segunda-feira, 11 de outubro de 2010

CONTINUAMOS SENDO NÓS MESMOS!

Ora, eu estava morto e, no entanto, da vidraça em que observava o movimento lá fora, a paisagem humana, em quase tudo, me lembrava o mundo que eu havia deixado... Será que eu o havia deixado mesmo?
Era a pergunta que, por vezes, me visitava o pensamento. Eu não habitava nenhuma região etérea, feita, como imaginava, de matéria quintessenciada; aos meus sentidos, tudo era quase igual, inclusive eu, que pouco me modificara em minha intimidade.
Nos primeiros tempos de Vida Espiritual, sentira-me, sim, mais leve e mais bem disposto, mas agora, que me integrara de vez na nova realidade, não conseguia constatar em mim tantas diferenças: eu continuava sendo o mesmo Inácio, com o mesmo sangue a correr em minhas veias... Passada a euforia da desencarnação, a Lei da Relatividade se encarregava de fazer com que a vida voltasse ao normal; de onde passara observá-las, as estrelas — sem exagero algum de minha parte — me pareciam ainda mais distantes... A rigor, eu não saberia dizer se me havia aproximado ou distanciado da Luz!
De fato, para os que morrem, a morte não encerra mistério algum; a nossa única expectativa que não se frustra é a que se refere à sobrevivência. Quanto ao mais...
— e, na minha ingenuidade espírita, eu devaneava em que a desencarnação fosse uma espécie de pá de cal sobre as nossas provas... A cura do espírito, sem dúvida, era mais complexa do que supunha. Bendita a Reencarnação, bendito o Esquecimento!...
Não fosse, digamos assim, o choque psíquico que a reencarnação promove no espírito, o despertar da consciência não aconteceria e a cura definitiva dessa doença chamada imperfeição jamais se consumaria.
Existem espíritos que, insanos no Mundo Material, continuam insanos no Mundo Espiritual, os espíritas haverão de se decepcionar; eu não sei a causa de, ao nos tornarmos espíritas, passarmos a achar que somos privilegiados... A Doutrina nos torna conscientes de nossas enfermidades, porém a tarefa da cura nos pertence, pois a simples condição de adepto do Espiritismo não isenta ninguém de suas provas...
— É, principalmente, do esforço de renovação... O espírita sincero é aquele que não recua diante das lutas que trava para ser melhor.
Deus não cultiva preferencias... As orações dos fiéis de todas as crenças têm para Ele o mesmo valor; às vezes, quem ora aos pés de um santo de barro ora com maior fervor do que aquele que já libertou a fé de tantas formalidades...


NA PRÓXIMA DIMENSÃO
CARLOS ALBERTO BACCELLI
DITADO PELO ESPÍRITO INÁCIO FERREIRA

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