O sucesso já alcançado é inquestionável, entretanto, é fácil
observar o quão distante ainda se encontra do controle absoluto da Natureza e
do conhecimento que permita prever todos os fenômenos do Universo. Na
impossibilidade de controlar a Natureza, busca-se prever os eventos futuros, de
forma a estar preparado para o amanhã.
Na tentativa de prever o futuro, a Humanidade se vale de
inúmeros recursos: adivinhos, tarô, astrologia, ciência, etc. Como não podia
deixar de ser, os Espíritos também são consultados na tentativa de obter
revelações do futuro. O objetivo do presente artigo é traçar um paralelo entre
as técnicas matemáticas usadas pela Ciência para prever eventos futuros e a
Teoria da Presciência apresentada por Kardec.
TEORIAS DA PRESCIÊNCIA
Inúmeros são os fatos que comprovam que os Espíritos podem
prever o futuro. Kardec apresenta a Teoria da Presciência com o objetivo de
explicar como isso é possível.
A teoria reconhece que a previsão do futuro resulta
geralmente da observação do presente, entretanto, algumas previsões relatam
eventos que parecem não guardar relação com o hoje.
Com o objetivo de ilustrar a forma como as previsões se dão,
Kardec propõe que se imagine um homem colocado no cume de um monte, a observar
uma planície. Nela um viajor encontra-se no início de uma estrada. O viajor
sabe que, caminhando, chegará ao fim dela, o que depende simplesmente de seus
atos. Entretanto, desconhece os detalhes do caminho. Se for possível ao
observador comunicar-se com o viajor, poderá transmitir informações que
pertencem ao futuro do último.
Emmanuel informa que
os seres de sua esfera não conhecem o futuro, e que o porvir não está
rigorosamente determinado, e só pode ser previsto em linhas gerais
Quando são os encarnados que pressentem acontecimentos
futuros, a teoria propõe que o fenômeno se dê durante a emancipação da alma,
quando podem atuar livremente como Espíritos, ou graças à inspiração
proveniente de um Espírito. Kardec reconhece que a Teoria da Presciência não
resolve todos os casos que se possam apresentar. Contudo, deve-se reconhecer
que estabelece as bases para o estudo da previsão do futuro.
PREVISÃO DO FUTURO E O PLANO ESPIRITUAL
André Luiz, ao apresentar as atividades desenvolvidas pelos
Espíritos encarregados de elaborar os Planejamentos Reencarnatórios, informa
que são feitos planos com o objetivo de propiciar aos Espíritos que retornam à
carne as condições ideais para sua próxima existência.
Os Espíritos, encarregados de elaborar os planos, analisam o
passado e identificam as necessidades e os recursos que permitirão melhor
aproveitamento das oportunidades da futura existência. Pode-se concluir que
suas atividades são baseadas em previsões, uma vez que Emmanuel informa que os
seres de sua esfera não conhecem o futuro, e que o porvir não está
rigorosamente determinado, e só pode ser previsto em linhas gerais.
Como observadores sobre o monte, munidos de poderosas
lunetas, esses Espíritos valem-se de Modelos que permitem prever de que forma
cada reencarnante age perante as situações futuras. É possível que os Modelos
utilizados sejam uma versão mais elaborada e eficiente do que os usados pela
ciência atual.
Todos os dias, previsões meteorológicas são usadas para
definir viagens ou os períodos ideais para o plantio e colheita de determinadas
espécies; bilhões são investidos, baseados nas previsões de analistas de
mercado. Tudo graças aos profissionais que se especializam em criar técnicas
para prever o futuro.
As técnicas usadas para realização de previsões tiveram sua
origem no século XIX, quando no meio científico vigia o Determinismo
Científico. Os adeptos do Determinismo Científico postulavam que, se em um
determinado momento, fosse possível conhecer as posições e velocidades exatas
de cada partícula do Universo, as Leis da Física deveriam ser capazes de
fornecer o estado do Universo em qualquer momento do passado ou do futuro.
O que seria possível através da criação de Modelos
Matemáticos Determinísticos, que nada mais são que um conjunto de equações e
inequações matemáticas, organizadas de forma que, ao serem inseridas as
condições iniciais do sistema sob análise, seja possível obter as condições em
um momento desejado. Os Modelos Determinísticos são úteis para certas
situações, como pequenos sistemas físicos do nosso cotidiano. Entretanto,
apresentam limitações. Demonstra-se que pequenas variações nas condições
iniciais podem causar grandes perturbações na condição final. Por isso, os
Modelos Determinísticos são inadequados quando não é possível definir as condições
iniciais com boa precisão.
O golpe final nos Modelos Determinísticos ocorreu no início
do século XX, com o avanço da Física Quântica. Para compensar as limitações das
técnicas determinísticas, foram desenvolvidos Modelos Probabilísticos. Através
desses Modelos, conhecendo a velocidade exata de uma partícula, é possível
definir suas posições mais prováveis ou a probabilidade de uma determinada
posição ocorrer.
Os Modelos Probabilísticos mostraram-se úteis em outros
setores do conhecimento humano. Por exemplo, atualmente um Modelo
Probabilístico auxiliou na definição das metas e consumo de energia elétrica
estabelecidas pelo Plano de Contingenciamento do Governo Federal, afetando
diretamente a vida de boa parte da população brasileira.
A Humanidade parece longe de estabelecer um modelo que
permita prever todos os eventos do futuro de uma pessoa, mas já dá os primeiros
passos nessa direção.
Supondo que os Espíritos usem um Modelo para prever eventos
futuros, é possível imaginar algumas de suas características. Um hipotético
Modelo para previsão do futuro, seja de um indivíduo ou de um grupo, precisará
considerar integralmente as Leis Naturais, isto é, as Leis da Física, as Leis
Morais e a forma como estas se relacionam.
O livre-arbítrio obriga o uso de um Modelo Probabilístico
que terá como dados de entrada: o histórico de eventos vividos pelos indivíduos
em questão e os meios nos quais estiveram e estão inseridos. Os eventos
passados serão ponderados de acordo com a intenção (pensamento e sentimento)
associada a cada evento.
Se fosse possível
conhecer as posições e velocidades exatas de cada partícula do Universo, as
Leis da Física deveriam ser capazes de fornecer o estado do Universo em
qualquer momento do passado ou do futuro.
Como nenhum Espírito possui todas as informações relativas à
história de um indivíduo e à sua natureza íntima, todos os cenários obtidos
podem ocorrer, uns com maior chance e outros com menor. Se, em um exercício de
imaginação, Deus, que tudo sabe e a todos conhece de forma íntima, fornecesse
os dados de entrada do Modelo, a saída seria um único cenário.
Os Espíritos ensinam que o futuro em princípio é oculto e só
em casos raros e excepcionais permite Deus que seja revelado. Se conhecesse o
futuro, o homem negligenciaria o presente e não obraria com liberdade.
Deus permite que o futuro seja revelado quando o seu
conhecimento facilite a execução de uma coisa. O conhecimento do futuro pode
ser também uma prova, para verificar se um indivíduo mantém seu comportamento
mesmo sabendo o amanhã. Os Espíritos são enfáticos ao afirmar que se deve
desconfiar de todas as previsões que não tiverem um fim de utilidade geral e
que as previsões individuais podem quase sempre ser desconsideradas.
CONCLUSÃO
Muito ainda precisa ser estudado sobre a previsão do futuro,
contudo, não se deve perder de vista que prever o futuro só se faz necessário
devido à incapacidade de controlá-lo.
O Espírito que busca o domínio de si mesmo, que se esforça
no sentido de domar suas más tendências e de ter todos os seus atos dedicados a
Deus, não precisa prever o seu futuro, pois sabe que graças à Lei de Causa e
Efeito tudo o que viverá será conseqüência de seus bons atos.
Aqueles que atuam no bem se valerão dos recursos de previsão
do futuro como uma ferramenta para aumentar sua capacidade de fazer o bem.
Por: Gustavo Henrique Rodrigues
Fonte:Revista Reformador (junho 2002
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