O Papel do Médium nas Comunicações
Capítulo 12
Três fatores básicos a observar na comunicação mediúnica: o Espírito, o meio e o médium. Vamos analisar um destes fatores isoladamente, verificando o papel do médium nas comunicações.
O apóstolo Paulo [II Coríntios-4:7] afirma:
"Temos este tesouro em vaso de barro, para que a excelência do poder seja de Deus e não nosso."
Exalta, assim, a responsabilidade e a renúncia com que se deve revestir a tarefa mediúnica.
A mediunidade funciona como um refletor da vida espiritual. Quanto melhores as condições do aparelho, tanto mais fiéis as impressões transmitidas. O oposto, igualmente ocorre, gerando imperfeições e distorções na transmissão da mensagem.
O médium é a fonte receptora que irá transmitir conforme as suas condições e capacidades moral, cultural e emocional.
A fonte transmissora é o Espírito comunicante que projeta as vibrações com limpidez e vai depender do médium a transmissão do seu pensamento.
Segundo estas condições do receptor, teremos a comunicação mediúnica com maior ou menor nitidez e fidelidade.
O médium sempre participa do fenômeno mediúnico e é importante o seu papel no desempenho dessa faculdade.
Em Livro dos Médiuns - cap XIX, Allan Kardec se dedica ao estudo do papel do médium na comunicação.
O Espírito do médium é o filtro do pensamento do Espírito comunicante.
Allan Kardec faz uma comparação do Espírito do médium como sendo o intérprete do Espírito que deseja comunicar, porque está ligado ao corpo que serve para falar e por ser necessário um elo entre o médium e o Espírito, como é necessário um fio elétrico para comunicar a grande distância uma notícia, e na extremidade do fio ou aparelho, uma pessoa inteligente que receba e transmita.
Os fenômenos mediúnicos são regidos por leis severas, que não se submetem aos caprichos e exigências dos participantes.
A organização neuropsíquica do médium deve ajustar-se às leis de sintonia e afinidade, acionando amplos equipamentos, para que a comunicação seja equilibrada e atinja o objetivo.O mecanismo mediúnico é composta de:
Perispírito: afinação fluídica e vibratória
Allan Kardec inicia com a seguinte indagação:
"O médium, no momento em que exerce a sua faculdade está num estado perfeitamente normal?
R. Está num estado de crise mais ou menos pronunciado (...). Na maioria das vezes seu estado não difere do normal, principalmente nos médiuns escreventes."
Este estado de crise ou de exteriorização perispiritual é muito importante para a compreensão do estado do médium e sua participação no fenômeno mediúnico.
Dependendo do grau de exteriorização perispiritual a faculdade mediúnica apresentará diferentes graus de percepção.
Kardec indaga:
"As comunicações escritas ou verbais podem provir do próprio Espírito do médium?
R. A alma do médium pode comunicar-se como qualquer outra. Se ela goza de algum grau de liberdade, recobra a sua qualidade de Espírito."
E prossegue Kardec indagando:
"Como distinguir se a comunicação é do próprio médium ou de Espírito desencarnado?
R. Pela natureza das comunicações. Estudem as circunstâncias e linguagem e vocês distinguirão. “Estudar e observar.”
Em torno deste estudo Allan Kardec tece importantes considerações sobre o papel do médium nas comunicações:
• Qualquer que seja a natureza das comunicações, elas se processam através da irradiação do pensamento.
• O Espírito que se comunica requer elementos necessários para dar vestimenta a este pensamento. Não há linguagem articulada no mundo espiritual.
• A comunicação terá a forma e a "cor" do pensamento do médium.
Ele cita o exemplo das lunetas coloridas: é como se observássemos paisagens diferentes através de lunetas verdes, azuis e brancas. Embora as paisagens sejam diversificadas, terão a coloração da luneta com que se observe.
Erasto [LM - cap XIX] diz:
"Assim quando encontramos um médium com o cérebro cheio de conhecimento anterior latente, dele nos servimos de preferência, porque com ele, o esforço da comunicação nos é muito mais fácil do que com um médium cuja inteligência fosse limitada e cujos conhecimentos anteriores tenham sido insuficientes."
Vimos como o médium participa do fenômeno mediúnico e muitas vezes ao iniciarmos o desenvolvimento, quando estamos começando a dar as primeiras comunicações, somos assaltados com indagações e dúvidas:
"Como saberá o médium se o pensamento é seu ou do Espírito comunicante?"
Martins Peralva [Estudando a Mediunidade] nos diz:
"Com o estudo edificante, a meditação e o discernimento adquiriremos a capacidade de conhecer a nossa freqüência vibratória. Saberemos comparar o nosso próprio estilo, pontos de vista, hábitos e modos, com os revelados durante o transe mediúnico, ou a simples inspiração quando escrevemos ou pregamos a doutrina. Não será problema tão difícil separar o nosso, do pensamento do Espírito comunicante. A aplicação aos estudos espíritas, com sinceridade, dar-nos-á, sem dúvida, a chave de muitos enigmas."
Bibliografia
1) Livro dos Espíritos - Allan Kardec
2) Livro dos Médiuns - Allan Kardec
3) Obras Póstumas - Allan Kardec
4) Revista Internacional do Espiritismo, 06/92 - Lauro F. de Carvalho
5) Médiuns e Mediunidades - Vianna de Carvalho / Divaldo P. Franco
6) Nos Alicerces do Psiquismo - Jorge Andréa
7) Estudando a Mediunidade - Martins Peralva
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