Assim se explicam as misérias e vicissitudes que, à primeira vista, parece não terem cabimento e são inteiramente justas, mas são as consequências do passado e servem ao nosso progresso.
Dizem alguns: Não provaria Deus amor às suas criaturas criando-as infalidas, e, portanto, isentas das vicissitudes inerentes à imperfeição?
Seria preciso que criasse seres perfeitos, nada tendo a adquirir em conhecimentos e moralidade.
Certamente, poderia fazê-lo, mas, se não o fez, é que, em sua sabedoria, quis que o progresso fosse a lei geral.
Os homens são imperfeitos, e por isso sujeitos a vicissitudes mais ou menos penosas. É preciso aceitar o fato, desde que existe. Inferir daí que Deus não é bom nem justo, seria uma rebeldia.
Haveria justiça na criação de seres privilegiados, mais ou menos favorecidos, gozando sem trabalho o que outros conseguem com penas ou nunca o conseguirão?
Onde resplandece a sua justiça é na igualdade absoluta que preside à criação de todos os espíritos; todos têm o mesmo ponto de partida e nenhum é mais aquinhoado que outro; nenhum terá, por exceção, maiores facilidades no seu progresso; os que chegaram ao fim passaram, invariavelmente, pelas fases de inferioridade e suas provas.
Nada mais justo, portanto, do que, a liberdade de ação deixada a cada um.
Está aberto a todos o caminho da felicidade; são as mesmas para todos as condições para alcançá-la; a lei está gravada na consciência de todos.
Deus fez da felicidade o prêmio do trabalho e não do favor, para que todos tivessem o seu mérito.
Cada qual é livre de trabalhar ou não fazer nada para seu adiantamento; o que trabalha mais depressa, mais cedo é recompensado; o que se extravia ou perde tempo, retarda-se, e só de si pode queixar-se.
O BEM E O MAL
Apesar dos diferentes gêneros e graus de sofrimento dos espíritos imperfeitos, o código penal da vida futura pode resumir-se nos três princípios seguintes:
- O sofrimento é inerente à imperfeição.
- A imperfeição e a falta consequente trazem o próprio castigo nos seus resultados naturais e inevitáveis; assim, a doença provém dos excessos, o tédio da ociosidade, sem necessidade de condenação especial para cada falta e cada indivíduo.
- Libertando-se o homem de suas imperfeições por vontade própria, evita os males que delas decorrem e pode assegurar a felicidade futura.
Tal é a lei da justiça divina:
"A cada um segundo as suas obras, assim na terra como no céu."
A Filosofia Penal dos Espíritas - Fernando Ortiz 182PENSE - Pensamento Social Espírita
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