quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

DO AMOR SENSUAL AO AMOR ESPIRITUAL



O amor é um tema tão importante para a vida humana que aparece em praticamente todo tipo de manifestação artística, cultural, religiosa ou científica.
A psicologia procura entendê-lo, explicá-lo, considera seus aspectos psicossomáticos e no entanto, influenciada pelo materialismo, vai pouco além da superfície.
A dificuldade pode estar no fato de se confundir sensação com sentimento, paixão com amor. 
As emoções, os sentimentos, são atributos exclusivos do ser imortal.
O corpo físico não os possui. É fácil concluir, portanto, que não se pode “fazer amor”; se faz sexo.
A mente se nutre dos próprios pensamentos, como o corpo de carne se nutre da matéria do mundo que o constitui.
O Espírito , de forma semelhante, se nutre de emoções, de sentimentos, cujos efeitos perduram por longo tempo.
Os sentimentos felizes contribuem para a saúde espiritual, mental e física da criatura.
Entretanto, é importante compreender que o amor é uma expressão geral para o conjunto de virtudes e não constitui uma virtude à parte. É uma conquista lenta e gradual na proporção em que o Espírito avança na acumulação de experiências, de virtudes, que no seu conjunto passarão a refletir a posição evolutiva daquele ser.

Amor-Síntese
A solidariedade, o altruísmo, a preocupação com o bem-estar do próximo enfim, são formas já avançadas de amor. Somente seres da estatura espiritual de um Jesus são capazes do amor-síntese, reflexo de seu grande avanço no campo do conhecimento e da moral.
Considerando a posição evolutiva média dos homens terrenos, esse amor-síntese ainda é uma meta a ser atingida. Ainda lutamos muito para sair do nosso egoísmo, da excessiva preocupação com nossos próprios interesses, e para a aquisição de virtudes básicas como a humildade e a caridade.
O amor civiliza o Ser
Freud, considerado o pai da psicanálise, escreveu que “no desenvolvimento da humanidade como um todo, tal como em indivíduos, somente o amor age como fator civilizador no sentido de que ele traz uma mudança do egoísmo para o altruísmo”.
Realmente, é por causa do amor em sua expressão mais elevada que certas pessoas se doam por completo a ideais, muitas vezes sacrificando a própria felicidade e existência.

Amor e Paixão
Na realidade, o amor verdadeiro é calmo, pleno em si mesmo, gratificante; não é possessivo nem limitador.
Paixão, um tipo de amor que surge tão rapidamente como se esvai. Muitas vezes há mais desejo sexual, que é uma vontade de contato físico.
O desejo sexual normal, no dizer dos especialistas, é puramente o desejo de ter contato com o corpo da outra pessoa e do prazer que esse contato produz.
As atividades que têm esse objetivo, por exemplo, beijar, abraçar e acariciar sob certas condições, são qualificadas de sexuais.
 Joanna de Ângelis, no livro Sexo e Reprodução, volta à questão do amor, onde ela nos alerta que:
“Assim considerando, embora as vinculações entre o amor e o sexo, o amor verdadeiro e real está acima das manifestações sexuais, como atributo da misericórdia divina, na sinfonia das belezas com que a vida se expressa”.
Amor e suas formas
Entre o amor mais primitivo da fêmea que cuida de seus filhotes, atendendo aos impulsos de reprodução unicamente na época certa, por ocasião do cio, e o amor-síntese a que aludimos anteriormente, há uma infinidade de nuances e posições intermediárias.
Deveremos conhecê-las para compreendê-las, e assim evoluir mais rapidamente sem nos determos em concepções equivocadas ditadas pelos interesses e conveniências da época.
Entendamos que o amor sensual, embora lícito, é a base da escala, e que o amor espiritual a meta a ser atingida.
Um amor que abarque a tudo e a todos indistintamente. Ainda é muito para nós, é certo, mas chegaremos lá algum dia, pois estamos todos destinados a isso.

ADOLESCENTE, MAS DE PASSAGEM
(Um ensaio espírita sobre a adolescência e a juventude)
Paulo R. Santos

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