quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

OBSESSÃO - À CUSTA DAS PRÓPRIAS LÁGRIMAS

- Bondoso Lupércio - reclamava Eulália ao mentor espiritual numa reunião mediúnica - por que essa doença insidiosa que prende meu filho ao leito há mais de cinco anos?

- É o seu carma, uma expiação programada pela Justiça Divina.

- Não seria mais fácil pagar seus débitos desfrutando da plenitude de movimentos, participando dos serviços assistenciais do Centro?

- O problema é que, envolvido num processo de fascinação, ele, além de comprometer-se no crime, desenvolveu tendências viciosas que fatalmente ressurgirão se experimentar liberdade de locomoção. A prisão no leito é um precioso recurso educativo em seu benefício.

- E quanto ao obsessor? Não responde pela influência nefasta que exerceu sobre ele?

- Sem dúvida. Um escritor famoso afirmou numa de suas obras que somos responsáveis por aqueles que cativamos (Saint-Exupery em "O Pequeno Príncipe"). De certa forma os obsessores cativam suas vítimas, na medida em que se seduzem com suas sugestões, levando-as às iniciativas que desejam. São co-responsáveis, portanto, em seus desatinos.

- Se assim acontece, não seria justo que o obsessor estivesse junto de meu filho, com o compromisso de ajudá-lo?

- É o que vem fazendo, com intensa dedicação.

- Poderíamos evocá-lo nesta reunião?

- Impossível.

- Não está por perto?

- Está entre nós.

- Por que, então, a impossibilidade?

- O obsessor é você.

Tivéssemos o dom de conhecer o passado e identificaríamos com espantosa freqüência os fascínios de ontem em dolosas experiências de hoje.

Enfrentam problemas mentais, limitações físicas, carências e dificuldades, relacionados com a semeadura de males que efetuaram a partir do momento em que vivenciaram as fantasias sugeridas pelos obsessores.

Estes, por sua vez, também submetidos às sanções divinas, ressurgem na Terra não raro na condição de angustiados enfermeiros de suas ex-vítimas.

Aprendem todos, à custa das próprias lágrimas, uma lição fundamental:

A faculdade de discernir - a razão - e a faculdade de escolher - o livre-arbítrio - que outorgam ao Homem a condição de filho de Deus, dotado de suas potencialidades criadoras, implicam necessariamente a observância plena dos princípios de Justiça e Amor que regem o Universo.

Situam-se ambos como ideais a serem alcançados.
Ideais que jamais serão negados impunemente.
Ideais que, representando a vontade de Deus, significam, acima de tudo, o melhor para nós.


Richard Simonetti

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