O espiritismo diminuiu ao máximo o ritual em suas práticas. É claro que sempre permanece algum, pois toda a atividade humana, que se repita periodicamente, tem de lançar mão de rituais. Por exemplo, o realizar-se uma reunião em dias e horas determinados da semana. Iniciá-la sempre com uma leitura preparatória e uma prece. Solicitar a presença dos amigos espirituais em seguida, quase que com as mesmas palavras. Ter sempre ao final ou início, uma mensagem de orientação do “guia” da reunião, terminar em horário predeterminado, com uma prece. Beber água fluidificada, após o encerramento dos trabalhos. Tudo isto caracteriza um conjunto de ritos, logo um ritual. É claro que não pode ser de outra forma, pois os rituais são parte da vida cotidiana. É só cada um analisar o que faz todo dia, desde o momento de acordar até o de dormir.
O que é condenável é o ritualismo, que valoriza mais a forma do que a essência.
A doutrina espírita condena às atitudes ritualísticas que configuram mera superstição como as seguintes:
- Uso de roupas especiais para a reunião mediúnica.
Alguns colocam roupas brancas por causa da vibração, o que é um absurdo, pois a vibração é um problema mental, e não da vestimenta. Pode se usar qualquer cor, em qualquer reunião espírita, sem que isso tenha influência no que ali se realiza. - Não cruzar pernas ou braços, em determinados momentos.
Uma vez me justificaram este ritual como sendo para “evitar curto-circuito das energias magnéticas do corpo”, é uma justificativa inválida, pois se sofrêssemos danos psíquicos ou físicos, já estaríamos todos mortos ou aleijados. Não existe nenhum problema em cruzar os braços ou pernas durante o exercício mediúnico, a faculdade funcionará normalmente. - Tirar os sapatos para participar de uma reunião não é uma prática espírita. O uso do sapato não prejudica a comunicação dos espíritos.
- Alimentação vegetariana e continência sexual, é lógico em nada influi no desempenho mediúnico, nem para melhor, nem para pior. Naturalmente se deve evitar bebidas alcoólicas no dia da reunião, por causa da ação prejudicial sobre o sistema nervoso, bem como o excesso de alimentação antes da reunião. Mas isto por motivos óbvios. Quanto ao sexo praticado entre os que se amam, e dentro da legalidade ética, como pode causar prejuízo a prática mediúnica?
- Passes de “limpeza” antes e depois da reunião é perda tempo. No primeiro caso, a prece e a concentração, bem como o trabalho espiritual, já constituem fatores normais de “limpeza psíquica”, e quando alguém, após trabalhar em uma reunião mediúnica, necessite de “limpeza”, é que está com graves problemas obsessivos, ou a própria reunião.
- Emitir grunhidos, gritos, ruídos, estalos de dedos, etc. são ritos desnecessários, que demonstram falta de educação mediúnica e denunciam a inferioridade do espírito comunicante.
- Acender velas, usar incenso e imagens de santos, no centro espírita e na reunião mediúnica, é atentar contra os princípios doutrinários, pois tais acessórios não promovem espiritualidade nem tem nenhuma ação sobre os processos mediúnicos.
Quando o ritualismo se instala em qualquer movimento, a forma toma lugar do essencial, com prejuízos naturais. Jesus combateu os rituais supérfluos, tão comuns entre os seus contemporâneos, mas os cristãos os introduziram em suas práticas, criando cerimônias que primam pelo espetáculo, mas que são vazias de espiritualidade. O Consolador, revivendo os princípios evangélicos, condena e repele qualquer excesso ritualístico, para se manter o mais próximo possível da simplicidade do mestre e dos seus seguidores imediatos.
livro:
As faculdades Espirituais do Ser - Djalma Argollo
Um comentário:
Muito sensato o artigo. Pena, tantas casas espíritas cometerem ainda estes erros pontuados com tanta frequencia, e o pior de tudo que os principais colaboradores pouco se preocupam com o estudo e entendimento da causa...
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