"Deixai vir a mim os pequeninos não os impeçaispois deles é o reino dos céus". - Jesus. (Mateus, 19:14.)
Não induzo meu filho a seguir
qualquer religião, quando ele crescer ele mesmo escolhe a doutrina que quer
seguir, dizia-me sempre, um determinado amigo.
É
prática comum em algumas famílias, inclusive espíritas, esperar que os filhos
cresçam, para que definam por si próprios a religião que desejam seguir. Alegam
estas, que não tem o direito de interferir na liberdade de escolha dos filhos,
que religião é objeto de escolha pessoal e de gosto diversificado, e que o
indivíduo tem na idade adulta, maiores condições de definir o que melhor lhe
apraz nesse aspecto.
O
resultado desse pensamento reflete-se na maioria das vezes, no dia-a-dia de
nossa sociedade, onde uma boa parte dos jovens desligados de qualquer
sentimento de religiosidade, tem a cabeça voltada apenas para o que eles chamam
de "agitos", onde a tônica é dada pelos tóxicos, álcool, sexo e violência
como uma forma de auto-afirmação e porque não dizer, de preenchimento do vazio
causado por essa falta de religiosidade; sem contar na contribuição funesta,
que o jovem tem dado para o aumento das estatísticas de suicídios, onde
atualmente ele lidera os índices.
O
desconhecimento de valores espirituais aliado a despreocupação dos pais com
este fator contribuem de forma contundente para o agravamento deste quadro,
resultando muitas vezes, em complicados processos obsessivos e até
reencarnatórios, devido a falência das partes envolvidas no contexto.
Buscar
o conhecimento dos postulados espíritas, observando-se o aspecto família,
implica em outras variáveis, que a priori, visa a conscientização dos pais
sobre o grau da responsabilidade assumida perante os Espíritos superiores, com
relação àquele espírito que aceitaram como filho na presente encarnação.
Vale
ressaltar, que essa responsabilidade não se limita apenas à participação no
processo reencarnatório, que basicamente divide-se em duas etapas, que se dão a
seguir:
Na
parte primeira, dá-se uma sistemática de envolvimento, onde são observados
entre outros, os seguintes aspectos: a ficha do reencarnante para que se
estabeleça os mapas cármicos, o grau de simpatia ou animosidade com relação aos
genitores, a composição de mapas genéticos, o desenvolvimento de reuniões entre
as partes no plano espiritual, enfim, todas as medidas que podemos pensar e que
não podemos, são tomadas pelos técnicos reencarnacionistas, para que se cumpra
o proposto nas Leis Divinas.
A
parte segunda seria a condução desse Espírito, já encarnado, pelas mais
diversas problemática da vida, seja no campo social, familiar, religioso,
proporcionando-lhe meios para que desenvolva em si os aspectos, cognitivo,
afetivo, intelectivo, moral, etc...
É
tábula rasa para nós espíritas que a primeira infância, que é o período
compreendido entre zero aos sete anos, é sem dúvida nenhuma a época em que a
criança está mais sensível às sugestões dos pais, é nessa fase que devem ser
ministrados através de muito amor e carinho, os conceitos de valores morais e
cristãos.
Neste
sentido, a evangelização espírita-infantil é de fundamental importância no
processo de formação da criança, pois os vícios de personalidade se encontram
adormecidos, constrangidos pelo envoltório infantil. O Espírito neste momento é
comparado ao terreno fértil da parábola do semeador, as sementes que ali
semearmos, germinarão fortes e viçosas, contribuindo de forma preponderante na
formação moral do futuro adulto.
Não
podemos esquecer que a tarefa da semeadura começa cedo, aos quatro anos a
criança já pode ser encaminhada às aulas de evangelização, que parte da
seguinte sequência: inicia-se pelo maternal, dos quatro aos cinco anos, depois
o jardim, dos seis aos sete anos, primeiro ao terceiro ciclo da infância que
vai dos oito aos treze anos , pré juventude, primeiro e segundo ciclo da
juventude, dos catorze aos vinte um anos, e finalmente, depois de uma longa
caminhada, por todos esses ciclos, o jovem está pronto para o Estudo Sistematizado
da Doutrina Espírita.
Ainda
a cerca da reencarnação, nos esclarece o Espírito Manoel Philomeno de Miranda,
no livro Temas da vida e da Morte, 1ª edição da FEB, página 19 que,
"apesar da reencarnação se completar aos sete anos ela ainda vai se
fixando lentamente até o momento da transformação da glândula pineal, na sua
condição de veladora do sexo".
A
esse respeito, André Luiz, no livro Missionários da Luz, 22ª edição da FEB,
cap. 2º, nos dá a seguinte informação: "Enquanto no período de
desenvolvimento infantil, fase de reajustamento desse centro importante do
corpo perispiritual preexistente, a epífise parece constituir freio às
manifestações do sexo; entretanto, há que retificar observações.
Aos
catorze anos, aproximadamente, de posição estacionária, quanto às suas
atribuições essenciais, recomeça a funcionar no homem reencarnado. O que
representava controle é fonte criadora e válvula de escapamento. A glândula
pineal reajusta-se ao concerto orgânico e reabre seus mundos maravilhosos de
sensações e impressões na esfera emocional. Entrega-se a criatura à
recapitulação da sexualidade, examina o inventário de suas paixões vividas
noutra época, que reaparecem sob fortes impulsos ".
Diante
desse quadro, podemos afirmar que em qualquer família, a fase da puberdade é
com certeza uma das mais difíceis para os pais. É nesse momento que o espírito
vai começando a reencontrar a sua verdadeira personalidade, iniciando-se com o
chamado conflito da adolescência, que pode ser atenuado ou mesmo evitado, com
uma bem estruturada educação religiosa na infância.
Deixai
vir a mim os pequeninos não os impeçais pois deles é o reino dos céus, disse o
Cristo aos apóstolos, que tentavam barrar a passagem de crianças até Ele. O
pedido de Jesus, reverbera em nossas consciências, e entendemos que o Mestre
pede que não lhes cerceemos os ensinamentos, achando que não os são necessários
ainda, que deixemos que eles conheçam o Cristo, logo na infância, que é fase
mais pura, mais humilde, onde os corações espargem inocência, e estão mais abertos
aos preceitos cristãs.
Pensar
na criança é pensar no adulto, portanto, é de vital importância que a Casa
Espírita tenha essa preocupação com as crianças e com os jovens, no sentido de
promover a evangelização destes, como propõe o Mestre Jesus.
Autor: Warwick Mota
(Publicado na revista Reformador de junho de 1996)
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