sábado, 18 de maio de 2013

O Espiritismo Filosófico



Como espíritas, sabemos que a doutrina espírita está alicerçada em um tripé, composto de filosofia, ciência e as consequências morais (as quais alguns preferem chamar de religião). Embora saibamos deste tripé e o dizemos frequentemente, poucos têm, ao certo, a noção filosófica e científica da doutrina e, muitas vezes, ficam presos na tentativa de se entender as consequências morais sem, primeiro, entender os pressupostos filosóficos e científicos que são a base para o entendimento destas consequências morais.

Neste ponto, os aspectos filosóficos do Espiritismo são algo praticamente não entendido, não explorado pelos estudos espíritas, não desenvolvido como ferramenta crucial para a aquisição de novos horizontes e novos conhecimentos. Reduzimos os aspectos filosóficos da doutrina apenas às perguntas que se assemelham aos questionamentos filosóficos realizados por pensadores como, por exemplo, o que é Deus, de onde nós viemos, para onde vamos, entre outros. No entanto, estes questionamentos certamente permanecerão por muito ainda sem respostas e apenas temos uma vaga ideia do nosso processo evolutivo. 

O uso das ferramentas filosóficas deveria ser matéria introdutória nas casas espíritas. Tópicos como Teoria do Conhecimento, Lógica, Raciocínio Crítico são pequenos exemplos de assuntos da filosofia que servem de base para o entendimento dos ensinamentos de Kardec e também de nosso grande irmão Jesus.

Todos conhecemos a frase de Cristo: “Conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará!”? Ou seja, somente através do conhecimento do que é verdade é que alcançaremos a nossa liberdade, nossa jornada evolutiva não mais necessitará de encarnações. 

Aqui, nos pegamos questionando dois fundamentos importantes para entender o que Jesus disse e o que Kardec inicialmente explora em O Livro dos Espíritos: 
O que é verdade e o porquê da necessidade da Reencarnação?

Como vimos, a lógica nos faz associar estes dois princípios, mas como responder a isso?!
Alguns diriam que é somente pela reencarnação que adquirimos conhecimento e aos poucos vamos acumulando-o e evoluindo. Este raciocínio está correto, porém ele é uma interpretação literal, simples, do que está escrito no LE, mas ainda não responde COMO.

Para tal, necessitamos recorrer aos recursos da filosofia, mais especificamente à Teoria do Conhecimento. Esta área da filosofia explora exatamente este ponto, questionando
“O que é a verdade?”, “Como obtemos a verdade?”. 

Os estudos deste assunto mostram que uma das formas de aquisição da verdade é por meio de nossas percepções. Mas são nossas percepções uma representação fiel da realidade? O quanto de verdade eu tenho em minhas percepções?
O conhecimento atual deste assunto sugere que nossas percepções são representações relativamente reais do mundo. Às vezes, chegamos muito perto de conhecer o mundo real, por outras, ficamos distantes ou até mesmo sequer o percebemos.

Voltamos a Kardec e vemos que ele associa a liberdade com a depuração da alma. LE, pergunta 166: Como pode a alma, que não alcançou a perfeição durante a vida corpórea, acabar de depurar-se? “Sofrendo a prova de uma nova existência”.  
Portanto, a perfeição está associada à depuração da alma. Então perguntamos, COMO esta depuração se associa com o conhecimento da verdade? LE pergunta 94: De onde tira o Espírito o seu envoltório semimaterial? 
Do fluido universal de cada globo. É por isso que ele não é o mesmo em todos os mundos; passando de um mundo para outro, o Espírito muda de envoltório, como mudais de roupa. LE pergunta 94-a: Dessa maneira, quando os Espíritos de mundos superiores vêm até nós, tomam um perispírito mais grosseiro? É necessário que eles se revistam da vossa matéria, como já dissemos.

Conforme o Espírito evolui, seu perispírito vai ficando cada vez mais etéreo, menos material. Com isso, vamos nos tornando cada vez mais capazes de perceber o mundo como ele realmente o é. A cada encarnação, vamos depurando nosso perispírito, vamos sendo capazes de sintonizar vibrações diferentes e esta ampliação na capacidade de enxergar a verdade é que nos garante a tão desejada salvação. 

O Consolador
Autor: Marcelo Fernandes Costa

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