quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

O ATEU

— Em certa localidade do interior de Minas Gerais, morava um ateu incorrigível. Era casado com linda e digna mulher e possuía um único filho, que contava 12 anos e se constituía o seu maior tesouro. O ateu, tanto quanto possível, não perdia a oportunidade de revelar seu ateísmo doentio, como que zombando da crença alheia.
Sua prendada esposa o advertia, quase sempre, sem proveito. Continuava negando Deus, multiplicando seu ouro e adorando seu filho único...
Quando menos esperava, a morte veio, silenciosa, e levou-lhe o filho, entristecendo o coração materno e enchendo de desespero o coração do ateu.
Passaram-se dois anos. O ateu, agora, magro e pobre, sem a esposa, que também fora levada para o Além, sentia-se só e doente.
A conselho de alguns amigos, batera à porta de vários Templos, ate que, numa tarde abençoada, foi ter a uma sessão espírita.
Aí começou a receber os primeiros socorros. Seu coração, trabalhado pela dor, perdera as vestes negras da vaidade e do orgulho. E, numa noite, quando mais se mostrava convicto da verdade espírita, o filho incorpora-se num Médium e lhe fala:

— Meu pai, como me sinto feliz em vê-lo aqui! Como demorou a encontrar a grande Estrada! Graças a Deus, que veio! Mas foi preciso que eu e minha mãe pedíssemos muito, a seu favor, para que o Pai do Céu nos atendesse. E vou contar-lhe uma historieta que um de meus Mentores me contou com relação ao nosso caso:
Numa aldeia da India, vivia um fazendeiro rico, que se especializara na criação e seleção de animais.
Possuía grande quantidade de vacas reprodutoras de boa qualidade. Era um homem bom e prestativo.
Desejava ajudar a todos os seus irmãos de romagens na Terra. E, assim, resolveu partilhar sua obra com os seus vizinhos de outra aldeia, que limitava com seus rumos por um pequeno rio. Mandou selecionar alguns bois e uma vaca, que possuía um bezerro único e os enviou aos seus companheiros. Mas, na passagem do rio, todos os bois passaram, menos a vaca e o bezerro... Tudo foi tentado sem proveito.
Alguém então alvitrou: amarrem o bezerro e atravessem com ele o rio, que a vaca acompanhá-lo-á... De fato, a vaca, vendo o filho amarrado, berrando, pedindo-lhe socorro, atravessando o rio, não se fez de rogada e também o atravessou...
— Aí está, meu pai, a lição preciosa que a historieta nos dá: foi preciso que eu fosse também amarrado pela enfermidade e jogado no rio da morte para que o senhor atravessasse o rio do preconceito e viesse até a mim e sentisse, como está sentindo, comigo, a vida verdadeira e, deste modo, iniciasse o resgate de suas faltas! Louvado seja Deus!

A LIÇÃO FOI TAMBÉM PARA NÓS...
Como vemos, a pequena história, contada pelo caro Médium, tem a sua aplicação, na hora presente, junto a nós todos..
Igual ao ateu, outros irmãos existem fechados à realidade da missão redentora. Espíritos endurecidos, cheios de preconceitos, enferrujados pelo orgulho e pela vaidade, indiferentes ao seu progresso espiritual, por aí vivem sem Roteiro, colocando o coração no tesouro dos prazeres, do dinheiro fácil e no endeusamento à família material.
Quando menos esperam, vem o temporal das dores, os ciclones das separações, os relâmpagos das quedas do poder, e a grande hora de silêncio, para a meditação, chega tambám para que sintam: que aqui viemos resgatar faltas do passado, penetrar pela porta estreita da virtude e entender os chamados do Grande Amigo, que há dois mil anos espera pela nossa chegada, como ovelhas perdidas, ao Seu Redil abençoado e acolhedor.

Lindos Casos de Chico
Ramiro Gama

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