Não sabemos se o leitor concorda, mas segundo entendemos, nós os espíritas, devemos utilizar um vocabulário próprio, o mais possível, expressar nossas idéias, opiniões e pareceres espíritas, de tal forma, que não sejam confundidos com outras noções doutrinárias que nada têm a ver conosco.
O que desejamos demonstrar é que o uso correto das expressões espíritas têm um valor extraordinário na divulgação do Espiritismo. Isto nos nasceu, nos albores da nossa vida de espírita, quando uma senhora quis saber se o Espírito dela era bom ou ruim. Estranhei a colocação que a senhora fez, pois de imediato deduzi, claramente, que de Espiritismo pouco ou quase nada entendia. Seu linguajar não deixava dúvidas, pois não temos um espírito, na verdade, nós somos espíritos. Ser e Ter são verbos que tratam de coisas totalmente diferentes, têm acepção própria. Procuramos explicar a tal senhora estes aspectos aqui em foco. Se entendeu, não sabemos. Tal senhora, e todos nós, devemos dizer: eu espírito e não meu espírito; nós espíritos e não nossos espíritos, ela espírito e não o espírito dela.
Até espíritas dizem assim: fulano perdeu a esposa. Ora, em Espiritismo sabemos que não se perde alguém que desencarnou. O verbo perder tem uma conotação pesada, fere quem ouve, e ainda mais, é uma mentira. Por que usá-la? Não irá confundir os iniciantes? Não possuímos quilômetros de caminhada pela estrada espírita? Devemos saber como usar as palavras para definição do que desejamos expressar.
Diz-se como algo normal que “o enterro de fulano foi ontem ou será amanhã”. Nenhum Espírito que está na carne será enterrado, e sim o seu corpo. Por que, então, não se dizer que o corpo de fulano foi enterrado? No enterro do corpo de meu genro, disse para minha neta, na época com uns dez anos de idade, que era o corpo usado pelo pai dela que estava sendo conduzido para ser colocado na sepultura, não o seu pai. Este estava no mundo espiritual. Ela não derramou uma só lágrima durante o sepultamento e não queria jogar flores no túmulo, como é hábito nesses momentos. Obedeceu pela insistência de minha filha que ficara viúva, assim mesmo muito contra gosto. O engraçado, e digno de registro, é que a mídia, quando quer dizer que fulano foi ou vai ser cremado, usam corretamente as expressões, ou seja, dizem que o corpo de fulano será ou foi cremado. Por que não dizem da mesma forma quando ele vai ou foi enterrado? Prestem atenção nesses anúncios e constatarão.
Espíritas invigilantes dizem: fulano deu sorte na vida ou deu azar. Tais palavras inexistem no vocabulário espírita, estão banidas de nosso linguajar. Existe é mérito ou demérito. Não fora assim Deus estaria ajudando uns em detrimento de outros, conseqüentemente sendo injusto. Ele não o é.
Irmãos em Espiritismo dizem que têm orgulho de ser isto ou aquilo, que orgulha-se de seu filho que se encontra nesta ou naquela posição de destaque. Meu Deus, é a exaltação do orgulho! Os Espíritos Orientadores não afirmam que o orgulho deve ser combatido, expurgado e exaltada a humildade? O orgulho não deriva do egoísmo? Orgulho não é o oposto de humildade? Como, então, vamos ter orgulho disto ou daquilo? Jesus não mostrou que bem aventurados são os pobres de espírito, e estes não são os simples, os humildes como se encontra em “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, cap. VII, item 7? No item 8 deste mesmo capítulo encontramos o Espírito Lacordaire afirmar enfaticamente que ”O orgulho é o terrível inimigo da humildade”. Como é que vamos conviver com tal inimigo?
Com estes exemplos de uso incorreto do linguajar espírita, esperamos ter colaborado para sermos melhor entendidos quando falarmos sobre Doutrina Espírita.
ADÉSIO ALVES MACHADO
Escritor, Orador e Radialista
grupo Espírita Renascer
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