segunda-feira, 16 de maio de 2011

UNIÕES


Jornal Mundo Espírita de Julho de 2001
Raul Teixeira Responde
Qual a função dos períodos de namoro, noivado e casamento?
R. - Encarando esses períodos como exigências sociais, que obedecem à necessidade que os indivíduos apresentam de estabelecerem um contato mínimo, antes do matrimônio, propriamente dito, vêmo-las como propiciadores desses contatos, desses entrosamentos, partindo do conhecimento mais periférico, que envolve modos, gostos, beleza plástica, falas, etc., passando por um estágio em que já se vivencia uma intimidade maior no campo das idéias, da firmeza e fragilidade da outra pessoa, filosofia de vida, temperamento, ocasião em que se deverão pôr as cartas na mesa, no sentido de se definirem posturas para o casamento, condutas perante a questão profissional da mulher, quanto ao trabalho fora de casa, à criação dos filhos, ao ajustamento religioso dos filhos em razão de possíveis diferenças do casal, etc. O casamento, contudo, é que vai coroando esse conhecimento, ao longo do tempo, impondo muitas vezes mudanças de opiniões, de idéias ou de condutas que se tinha com relação à outra parte, amadurecendo o bem-querer ou confirmando os desencontros. Daí, então, vemos o casamento como o crisol onde vão-se burilando os seres que se dispuseram servir à Grande Vida, por meio de sua sinceridade e abnegação nos passos da vida, crescendo, pouco a pouco para o cumprimento dos seus relevantes misteres na Terra.

Deveríamos ter nos Centros Espíritas cursos que preparassem os noivos para enfrentar a vida de casados, semelhantes aos que encontramos na Igreja Católica?
R. - Creio que tudo o que se puder extrair do ensinamento espírita que possa ser de utilidade imediata ou mediata às pessoas, deve ser explorado, sem qualquer trepidação. Contudo, no campo do casamento, temos que convir que não será um, dois ou três meses de discursos ou leituras bonitos sobre a vida a dois, que se logrará educar pessoas que jamais tiveram cuidados consigo mesmas, que nunca pensaram na seriedade da vida, que estão à cata da formalização da convivência sexual, tão somente. Não resta dúvida de que se podem retirar dessas preparações muitas ilustrações positivas, ensinamentos notáveis, concepções muito felizes, mas, vale verificar que ninguém prepara realmente ninguém para enfrentar a vida de casado, senão ao longo de uma existência de boa vontade e disciplinas.

Quanto à questão da preferência religiosa, um cônjuge que seja adepto do Espiritismo, ao casar com outro que não o é estará colocando em risco a estabilidade do seu casamento?
R. - As coisas não se passam bem assim. Sendo maduro o casal, saberá dialogar, preferencialmente naqueles períodos chamados de namoro e noivado, a respeito das suas diferenças posturais perante a fé religiosa, como diante de outras situações da vida. Se são amadurecidos, de fato, os dois saberão respeitar-se, entender-se, compreendendo que o verdadeiro amor está muito acima das muralhas humanas construídas com os rótulos mais diversos. Quando o casal não tem essa vivência de maturidade, ainda quando seja da mesma crença religiosa, costuma debater-se em praças escuras de absurdos desentendimentos, de imposições infantis e de ignóbeis preconceitos, marchando, muitas vezes, não só para a desestabilização do casamento, como para a destruição do lar. E tudo em nome do amor a Deus...


Fonte: "Desafios da educação", espírito Camilo.

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