Continuação da Postagem anterior:
Na vida de todo ser humano ocorrem certos fenômenos psíquicos que precisam ser administrados com equilíbrio visando a própria felicidade. São inevitáveis e se constituem em formadores dos alicerces da personalidade. Trazem em si lições embutidas
5. Desilusão e desencanto com pessoas e com o mundo.
Isso decorre das exigências que mentalmente fazemos em relação ao comportamento das pessoas.
Essas exigências muitas vezes decorrem da contaminação que nos permitimos submeter ao aceitar a imagem que o outro passa de si mesmo como se fosse sua real natureza.
Devemos entender que cada ser humano tem o direito de mostrar o melhor de si, e nós, o dever de compreender que sua totalidade não aparece naquele momento.
Desiludir-se ou desencantar-se é necessário em face da ilusão e do encanto que nós mesmos criamos. A felicidade deve superar os encantos e as ilusões criadas pelo ego que não transcende a realidade material.
As pessoas não são obrigadas a corresponder à imagem que dela fazemos ou que aceitamos formar em nossa mente.
As pessoas são iguais a nós mesmos.
Para que a felicidade não seja arranhada pelos desencantos e pelas desilusões, aprenda a esperar tudo de qualquer pessoa. Todo ser humano, por mais ajudado que possa ter sido por você, é capaz de qualquer ato contra você.
Espere o melhor do ser humano e saiba receber a parte negativa da sombra dele projetada em você. Saiba com naturalidade entender a ingratidão e a raiva do outro contra você, mesmo que você seja seu benfeitor.
Do ser humano espere tudo e lhe dê amor.
A felicidade é também saber receber o que vier e devolver o amor. O que você recebe é fruto do que você plantou em alguma época.
Não pense que seus feitos, por melhores que sejam, irão colocá-lo em regime de exceção. Os bons atos que praticamos não garantem isoladamente a gratidão das pessoas.
Cada um devolve à Vida o que estiver lhe incomodando. Precisamos aprender a buscar a felicidade sem exigir dos outros qualquer benesse para nós.
6. Descoberta real da morte antes dela ocorrer.
Todos nós enfrentamos esse sentimento de mortalidade, de perda ou sensação de que iremos desaparecer.
É uma sensação que exige muito da mente, a qual tende a afastá-la depressa.
Não se sustenta um pensamento desse por muito tempo. Recorremos à integridade do ego que se exige imortalidade e, por isso, teme a morte. É preciso que enfrentemos tal sentimento ou descoberta, conscientes de que se trata de um fato irreversível.
A morte virá nos convidar a transpor os desafios da matéria a fim de alcançarmos a plena imortalidade. O desapego e a consciência da imortalidade nos farão encarar a morte como uma passagem ou um portal que nos leva à dimensão espiritual. A felicidade é alcançada no grau em que aceitamos a mortalidade do corpo sem que isso nos deixe preocupados ou tensos diante de sua iminência.
O fenômeno da morte é rejeitado pela consciência em face de sua necessidade de manter-se acesa, direcionando energia psíquica para coisas e fatos externos. A morte significa devolver a energia psíquica para o inconsciente, o obscuro e desconhecido território da psiquê. Isso não é admitido com facilidade pela consciência.
O hábito de mergulharmos no inconsciente, seja através da análise dos sonhos, pelas portas da meditação, pela imaginação ou por outros processos, nos permite aos poucos encarar a morte com mais tranquilidade.
A felicidade que desejamos se torna mais acessível na razão que conseguimos entrar em contato com o mundo subjetivo e espiritual no qual vive a psiquê.
7. Necessidade de liderar algum grupo.
Ter algum tipo de responsabilidade sobre alguém é uma experiência a que todos nos submetemos, seja na família, no trabalho ou em alguma atividade de lazer. Até mesmo na própria religião que professamos somos convidados a instruir alguém, a orientar outra pessoa que se encontre em sofrimento ou na escuridão sem fé.
Esse tipo de experiência nos permite perceber a noção de responsabilidade com outrem. O sentido de conduzir ou de participar do destino de alguém significa entrar em contato inconsciente com o deus que habita em nós.
Exercemos nesse momento a paternidade divina latente em nosso psiquismo. No momento em que estivermos naquele exercício devemos cuidar para, não só aprender a orientar, como também a passar o melhor de nós aos outros.
8. Desejo de ter conhecimento superior sobre algum tema, demonstrando sabedoria sobre determinado assunto.
Todos enfrentamos a necessidade de demonstrar sabedoria diante de alguém no intuito inconsciente de compensar seu próprio complexo de inferioridade. Nem sempre é possível refrear o impulso de demonstrar saber mais que alguém, principalmente quando esse alguém pretende fazer o mesmo. Aquela necessidade deve ser preenchida com o desejo sincero de realmente ter sabedoria.
Isso deve impulsionar-nos a ir ininterruptamente na busca do saber. Mesmo quando alcançamos o saber que buscávamos, devemos ter a noção correta do que fazer com ele a fim de não nos tornarmos soberbos e vaidosos, o que irá demonstrar exatamente o contrário, isto é, a falta de sabedoria.
Diante do impulso é preciso colocar em mente a nossa real ignorância sobre a Vida e sobre o outro, para que saibamos aprender com qualquer evento no qual estejamos envolvidos.
Embora esses eventos sejam inevitáveis, pode-se perfeitamente antevê-los e prevenir para que se aproveite ao máximo possível sua ocorrência.
Nenhum de nós alcançará a ciência perfeita de todos os eventos do Universo, mas certamente poderemos nos preparar para que, quando atravessarmos o inevitável, o façamos com alegria, entusiasmo e felicidade.
Felicidade sem culpa
Adenáuer Novaes
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