos, graças às existências sucessivas que o Criador nos concede.
Quanto ao inferno
Ensina o Espiritismo que ele não tem existência real.
O inferno não é um lugar, mas, sim, um estado de espírito, expressão utilizada anos atrás pelo papa João Paulo II.
Com efeito, o inferno foi descrito como uma imensa fornalha, mas seria também assim compreendido pela alta teologia?
Evidentemente que não. Ela sabe e o diz muito bem que isto é uma simples figura, que o fogo que ali seconsome é um fogo moral, símbolo das dores mais intensas e cruciantes.
Podemos dizer o mesmo com relação à eternidade das penas.
Se fosse possível pôr-se essa questão a votos, para se conhecer a opinião íntima de todos os homens que raciocinam e se acham no caso de compreendê-la, mesmo entre os mais religiosos, verse-ia para que lado pende a maioria, porque a ideia de uma eternidade de suplícios é a negação da infinita misericórdia de Deus e não tem suporte nos ensinamentos do Cristo.
Jesus disse
Jesus valeu-se, é verdade, das figuras do inferno e do fogo eterno, mas o fez para pôr-se ao alcance da compreensão dos homens de sua época. As imagens fortes que utilizou eram, então, necessárias para impressionar a imaginação de indivíduos que pouco entendiam das coisas espirituais e cuja realidade estava mais próxima da matéria e dos fenômenos que lhes impressionavam os sentidos físicos.
Mas também foi ele quem enfatizou a ideia de que Deus é Pai misericordioso e bom e afirmou que, das ovelhas que o Pai lhe confiou, nenhuma se perderia.
Ensina a Doutrina Espírita a tal respeito:
A duração do castigo é subordinada ao melhoramento do Espírito culpado. Nenhuma condenação por tempo determinado é pronunciada contra ele. O que Deus exige, para pôr um fim aos sofrimentos, é o arrependimento, a expiação e a reparação; em uma palavra, um melhoramento sério e efetivo, uma volta sincera ao bem. O Espírito é, assim, o árbitro de sua própria sorte; sua pertinácia no mal prolonga-lhe os sofrimentos; seus esforços para fazer o bem os minoram ou abreviam.
O consolador - Jornal Imortal
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