sábado, 27 de março de 2010

O Medo de se Conhecer

Há muitas pessoas que temem as mudanças mesmo que ela impliquem uma abertura para algo melhor ou mais verdadeiro.
Eis aqui alguns dos disfarces mais utilizados pelo medo: timidez, pessimismo, ceticismo.
Mas talvez o mais importante seja o medo de se conhecer.

Muitos estudiosos do ser acreditam que o medo do autoconhecimento, na verdade, está enraizado no próprio medo de fazer. Há um desejo oculto de não querer saber para não ter que fazer e, por conseqüência, nada para assumir. E, neste propósito estagnador, continuar o sujeito a dar guarida para inação, para dependência, inegável vestígio da irresponsabilidade.

Na verdade, muitos ainda estão a procura de alguém, de uma instituição, de um lugar que lhes digam o que é certo e o que é errado. Logo, de alguém ou de algo que os isente do exercício da liberdade.

É interessante observar que somente a responsabilidade pelas próprias escolhas e atos, é apta a personalizar o individuo e fazê-lo livre. Ainda, cada passo dado em direção a escuta do próprio mundo interior, com todas as dúvidas, aflições e resoluções que isto pressupõe, é sinal de avanço rumo à identidade, segundo as exigências da diferenciação.

Em nossas existências, quantas vezes não ficamos apegados aos estáveis refúgios das mesmices, no lugar de corrermos o risco das mudanças, que poderão ser salutares e nos fazer pessoas melhores?

"Preferimos nos arruinar a mudar.
Morrer nas garras de nossos pavores
Que subir à cruz do momento.
E deixar que nossas ilusões morram".

Há um ditado que diz: “dize-me o que tanto temes e te direi o que deseja”

Devemos aprender a não ter medo do nosso medo, pois somente assim nos tornaremos mais livres e mais verdadeiros.


Trechos retirados:
O semeado/09
Eugenia Pickina

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