Jesus não ensinou nem aprovou as formalidades do templo de Jerusalém, nem submeteu os seus discípulos às exigências pretensiosas do rabinato judeu. Sua lição a respeito se resume na advertência:
"O que se apega à sua vida, perdê-la-á, mas o que a perder por amor de mim, esse a encontrará".
Quem vive debruçado sobre si mesmo, cuidando apenas do seu umbigo, não pode perceber e muito menos compreender a grandeza espiritual que é a sua imperecível herança de filho de Deus.
Essa a razão porque o Espiritismo rejeita a alienação do homem no culto externo, em que os mitos supostamente sagrados servem apenas aos espíritos em fase primária de evolução. A lei de adoração não nos obriga a adorar mitos de qualquer espécie.
É uma lei natural que leva o homem a adorar a Deus em espírito e verdade. O impulso de transcendência que marca a natureza humana não comporta aparatos de cultos, nem sacramentos inventados pelas igrejas para o comércio da simonia. Os vendilhões do templo, condenados pelo Messias, encontraram mil maneiras de continuar na venda de suas ovelhas inocentes. Substituíram os animais sacrificiais por palavras, gestos e cerimônias, evitando complicações fiscais. Transformaram-se em mascates de palavrórios eletrônicos, vendendo palavras vazias como faziam em seu tempo os sofistas gregos que Sócrates desmascarou. Isso mostra que o espiritual caiu num ciclo vicioso, exibindo o refluir do passado na geena de fogo do Vale do Kidron, do lixo acumulado na Porta do Monturo. Estamos queimando os resíduos que impedem o fluxo natural da evolução. Nossa atualidade trágica brota ameaçadora da fermentação do lixo histórico às portas de Jerusalém.
Não é Deus quem nos castiga, mas nós mesmos que nos asfixiamos em nossa incapacidade de compreender, amar e perdoar. Apegados aos interesses terrenos, não conseguimos ainda abrir os olhos, doentes de ganância e violência, para a realidade de nossos próprios impulsos de transcendência.
J. Herculano Pires – Evolução Espiritual do Homem
Um comentário:
Não é Deus quem nos castiga, mas nós mesmos que nos asfixiamos em nossa incapacidade de "COMPREENDER, AMAR E PERDOAR". Apegados aos interesses terrenos, não conseguimos ainda abrir os olhos, doentes de ganância e violência, para a realidade de nossos próprios impulsos de transcendência. Que todos que lerem esta mensagem possam entender que realmente somos os responsáveis por tudo. Só cabe a nós fazermos mudanças, para que numa próxima existência possamos ser melhores, contribuindo assim para um mundo melhor.
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