sexta-feira, 1 de outubro de 2010

ESPIRITISMO E UMBANDA

ESPIRITISMO NÃO ADOTA NEM CONDENA AS PRÁTICAS EXTERIORES.
O Espiritismo não adota em seu seio o uso de símbolos, ritos, hierarquias religiosas, práticas feitichistas, adorações, cantos folcloricos, porque a sua composição doutrinária cuida precipitualmente de libertar o Espírito de formas transitórias do mundo.
O Espiritismo, como sistema ou doutrina dos Espíritos, firma os seus postulados nas bases principais transmitidas do Além, enquanto a Umbanda, na atualidade, ainda é sincretismo religioso, ritos e costumes religiosos de diversas raças e povos. Mas não se pode censurar o uso de tais apetrechos, cerimônias e costumes primitivos na Umbanda porque trata-se de movimento espiritualista com práticas e princípios diferentes da codificação Espírita Kardecista.

RELIGIOSOS VINCULADOS ÀS PRÁTICAS EXTERIORES ACOMODAM-SE MELHOR NA UMBANDA
Não pretendemos fazer distinções de qualidade espiritual ou doutrinária entre Espiritismo e a Umbanda; porém assinalamos que os crentes de outras religiões acomodam-se mais facilmente nos terreiros, porque ali encontram um sucedâneo para expressar a sua emotividade religiosa.
Os religiosos ainda vinculados à adoração de imagens, a rituais, cânticos, incenso, ladainhas, promessas, velas, santos e outros aparatos do culto exterior, encontram na Umbanda um clima algo familiar, que os acostumam no intercâmbio com os espíritos desencarnados, não sendo difícil mais tarde, a sua adesão fácil aos postulados do Espiritismo codificado por Allan Kardec.
Aprendem, com os pretos-velhos e caboclos, a realidade da doutrina da Reencarnação e da Lei do Carma, que não aprendiam antes nas igrejas e templos religiosos.

FAMILIARIZA-SE COM OS CONCEITOS SEM DAR UM SALTO BRUSCO
Embora o Espiritismo ofereça compensações elevadas no campo da espiritualidade mais pura, é sempre mais difícil a este tipo de religioso abandonar sua igreja com suas imagens, luzes, flores e cânticos. É um salto muito brusco para este tipo de religioso, seria deixar de modo muito súbito tudo que lhe é tão familiar e simpático.
Durante o estágio da Umbanda ele familiariza-se com a técnica das
comunicações, aprende as sutilezas do mundo invisível e confia na proteção dos "caboclos" ou "pretos-velhos", entre santos e rituais que lhe são simpáticos.

ESPIRITISMO E UMBANDA SÃO MUITO DIFERENTES
Não é conveniente confundir ambos os gêneros de trabalho e função do Espiritismo e da Umbanda. O Espiritismo abrange o conjunto de criaturas que já se mostram em condições de ativar o seu progresso espiritual independentemente das formas do mundo; Não tem rituais e nem se preocupa com exterioridades e problemas de ordem exclusivamente material.
A Umbanda, no entanto, é mensagem endereçada aos homens que ainda requerem o ponto de apoio no rito, das imagens, dos símbolos e do fenômeno mediúnico, para focalizar a sua emotividade religiosa.
Mas não importa se o indivíduo é espiritista ou umbandista, porém, interessa a sua conduta e o seu procedimento junto à humanidade! Ninguém vale pela sua crença, mas sim pelas suas obras.
Em matéria de religião de espiritualismo, Umbanda ou Espiritismo, o que mais vale é a bandeira do amor e da caridade, sem preconceitos.

UMBANDA
  • Elemento africano
  • Elemento indígena
  • Elemento oriental
  • Elemento católico
  • Elemento ocultista
  • Elemento espírita

UMBANDA É MEDIUNISMO, MAS NÃO É ESPIRITISMO!
É doutrina que admite a Lei da Reencarnação e o processo de Causa e Efeito do Carma, merecendo também os mais sinceros louvores pelas curas dos enfermos e obsidiados.
Juntamente com as falanges de Espíritos primários ou pagãos, também operam na Umbanda Espíritos de elevada estirpe espiritual, confundidos entre pretos velhos, caboclos, índios ou negros, originários de várias tribos africanas.
Os mentores de Umbanda, no momento, preocupam-se em eliminar as práticas obsoletas, dispersivas e até censuráveis, que ainda exercem os umbandistas alheios aos fundamentos e objetivo espiritual da doutrina.

TRABALHADO DE CONJUNTO NO PLANO ESPIRITUAL
Vejamos o que diz no livro “Aruanda” - (Robson Pinheiro e Angelo Inácio) No capítulo 12 – Libertação:

“Alguns médiuns reencarnam com o psiquismo e a vibração apropriada para os trabalhos de terreiro, enquanto outros são preparados vibratoriamente para o Espiritismo.
Alguns espíritos podem ser atendidos e tratados num centro espírita e outros são encaminhados para uma tenda umbandista.
Muitos espíritos oferecem a possibilidade de serem socorridos através do diálogo fraterno ou terapia espiritual, que despertará suas mentes para as leis da vida, portanto demonstram predisposição para uma sessão espírita.
Mas nem todos são iguais, há aqueles que não tem o perfil psicológico e espiritual necessário. Precisam do impacto anímico-mediúnico dos chamados médiuns de terreiro, com os quais encontram maior afinidade.
Nesse contato intenso com o ectoplasma exsudado pelos médiuns umbandistas, ganham tratamento especializado, que funciona como uma terapia de choque. Existem Espíritos que são de tal maneira violentos e desequilibrados no aspecto comportamental que primeiramente precisam passar por um terreiro de Umbanda.
Experimentarão uma metodologia de despertamento a partir da ação dos caboclos guerreiros, aos quais obedecerão sem questionamento.
Após esse primeiro contato com as energias primárias dos caboclos, que fazem uma verdadeira limpeza energética nos perispíritos das entidades obsessoras, que os deixam menos violentos, modificados em seu interior e até na sua aparência perispiritual, só então são encaminhados para o diálogo num Centro Espírita. Os espíritos atendidos precisam se reeducar moralmente e, para tanto, são encaminhados para a conversa fraterna, numa reunião de desobsessão no Centro Espírita.
Há que se notar, porém, que, caso estes espíritos fossem conduzidos, exatamente como estavam, a uma Casa espírita, talvez os médiuns não atingissem os resultados esperados.
Não se pode classificar este ou aquele método como mais eficaz, mas é necessário aplicar o método de acordo com a necessidade.
Na Umbanda, os processos obsessivos mais violentos são muitas vezes solucionados com a força guerreira dos caboclos. São entidades temidas e respeitadas pelas falanges de espíritos conturbados e marginais do astral inferior. Espíritos violentos e grosseiros, de comportamento profundamente desequilibrado ou dementes espiritualmente, são muitas vezes conduzidos para as puxadas numa casa umbandista, onde são realizados os primeiros atendimentos.
Depois, são encaminhados para a reunião espírita, recebendo o amparo e o esclarecimento, de acordo com sua necessidade de assimilação”.

ATUAÇÃO DA UMBANDA NO PLANO MAIS DENSO
Vejamos o que diz matéria da Revista Cristã de Espiritismo nº 43 página 24 matéria escrita por Norberto Peixoto diz: “A Umbanda tem como tarefa precípua penetrar nas cidadelas do umbral inferior, verdadeiros antros de maldade, magia negra, escravidão, tortura e sofrimento.
Buscam os espíritos imorais que já passaram dos limites possíveis no exercício do seu livre arbítrio individual, em total desrespeito ao do próximo, ao merecimento e carmas grupais, retendo-os e encaminhando-os para esclarecimento nos locais devidos do astral.
Desmanchando essas organizações das sombras, estão contribuindo
decisivamente para a “limpeza” planetária das zonas abissais, auxiliando o divino mestre na evolução da coletividade da Terra”.

UMBANDA ATUA NO PLANO MAIS DENSO E O ESPIRITISMO NO MENOS DENSO
Os trabalhos mediúnicos de Umbanda ajudam a atenuar as violências das entidades cruéis e vingativas que se aglomeram sobre a crosta terráquea.
As equipes de caboclos, índios e pretos velhos experimentados constituem-se na corajosa defensiva, segregando as entidades demasiadamente perversa quem não sabem viver entre as outras criaturas.
O Espiritismo, como a Umbanda, apesar do seu labor mediúnico diferente, ambos cumprem determinações do Alto e tendem para o mesmo objetivo em comum.
Enquanto a Umbanda aperfeiçoa a prática mediúnica no campo da fenomenologia mais densa do astral inferior; O Espiritismo doutrina os homens para a sua libertação definitiva das formas do mundo transitório da carne!
Malgrado a aparência de ambos se contradizerem, a Umbanda ajusta o vaso e o Espiritismo asseia o líquido; a Umbanda aprimora a lâmpada e o Espiritismo apura a chama!

DIFERENÇA ENTRE MÉDIUNS ESPÍRITAS E DE UMBANDA
 Edvaldo Kulcheski

2 comentários:

Anônimo disse...

QUEM ESTÁ CORRETO, QUEM CHAMA A UMBANDA DE PRÁTICAS PRIMITIVAS OU QUEM A ELEVA À "...maturidade e aponta para valores universais."?

EU LI SEU TEXTO. LEIA ESTE:

SOBRE A UMBANDA...
Por Leonardo Boff

Quando atinge grau elevado de complexidade, toda cultura encontra sua expressão artística, literária e espiritual. Mas ao criar uma religião a partir de uma experiência profunda do Mistério do mundo, ela alcança sua maturidade e aponta para valores universais. É o que representa a Umbanda, religião, nascida em Niterói, no Rio de Janeiro, em 1908, bebendo das matrizes da mais genuina brasilidade, feita de europeus, de africanos e de indígenas. Num contexto de desamparo social, com milhares de pessoas desenraizadas, vindas da selva e dos grotões do Brasil profundo, desempregadas, doentes pela insalubridade notória do Rio nos inícios do século XX, irrompeu uma fortíssima experiência espiritual.

O interiorano Zélio Moraes atesta a comunicação da Divindade sob a figura do Caboclo das Sete Encruzilhadas da tradição indígena e do Preto Velho da dos escravos. Essa revelação tem como destinatários primordiais os humildes e destituídos de todo apoio material e espiritual. Ela quer reforçar neles a percepção da profunda igualdade entre todos, homens e mulheres, se propõe potenciar a caridade e o amor fraterno, mitigar as injustiças, consolar os aflitos e reintegrar o ser humano na natureza sob a égide do Evangelho e da figura sagrada do Divino Mestre Jesus.

(...)

Há um diplomata brasileiro, Flávio Perri, que serviu em embaixadas importantes como Paris, Roma, Genebra e Nova York que se deixou encantar pela religião da Umbanda. Com recursos das ciências comparadas das religiões e dos vários métodos hermenêuticos elaborou perspicazes reflexões que levam exatamente este título O Encanto dos Orixás, desvendando- nos a riqueza espiritual da Umbanda. Permeia seu trabalho com poemas próprios de fina percepção espiritual. Ele se inscreve no gênero dos poetas-pensadores e místicos como Alvaro Campos (Fernando Pessoa), Murilo Mendes, T. S. Elliot e o sufi Rumi. Mesmo sob o encanto, seu estilo é contido, sem qualquer exaltação, pois é esse rigor que a natureza do espiritual exige.

Além disso, ajuda a desmontar preconceitos que cercam a Umbanda, por causa de suas origens nos pobres da cultura popular, espontaneamente sincréticos. Que eles tenham produzido significativa espiritualidade e criado uma religião cujos meios de expressão são puros e singelos revela quão profunda e rica é a cultura desses humilhados e ofendidos, nossos irmãos e irmãs. Como se dizia nos primórdios do Cristianismo que, em sua origem também era uma religião de escravos e de marginalizados, “os pobres são nossos mestres, os humildes, nossos doutores”.

Talvez algum leitor/a estranhe que um teólogo como eu diga tudo isso que escrevi. Apenas respondo: um teólogo que não consegue ver Deus para além dos limites de sua religião ou igreja não é um bom teólogo. É antes um erudito de doutrinas. Perde a ocasião de se encontrar com Deus que se comunica por outros caminhos e que fala por diferentes mensageiros, seus verdadeiros anjos. Deus desborda de nossas cabeças e dogmas.


Leonardo Boff

QUE OXALÁ O ILUMINE!

GEEAK disse...

Perfeito! O respeito para com todas as religiões, deveria ser a mensagem principal a ser pregada e seguida por seus praticantes.


Um dia os valores universais estarão acima de qualquer crença ou de rótulos religiosos, os quais muitos se apegam para discutir o que se tem menos importância.


Infelizmente espíritos imperfeitos que somos, nos apegamos a vírgulas ou as palavras, para iniciarmos uma batalha na disputa da verdade.

As nossas atitudes devem ser de aliarmos nossos esforços na conquista da paz universal que tanto precisamos e queremos.

E que Deus ilumine a todos.
Obrigado pela sua contribuição!