quinta-feira, 1 de abril de 2010

Opinião

Kardecismo

Antes de entrar nas ponderações filosóficas sobre esse polêmico tema, devemos alertar que, afirmar que espiritismo refere-se tão somente a doutrina espírita codificada é o mesmo que remar contra a maré ou andar na contra mão da história, mesmo porque no Brasil o senso comum já consagrou o termo espiritismo como a universalização de todas as manifestações espiríticas desde as pajelanças e candomblé até a moderna técnica apométrica.

Além disso, devemos considerar que quando Kardec lançou a sua doutrina, não eram ainda conhecidos o candomblé, umbanda, reik e muito menos a apometria que só viriam a aparecer quase duzentos anos mais tarde mas utilizando os mesmos princípios magnéticos das mesas girantes.

Como desfazer esse equívoco é praticamente impossível, somos de opinião que a denominação Kardecismo além de ser um divisor entre a doutrina e o misticismo é mais simpático ao leigo porque tem o peso e o respeito do seu ilustre codificador. Assim, usaremos o termo Kardecismo para identificar a doutrina espírita ou o espiritismo dos ortodoxos.

Religião, ciência ou filosofia

Sabemos que o kardecismo enquanto manipulador de forças etéreas é considerado pelos seus seguidores, ao mesmo tempo, ciência, religião e uma filosofia. Embora respeitemos todos os argumentos e considerações, somos forçados ponderar que o tríplice aspecto invocado pelos espíritas é tão falho quanto a sua própria constituição.

A nossa linha de raciocínio se pauta pela lógica da própria história, de que no passado a filosofia, a ciência e a religião formavam um único todo. Como uma já atrapalhava a outra, com o passar do tempo à própria evolução foi tratando de separá-las de forma que quando a ciência se libertou da religião, abriu também o caminho para o divórcio da filosofia.

Assim, a defesa da nossa argumentação está na própria definição de cada aspecto, conforme podemos verificar.
Filosofia, é a vontade de saber, é a observação, a busca e a pesquisa.
Ciência, é a possibilidade de saber, através dos experimentos e da comprovação.
Religião, é a certeza de saber, é estar convencido, mesmo sem qualquer prova, que na hora da morte a confissão, o arrependimento ou a extrema unção livram o pecador do inferno.

Por outro lado, sabemos que a filosofia sendo a razão não se coaduna com a religião que é o dogma.
Além disso, a religião como conhecemos, é cheia de misticismo, rituais, e simbologias físicas como imagens, cruz, velas, espada, estrela etc. que sempre foram sistematicamente anatematizadas pelo kardecismo.
Depois, já está provado que a manipulação de forças etéreas, não depende de fé e nem de religiosidade, e que qualquer ateu pode trabalhar essas forças e às vezes, até em melhores condições que muitos místicos ou religiosos, por exemplo, as técnicas apométricas.

Já a classificação do kardecismo como ciência nos parece imprecisa, visto que sendo ele antes de tudo uma doutrina não se enquadra nos pressupostos básicos para identificá-lo como tal, mesmo porque, doutrinas e religiões não são consideradas ciências.

Considerando finalmente, que cientificamente cada aspecto é diferente do outro, seria uma incoerência o kardecismo abarcar em seu bojo todas elas ao mesmo tempo. Ou é uma coisa, ou é outra.

Pelo exposto, e considerando que o kardecismo não podendo ser considerado uma ciência, muito menos uma religião, a classificação mais apropriada a nosso ver é sem dúvida uma doutrina filosófica ou simplesmente uma filosofia.

Jhon
Espiritualista

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