No livro Atravessando a Rua, comento a experiência de um casal que reencarnou com a tarefa de cuidar de crianças, numa instituição assistencial. No entanto, envolvidos pelos interesses imediatistas,
ambos andavam distraídos de sua missão.
Então, um mentor espiritual que os assistia, preocupado com sua deserção, reencarnou como seu filho.
Foi aquela criança maravilhosa, inteligente, sensível, que faz a felicidade os pais, que passam a gravitar em torno dela.
Consumando a intenção de despertar os pais, ele desencarnou na infância, deixando-os desolados,desiludidos, deprimidos.
Encontraram lenitivo a partir do momento em que se entregaram de corpo e alma a crianças num orfanato, exatamente como fora planejado.
O mentor viera apenas para ajudá-los a corrigir o desvio de rota.
O que acontece com o Espírito na morte prematura?
Normalmente, um retorno tranquilo. O que dificulta nossa readaptação à pátria espiritual é o apego à vida física, os comprometimentos com a ambição, as paixões, os vícios...
O Espírito literalmente entranha-se na vida física, o que lhe impõe sérias dificuldades, até mesmo para perceber sua nova condição.
Já o jovem nem sempre tem esses comprometimentos.
É alguém que desperta para a vida, que ainda não se envolveu.
Será logo acolhido e amparado pelos mentores espirituais, por familiares desencarnados.
O grande problema dos que partem nessa condição é a reação dos que ficam.
Desespero, revolta, rebeldia são focos pestilentos de vibrações desajustadas,que atingem em cheio o passageiro da Eternidade, causando-lhe aflições e desajustes, já que nos primeiros tempos de vida espiritual tende a permanecer ligado psiquicamente à família.
E o que é pior – na medida em que os familiares insistem nas lembranças, quando a desencarnação ocorreu em circunstâncias trágicas, induzem o Espírito a reviver, em tormento, todas aquelas emoções.
Mensagem
Há uma mensagem famosa de uma jovem que desencarnou no incêndio do Edifício Joelma, psicografada por Francisco Cândido Xavier, dirigida à sua mãe.
Após dizer-lhe que fora muito bem amparada e que sua morte atendera a compromissos cármicos, pediu à mãe que não ficasse recordando do incêndio nem a contemplasse, na tela de sua mente,
morrendo queimada.
– Cada vez que a senhora me vê assim, é assim que me sinto.
Mensagem de Sanson
O final da mensagem de Sanson é bastante significativo e deve merecer nossa reflexão:
Em vez de vos queixardes, regozijai-vos quando praz a Deus retirar deste vale de misérias um de seus filhos.
Não será egoístico desejardes que ele aí continuasse para sofrer convosco? Ah! essa dor se concebe naquele que carece de fé e que vê na morte uma separação eterna. Vós, espíritas, porém, sabeis que a alma vive melhor quando desembaraçada do seu invólucro corpóreo. Mães, sabei que vossos filhos bem-amados estão perto de vós; sim, estão muito perto; seus corpos fluídicos vos envolvem, seus pensamentos vos protegem, a lembrança que deles guardais os transporta de alegria, mas também as vossas dores desarrazoadas os afligem, porque denotam falta de fé e exprimem uma revolta contra a vontade de Deus.
Vós, que compreendeis a vida espiritual, escutai as pulsações do vosso coração a chamar esses entes bem--amados e, se pedirdes a Deus que os abençoe, em vós sentireis fortes consolações, dessas que secam as lágrimas; sentireis aspirações grandiosas que vos mostrarão o porvir que o soberano Senhor prometeu.
(Op. cit., cap. V, item 21.)
Richard Simonetti
Agosto 2009 • Reformador 289
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