"Todas as leis da natureza são leis divinas, uma vez que Deus é o criador de todas as coisas. O sábio estuda as leis da máteria, o homem de bem estuda as da alma e as pratica".
O livro dos Espíritos- perg.617
617a — É dado ao homem se aprofundar em ambas?
"Sim, porém não lhe basta uma só existência.
Que são, com efeito, alguns anos para a aquisição de tudo o que constitui o ser perfeito, embora se tenha em conta a distância que separa o selvagem do homem civilizado? Para isto seria insuficiente a mais longa existência possível; e com mais forte razão o será quando curta, como sucede em grande número de casos".
618 — As leis diversas são as mesmas para todos os mundos?
"Diz a razão que devem ser próprias à natureza de cada mundo e proporcionais ao grau de adiantamento dos seres que os habitam."
Dentro, ainda, desta relatividade, existe uma lei de Deus, e o progresso se alcança por seu cumprimento.
No aceitá-la está o bem, no negá-la está o mal.
O bem traz consigo o melhoramento do ser, a aquisição de mais poderosas faculdades, uma atividade de raio mais amplo, um avanço na senda que conduz à felicidade angélica, que se aproxima de Deus.
Ao contrário, o mal acarreta a paralisação desse movimento ascensional, o embotamento das forças do espírito, até que este, pela dor, adquira a consciência de seu erro e triunfe em novas provas, vença o obstáculo e renove sua marcha infinita.
Há, portanto, uma sanção à infração da lei natural.
Claro está, porém, que os conceitos do bem e do mal serão relativos, do ponto de vista de nosso planeta, pela relatividade de nossos conhecimentos e pela relativa imperfeição de nossa consciência; nessa está escrita a lei de Deus, ou seja a definição do bem; de qualquer modo ambos os conceitos se impõem: o bem e o mal, o que a consciência aprova e o que lhe repugna.
Dir-se-á, porém: sendo a consciência individual a definidora do bem e do mal, dependendo do adiantamento ou atraso das faculdades do espírito e havendo espíritos de diversos graus, o bem e o mal poderão ser os mesmos para todos os homens?
Poderão ter para todos eles o mesmo valor ético?
636 — São absolutos, para todos os homens, o bem e o mal?
Responde Kardec:
"A lei de Deus é a mesma para todos; porém, o mal depende principalmente da vontade que se tenha de praticá-lo. O bem é sempre o bem e o mal sempre o mal, qualquer que seja a posição do homem. Diferença só há quanto ao grau da responsabilidade".
E acrescenta, como exemplo:
637 — Será culpado o selvagem que, cedendo ao seu instinto, se nutre de carne humana?
"Eu disse que o mal depende da vontade. Pois bem! Tanto mais culpado é o homem, quanto melhor sabe o que faz".
"As circunstâncias dão relativa gravidade ao bem e ao mal. Muitas vezes comete o homem faltas que, nem por serem consequência da posição em que a sociedade o colocou, se tornam menos repreensíveis. Mas, a sua responsabilidade é proporcionada aos meios de que ele dispõe para compreender o bem e o mal. Assim, mais culpado é, aos olhos de Deus, o homem instruído que pratica uma simples injustiça, do que o selvagem ignorante que se entrega aos seus instintos".
O Livro dos Espíritos
Terceira parte
Cap.1
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