segunda-feira, 16 de agosto de 2010

MEDIUNIDADE EM TODOS OS TEMPOS

A mediunidade não é fenômeno de nossos dias, destes dias nos quais o Espiritismo encontrou seu clímax mas, sempre existiu, desde quando existe o homem. Sim, porque foi muito por meio dela que os Espíritos diretores puderam interferir na evolução do mundo orientando-o, guiando-o, protegendo-o.


"Manifestações de mortos e fornece imensas provas da existência do mundo invisível e das almas que o povoam”.


A Bíblia, ela mesma, está cheia de semelhantes manifestações, todas obtidas por meio da mediunidade.
No Velho Testamento vemos os profetas, videntes e audientes inspirados, que transmitem ao povo a vontade dos Guias e, de tôdas as formas de mediunidade parece mesmo que a mais generalizada era a vidência.
Samuel no capítulo 9, versículo 9 — assim o demonstra quando diz:
“Dantes, quando se ia consultar a Deus dizia-se vamos ao vidente; porque os que hoje se chamam profetas chamavam-se videntes”.
É já de rigor citativo a consulta feita por Saul ao Espírito de Samuel, na gruta do Endor.

As pragas que, segundo se narra, por intermédio de Moisés, foram lançadas sôbre o Egito; as maravilhas ocorridas com o povo hebreu no deserto, quando conduzido por êsse grande Enviado, a saber; a labareda de fogo que marchava à frente dos retirantes; o maná que os alimentava; as fontes que jorravam recebimento do Decálogo, etc., tudo são afirmações, do extraordinário poder mediúnico do grande fundador da nação judaica.

Que maior exemplo de fenômeno de incorporação que o revelado por Jeremias — o profeta da paz — quando tomado pelo Espírito, pregava contra a guerra aos exércitos de Nabucodonosor! E que outro maior de vidência no tempo, que o demonstrado pôr João escrevendo o Apocalipse!


E como é notável de se observar que, nos remotos tempos do Velho Testamento os fenômenos, em si mesmos, em quase nada diferiam, como dissemos, dos atualmente observados por nós!
Basta citar os de transporte: Reis, capítulo 6,versículo 6; os de levitação: Ezequiel, capítulo 3, versículos 14 e 15, e Atos, capítulo 8, versículos 39 e 40; os de escrita direta: Êxodo, capítulo 32, versículos 15 e 16 e capítulo 34, versículo 28.


E tão semelhantes eram as práticas antigas com as atuais que até mesmo a música era empregada para a formação do ambiente. De fato vemos que o profeta Eliseu reclamava “um tangedor” (harpista) para profetizar: 2º Reis 3, 15 — e muito vulgar é a citação da passagem em que David acalma e afasta os Espíritos obsessores de Saul, tangendo sua harpa.


No Novo Testamento, desde antes do Nascimento então, as provas são ainda mais concludentes e notáveis, maximé as de mediunidade curadora, o dom das línguas, as levitações e os fenômenos luminosos.
Maria de Nazaré não viu o Espírito anunciador?  E os milagres seus e dos apóstolos?

Voltando a citar Leon Denis, é dele esta pergunta: "os apóstolos de Cristo foram escolhidos por serem sábios ou notáveis ou porque possuiam qualidades mediúnicas ?“
Esses apóstolos, como sabemos, e seus discípulos, durante o tempo de seus trabalhos, atuaram como verdadeiros médiuns, bastando citar São Paulo e São João, um o mais dinâmico e culto, outro o mais místico.
E justamente por exercerem francamente a mediunidade é que sabiam de seus perigos, dos cuidados que sua prática exigia e sôbre isso constantemente chamavam a atenção de seus discípulos (5).

(5) João, capítulo 14, versículos 16, 17 e 26 — Atos, capítulo 1, versículos 2, 3, 5, 8, 9, 10, 11, 16. Capítulo 2, versículos 4, 38 e 39. Capítulo 4, versículo 31. Capítulo 9, versículo 17. Capítulo 10, versículo 44. Capítulo 11, versículo 15. Capítulo 13, versículo 52. Capítulo 19, versículo 6. Capítulo 20, versículo 23 — Romanos, Capítulo 5, versículos 5, 15 e 19 — Coríntios 12.

São Paulo dizia: “Os espíritos dos profetas estão sujeitos aos profetas”; e São João ajuntava: “Caríssimos, não creiais em todos os espíritos mas provai que os espíritos são de Deus”. Advertiam, assim, contra a ação do espíritos obsessores e mistificadores.

Era tão comum a mediunidade entre os primitivos cristãos que instruções escritas eram enviadas às comunidades das diferentes cidades para regular a sua prática; e essas instruções foram sendo, com o correr do tempo, enfeixadas em livros para melhor conservação.
Hermas, que evangelizou no tempo de São Paulo adquirindo grande e justa autoridade, em seu livro “O Pastor” dizia:

“O espírito que vem da parte de Deus é pacífico e humilde; afasta-se de tôda a malícia e de todo vão desejo dêste mundo e paira acima de todos os homens. Não responde a todos que o interrogam nem às pessoas em particular porque o espírito que vem de Deus não fala ao homem quando o homem quer, mas quando Deus o permite.
Quando, pois, um homem que tem o espírito de Deus, vem à assembléia dos fiéis, desde que se fêz a prece, o espírito toma lugar nesse homem que fala na assembléia como Deus o quer. Reconhece-se ao contrário o espírito terrestre, frívolo, sem sabedoria e sem fôrça, no que se agita, se levanta e toma o primeiro lugar. É importuno, tagarela e não profetiza sem remuneração. Um profeta de Deus não procede assim”.

— Estas instruções, dadas há séculos, como se vê, continuam com plena oportunidade ainda hoje, até mesmo no que se refere à ganância de alguns e à vaidade de muitos.

MEDIUNIDADE
Edgard Armond

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