quinta-feira, 4 de novembro de 2010

NINGUÉM MORRE ANTES DA HORA?

Algumas das pessoas que me escreveram, discordam de nossa posição, e afirmam que existe sim uma hora pré-determinada para a morte de cada um, pois afinal de contas "...nada acontece sem a vontade de Nosso Pai que está nos Céus...".

Uma pessoa, também colocando isso, baseou-se ainda na mensagem psicofônica de um jovem recém-desencarnado, que afirmou: "... assim como temos nossa certidão de nascimento, no dia e hora determinado por Deus, temos nossa hora de partir...".

Essas afirmações são verdadeiras sim, desde que devidamente contextualizadas.

Nada acontece sem que a Vontade Divina o queira, pois o Criador estabeleceu as Leis Universais, perfeitas e justas, e tudo ocorre de acordo com essas Leis.

E as Leis são tão perfeitas que Deus nada mais precisa fazer para que elas se concretizem. Sua vontade já está manifesta na Lei. E uma das Leis Divinas é a que nos dá o Livre Arbítrio.

Quanto a termos "...nossa hora de partir..." , isso é fundamentalmente uma verdade pois, obrigatoriamente, temos que partir do corpo físico (morte ou desencarnação), e isso está estabelecido desde o momento que reencarnamos (nascemos), pois a única certeza de que temos, é que enfrentaremos "a hora da morte". Mas em nenhum momento isso significa que temos uma hora ou "a hora" (dia, local, forma, etc.) para morrer.

No caso do espírito comunicante que fez a afirmação já citada, este narra, em sua mensagem psicográfica, que na encarnação anterior cometeu suicídio, com um tiro na cabeça. É evidente que esse espírito, nessa ocasião, morreu antes da hora, pois se não fosse assim, teria nascido com a "missão" (predestinação) de suicidar-se, o que seria um absurdo completo; o livre-arbítrio teria deixado de existir.

Temos que refletir sobre o fato, usando a lógica, a razão e o bom-senso que nos recomendou Kardec que, se todas as mortes violentas (e mesmo as "naturais") estiverem programadas, o livre arbítrio não existiria no mundo.

Para exemplificar tomemos um fato real, recente, que foi noticiado nos jornais e na televisão: um rapaz bêbado, dirigindo um veículo, perdeu o controle do mesmo numa curva, subiu na calçada e atropelou 12 estudantes na saída de uma escola, e sete deles morreram.

Você já imaginou que se essas sete crianças que morreram, mais as cinco que ficaram feridas (algumas muito gravemente) "precisassem" passar por isso, que isso lhes estivesse predestinado, numa "programação reencarnatória", que descomunal trabalho de "manipulação" das pessoas e da natureza o plano espiritual teria tido?

Não sou e nem pretendo ser "dono da verdade", mas procuro seguir os postulados de Kardec, e prefiro errar pelo excesso do que pela omissão. Mas sempre utilizando a lógica e a razão.

Lamento apenas o pensamento fatalista e determinista de alguns espíritas.

Se as mortes violentas estivessem realmente programadas, seríamos todos meros "robôs" do destino. Não haveria "culpas" nem "responsabilidades". Os assassinos nasceriam para matar, portanto não seriam culpados, e pelo contrário, seriam instrumentos da "Justiça Divina".

Se mortes violentas e assassinatos ocorressem pela "Vontade Divina" ("....nada acontece sem a vontade de Deus"...), estaríamos diante de um "deus" cruel e vingativo (o do Antigo Testamento).

Recordemos-nos, no entanto, que em O Livro dos Espíritos e no restante das Obras Básicas da Codificação, o que se vê, princípio peremptório, é que o Livre Arbítrio, atributo básico do espírito, é inviolável.

Portanto, nessa "equação" entre o bem, o mal, a vida e a morte, tudo está relacionado e decorrente da utilização de nosso livre arbítrio, onde temos inclusive a possibilidade de mudar a vida, a duração ou até mesmo a época da morte nossa e de outras pessoas. E por isso assumimos responsabilidades.

Infelizmente, muitos espíritas interpretam mal as Obras Básicas, não as estudam adequadamente, em seu conjunto. Não procuram utilizar o bom senso, o raciocínio, a lógica e a razão, como tão bem nos preconizou o mestre Kardec.

Sigamos o que disse o Mestre Jesus: "Conheceis a Verdade, e a Verdade Vos Libertará". E como, analogicamente, complementou Kardec – "...Espíritas, amai-vos e instruí-vos...".

Com humildade e dedicação, busquemos a Verdade. A que nos é possível agora, mas que nos abrirá adiante a porta da felicidade e da Verdade Maior.

Texto:
http://www.carlosparchen.net/

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