O saber é a melhor fortuna que o homem pode conquistar. É pela aquisição de conhecimentos que a alma se desenvolve e se prepara para os surtos da vida imortal.
Diz o prolóquio que “o saber não ocupa lugar”. Esta proposição é toda falsa.
Um Espírito sem sabedoria é semelhante a uma casa sem móveis e desabitada; a ninguém oferece comodidade, e em breve vê a sua própria ruína. Ao passo que uma casa bem mobiliada, com todos os requisitos de boa vivenda, bem iluminada, onde não faltam objetos de repouso para o corpo e repouso para o Espírito, se constitui num paraíso por todos desejado.
Assim é a alma: deserta de sabedoria e de virtudes, embora pareça grande é como um desses antigos castelos isolados e temidos, teatro fantasmagórico onde se acendem os “fogos fátuos” da superstição e do fanatismo a denunciar a noite da ignorância que o entenebrece.
Na alma do ignorante, macilenta, abatida, magra, perpassam sombras cruéis, espectros vingadores, visões terríficas!
“O saber ocupa muito lugar”, mas quanto mais sabemos, mais lugar temos para oferecer ao saber, porque a nossa individualidade cresce à medida que cresce em nós os conhecimentos; nossa inteligência se dilata, nosso raciocínio se amplia, nosso sentimento aumenta na razão do nosso aperfeiçoamento, tornando-se as nossas percepções mais nítidas, mais puras, mais espiritualizadas! Por isso o saber precisa entrar no nosso Espírito gradativamente, iluminando nossos passos na vida espiritual, como o Sol que nos acompanha gradualmente desde o nosso nascimento e sob cujos influxos exprimimos os primeiros sorrisos.
A alma não começa no berço, nem termina no tumulo. “O vento sopra onde quer, e não sabemos donde ele vem”. Nasce a criança impulsionada pelo princípio anímico, e também compreendemos que, como o vento, ela vem de longe. É um Espírito que se envolveu na carne, que renasceu na carne, e que vem de remotas eras, formando sua consciência, engrandecendo a sua individualidade, para, um dia, galgar os cimos da vida superior!
Excelsa e admirável Doutrina que não nos compara à matéria bruta!
Por Cairbar Schutel
Em Gênese da Alma
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