Somos espíritos que se manifestam através de corpos materiais. Nossa vida é uma alternância de sono e vigília.
Então o corpo repousa e nos afastamos dele para libertar-nos do seu peso e da sua pressão, respirando a liberdade do plano espiritual.
Na vigília voltamos ao corpo, imantados ao organismo que temos de usar e dirigir nas experiências e vicissitudes da vida. Mas esta alternância maior não é a única.
Durante o sono acordamos algumas vezes, em lapsos de tempo imperceptíveis ou perceptíveis, como um navegante que se preocupa continuamente com o seu barco e não quer deixá-lo à deriva. Durante a vigília escapamos do corpo mais do que supomos, nas ausências psíquicas, nos cochilos, nos chamados lapsos de distração, como se precisássemos olhar de vez em quando pela escotilha e observar o roteiro.
O repouso noturno favorece o repouso do corpo e consequentemente o desprendimento do espírito, que nada tem a recuperar no sono.
O cansaço é um fenômeno físico, não espiritual. O cérebro se cansa e desgasta, mas a mente, que não é física, nada sofre.
Durante o ritmo noturno os espíritos suficientemente evoluídos recuperam a liberdade e entram em relação direta com os espíritos libertos de mortos e de vivos.
A liberdade é atributo do espírito. Os videntes de maior sensibilidade captam no ritmo noturno um impulso ascensional, em que milhões de almas se elevam aos planos espirituais na busca de amor e saber.
Vão encontrar-se com os seres queridos levados nas asas da morte e beber a sabedoria dos espíritos superiores sobre os segredos da vida.
A noite, além disso, é propícia aos trabalhos mentais e intelectuais, à cogitação filosófica, à busca serena da verdade que as tropelias do dia obscurecem.
Portanto, temos os dois ritmos no plano histórico: o dia sensorial das fases pragmáticas, em que os homens se desgastam na conquista da Natureza, e a noite espiritual das fases idealistas, em que os homens se voltam para a realidade platônica do Mundo das Idéias e conseguem realizar os sonhos noturnos.
Nossa vida não é material, é espiritual e como tal regida pela mente. Alimentamo-nos de matéria para sustento do corpo, mas vivemos de anseios, sonhos, aspirações, idéias e impulsos espirituais que brotam do nosso íntimo ou nos chegam em forma de sugestão e, às vezes, de envolvimento emocional do meio em que vivemos, das mentes encarnadas e desencarnadas que nos cercam e convivem conosco.
Mediunidade - Vida e Comunicação
J.Herculano Pires
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