sexta-feira, 6 de maio de 2011

CARIDADE COM OS CRIMINOSOS

"Estão próximos os tempos, repito-o, em que nesse planeta reinará a grande fraternidade, em que os homens obedecerão à lei do Cristo, lei que será freio e esperança e conduzirá as almas às moradas ditosas. Amai-vos, pois, como filhos do mesmo Pai; não estabeleçais diferenças entre os outros infelizes, porquanto quer Deus que todos sejam iguais; a ninguém desprezeis. Permite Deus que entre vós se achem grandes criminosos, para que vos sirvam de ensinamentos. Em breve, quando os homens se encontrarem submetidos às verdadeiras leis de Deus, já não haverá necessidade desses ensinos: todos os Espíritos impuros e revoltados serão relegados para mundos inferiores, de acordo com as suas inclinações."(1)

Sempre que a sociedade se abala diante de um crime bárbaro, clama-se por revisões na lei, inclusive com a instituição da pena de morte para tais casos.

Cabe refletir, à luz da Doutrina Espírita, sobre os crimes e sobre a lei. O mandamento maior da lei divina inclui a caridade para com os criminosos, por mais difícil que possa parecer ter este sentimento diante da barbárie. Perante a Lei de Deus somos todos irmãos, por mais que repugne a alguns tal idéia. O criminoso é alguém que ainda não se conscientizou dessa Lei, que não reconhece a paternidade divina e, portanto, não vê no outro um irmão. Nós, que já temos estes valores, sabemos que ele é, também, um filho de Deus, por enquanto transviado do bem, que precisa do nosso apoio, do nosso amor.

Mas como amar um criminoso?
Um inimigo da sociedade?

Tendo por ele o sentimento descrito por Kardec quando fala do amor aos inimigos:

"Amar os inimigos não é, portanto, ter-lhes uma afeição que não está na natureza, visto que o contato de um inimigo nos faz bater o coração de modo muito diverso do seu bater, ao contato de um amigo. Amar os inimigos é não lhes guardar ódio, nem rancor, nem desejos de vingança; é perdoar-lhes, sem pensamento oculto e sem condições, o mal que nos causem; é não opor nenhum obstáculo a reconciliação com eles; é desejar-lhes o bem e não o mal; é experimentar júbilo, em vez de pesar, com o bem que lhes advenha; é socorrê-los, em se apresentando ocasião; é abster-se, quer por palavras, quer por atos, de tudo o que os possa prejudicar; é, finalmente, retribuir-lhes sempre o mal com o bem, sem a intenção de os humilhar. Quem assim procede preenche as condições do mandamento: Amai os vossos inimigos."(2).

O amor, aqui, é o sentimento de piedade, o pensamento sem ódio, o desejo que desperte para o bem e que lhe sejam oferecidas oportunidades de mudança. Não pretende este sentimento que ele permaneça no convívio social, mas que, afastado, receba orientações para a reformulação de seus conceitos de vida. A lei humana deve cumprir-se, embora reconheçamos que, muitas vezes, ela não atende aos objetivos de ressocialização do indivíduo. Que essas mesmas leis sejam revistas, se necessário, não perdendo de vista que os seus objetivos devem acompanhar as mudanças sociais e visar, sempre, a recuperação da criatura que buscou a permanência no mal. E, que a pena de morte não seja desejada, pois é um atraso social e não resolve o problema da criminalidade. Teremos, apenas, mais um espírito revoltado, livre do corpo, desejoso de vingança e mais tempo demorado no erro.

O conhecimento espírita nos pede atitudes compenetradas diante dos crimes bárbaros, tanto diante das vítimas de hoje, como dos algozes. Para a vítima, a prece que balsamize o espírito, auxiliando-o no despertar tranqüilo, na vida verdadeira; que o resgate, que por certo houve, liberte-o do passado para vôos mais altos. Para seus entes queridos, a prece que os encoraje a prosseguir e a vencer os possíveis sentimentos de ódio. Para o criminoso, vibrações de paz para que ele se defronte com o arrependimento, o mais cedo possível, iniciando seu crescimento espiritual. Para as autoridades, que sejam lúcidas nas atitudes e formulações legais, que devem ser justas, mas não podem distanciar-se da humanidade.

Oremos por nós mesmos, para que se dilate a nossa compreensão diante da Lei de Deus que, ainda, permite que estes dramas ocorram na Terra, mundo propício a tais manifestações. Agradeçamos ao Pai porque nossa sensibilidade já se ressente com a violência; já não pertencemos mais aos grupos que se alegravam com a morte ou tortura dos adversários; não fazemos mais coro com os que pedem vingança. E, lembremos sempre Jesus que, torturado física e moralmente, rogava ao Pai o perdão para aqueles que não sabiam o que faziam (3).

Tereza Rodrigues
(1) - Kardec, Allan. O Evangelho Segundo O Espiritismo. F.E.B.. Cap. XI, Item 14.
(2) - Kardec, Allan. O Evangelho Segundo O Espiritismo. F.E.B.. Cap. XII, Item 3.
(3) - LUCAS: 23:24

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