Refletindo sobre Jesus, os recursos humanos e as relações interpessoais
Jesus atua em conjunto, apesar de sua grandeza espiritual.
_Espírito puro e governador espiritual da Terra, Jesus não prescinde da participação de outros espíritos de condição espiritual inferior a dele para o desenvolvimento de sua tarefa. Atua em conjunto, investindo no potencial do grupo, ainda que reconhecesse suas fragilidades. Dá o apoio, mas deixa que cada um cumpra a cota de serviço necessária ao processo de crescimento individual e coletivo.
Jesus constitui um grupo de trabalho com pessoas diferentes.
- Pelas escrituras sagradas, sabemos que foram discípulos do mestre, em sua maioria, homens simples do povo embora do grupo participasse, um coletor de impostos (Mateus). São jovens, adultos e quase idosos, com características bastante heterogêneas: impetuosidade (Pedro), desconfiança (Tomé); entusiasmo (Tiago, filho de Zebedeu); circunspecção (Tiago, filho de Alfeu), docilidade (João), imediatismo (Judas Iscariotes). Essa miscelânea torna o colégio apostólico uma curiosa representação da variada espécie humana com suas poucas virtudes e muitas imperfeições. É o que o salvador aposta na diversidade capaz de fortalecer a unidade em torno de um fim comum.
A unidade do grupo se dá em torno do objetivo comum
- O mestre, líder por excelência, identifica claramente o objetivo comum como o elo capaz de unir personalidades tão diferentes, evitando que os interesses pessoais ou de “panelas” se tornassem a tônica do trabalho do grupo. Jesus demonstra que criaturas diferentes podem se completar auxiliando, com as próprias diferenças, a concretização do objetivo.
Jesus respeita a individualidade de não mais se harmoniza com objetivo comum do grupo
- Se o objetivo comum é o elo capaz de manter unido um grupo de pessoas diferentes, nada mais natural que as criaturas deixem de se sentir estreitamente vinculadas ao grupo quando não mais se harmonizam com os objetivos centrais, quando “pendem” para outros objetivos. “aqueles que quiser vir após mim, tome a sua cruz e siga-me”, Cristo lembrou que há chamados e escolhidos, demonstrando o respeito pelas opções individuais.
O mestre divide tarefas e amplia gradativamente seu grupo de trabalho
- O árduo trabalho do cristianismo nascente se assenta na divisão de tarefas e no gradativo aumento, pela adesão aos objetivos, dos seguidores do Nazareno. Envia seus discípulos para o cumprimento de atividades várias: o provimento de necessidades básicas, a divulgação da palavra, a assistência aos necessitados, dentre outras. Escolhe seu “colégio apostólico” para posteriormente enviá-lo em tarefas, dois a dois; em seguida chama 72 e culmina sua ampliação do grupo mais direto de trabalho ao convidar os 500 da Galiléia para a ação evangelizadora no mundo. Isso sem contar com os corações sensíveis que O seguiam e os convertidos que se tornaram cooperadores de Sua Obra. (será que Jesus acreditava que a qualidade era melhor que quantidade?)
O senhor exige respeito pelas outras pessoas que se identificam com o objetivo do grupo, ainda que nele não esteja
- Causa-nos certo estranhamento a reação do grupo de discípulos do Senhor que relatam com certo tom de vaidade a atitude de admoestação que tomaram em relação a um estranho que curava e pregava em nome de Jesus... sem pertencer diretamente ao grupo dos 12. Grande é a resposta do Mestre “ Aquele que não é contra nós é por nós”. É o bom senso crístico nos auxiliando a ter mais largueza de vistas, a superarmos nossas visões “partidárias”, a buscarmos o verdadeiro sentido da fraternidade, a nos libertarmos das “panelas” ou posturas sectárias.
O messias vai buscar “reforços” em pessoas “fora” do grupo, mas identificadas com o mesmo fim
Como líder, Jesus trabalha a auto-estima do grupo, buscando manter sua motivação interna.
Como líder Jesus não se coloca afastado ou superior ao grupo, mas nele se engaja concretizando a idéia de conjunto.
- “Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir”. Essas palavras foram concretizadas no dia a dia dos labores do evangelho. Jesus não “ordena”, simplesmente. Participa, se envolve com a multidão, faz sua parte contribuindo para a harmonia da tarefa. Não se isola do grupo, mas mantém-se ligado inclusive afetivamente aos companheiros de lutas redentoras. “Estarei convosco...” é a promessa do Senhor.
Jesus estabelece um critério para reconhecimento interno do grupo, no campo das relações interpessoais.
Jesus estabelece um critério para os que estão fora reconhecerem seus discípulos
“Nisto todos reconhecerão que sois os meus discípulos: se vos amardes uns aos outros.” É a lição da coerência. Se houver o amor entre nós, os que estão “fora” testemunharão o esforço de vivência evangélica dos seguidores do Mestre. Isso implica em responsabilidade nos nossos atos, palavras, pensamentos e sentimentos.
O trabalho em grupo é dos mais produtivos, mecanismos de evolução espiritual pelas exigências de auto-educação. Resultam do esforço coletivo o autoconhecimento, a construção das solidas amizades baseadas em laços espirituais, o cultivo do trabalho e das virtudes a fim de que, como nos recomenda O Evangelho Segundo Espiritismo, “... o senhor encontre concluída a obra”, apesar das diferenças individuais. É a lição da “equipe” do grupo verdadeiro. É a parte boa que cada um pode dar na construção do todo, a serviços de todos.
Sandra Maria Borba Pereira
Jornal Mundo Espírita
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