E o que está fazendo para mudar essa situação?
2 - Nada. Simplesmente afastei-me. Acho melhor estudar sozinho.
Interessante idéia. Se a aplicássemos integralmente fecharíamos todas as escolas. Ocorre que na fase juvenil é indispensável que nosso aprendizado se faça em bases de escolaridade, participando de grupos compatíveis com nossas necessidades, com metas a serem atingidas e o estímulo da convivência.
3 - Que posso fazer, se não me sinto nem um pouco motivado?
Nem sempre é possível fazer o que gostamos, mas é indispensável aprender a gostar do que deve ser feito. Raros alunos têm na escola e no estudo suas preferências. Os que tiram legítimo proveito são os que se conscientizam de que isso é importante.
4 - Há uma diferença. A escola leiga faz parte de nossa formação social e profissionaL Na Mocidade há apenas aquele blablablá que não leva a nada.
Engano seu. O aprendizado religioso diz respeito ao desenvolvimento de valores espirituais, tão importantes em relação ao seu futuro quanto a formação intelectual e profissional. Nos bancos escolares nos preparamos para ganhar o pão material. Na participação religiosa habilitamo-nos ao indispensável pão do Espírito.
5 - Que beneficio posso colher nessas reuniões chochas que me dão sono?
O bom aluno sempre tirará proveito da escola, ainda que esta deixe a desejar. Por outro lado, por que você não contribui para que as reuniões sejam mais produtivas e atraentes?
6 - De que forma?
Ofereça sugestões quanto aos temas abordados e à dinâmica da reunião. Questione a metodologia. Supere a condição de sonolento espectador.
7 - Aí esbarro numa dificuldade. Sou tímido. Não consigo abrir a boca na reunião.
O problema maior está aí, não na qualidade da reunião. Sem participar é impossível integrar-se no grupo e apreciar o que se faz. Sempre parecerá tudo muito enjoado.
8 - Como superar a timidez?
Enfrentando-a. Em meus verdes anos eu tremia quando me dirigiam a palavra na Mocidade. Se me escalavam para desenvolver um tema eu queria morrer. Ficava semanas sem aparecer. Quando, finalmente, resolvi enfrentar o desafio, ficava mal a semana toda. No dia aprazado rezava para que chovesse e pouca gente comparecesse. Quanto menos melhor. Se possível, graça suprema, nem houvesse reunião. Tremia, suava, enjoava... Tudo passou na medida em que perseverei, integrando-me no grupo e aprendendo a participar.
MOCIDADE ESPÍRITA – 2º
1 - Qual o programa ideal para a Mocidade Espírita?
Quanto ao estudo, depende do estágio de aprendizado, de maturidade dos participantes, da disponibilidade do grupo. Enfatize-se a participação nas atividades do Centro, particularmente na assistência social.
2 - Isso não vai desviar o Jovem do estudo doutrinário?
É uma complementação. Aprendemos com Kardec que «Fora da Caridade Não Há Salvação”. Necessário, portanto, que os moços se movimentem nesse campo, aprendendo a ajudar o próximo, tanto quanto devem estudar a Doutrina. Teoria e prática devem unir-se em favor da formação de uma personalidade ajustada, consciente, capaz de contribuir para a edificação de uma sociedade melhor.
3 - E como contornar a falta de tempo, Já que temos compromissos escolares? Há companheiros que trabalham profissionalmente...
Tempo é uma questão de preferência. Sempre encontraremos espaço em nossa agenda para fazer o que desejamos. Além disso, todo esforço no campo da caridade é um tônico precioso para nosso Espírito, tornando-nos mais equilibrados e saudáveis, com benéfica repercussão em nossos labores profissionais e estudantis. Quando nos dispomos a servir, ganhamos tempo ao invés de perdê-lo.
4 - O que se pode fazer nesse campo?
Depende das disponibilidades e atividades do próprio Centro. No “Amor e Caridade”, em Bauru, os jovens participam do atendimento no Albergue, na Campanha Auta de Souza, nas promoções beneficentes, nos núcleos da periferia, na Evangelização Infantil.
5 - E se o Centro não desenvolve atividades?
É preciso questionar isso com a direção. Centro que não oferece trabalho aos frequentadores não assimilou a orientação doutrinária. Espiritismo é serviço na Seara do Bem. O Centro tem o dever de dar exemplo nesse sentido.
6 - A partir de que Idade o jovem deve ser convocado às tarefas no Centro?
Não há idade determinada. Depende da maturidade, da motivação, da organização da Casa. Adolescente com doze anos pode ser excelente servidor em várias atividades.
7 - Os jovens devem ser monitorados por adultos mais experientes ou desenvolveriam suas próprias Iniciativas?
Ainda não vi nenhuma escola onde os professores sejam os próprios alunos. Fundamental, em qualquer aprendizado ou atividade produtiva, que os mais experientes orientem os aprendizes.
8 - Isso não trará embaraços, na medida em que os orientadores não se entrosem com os jovens, parecendo-lhes “quadrados’?
É uma questão importante. Evidente que a direção do Centro deve oferecer monitores devidamente preparados, dotados de conhecimento doutrinário e capacidade de motivação, com livre trânsito entre os moços.
Não Pise na Bola
Richard Simonetti
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