terça-feira, 23 de março de 2010

A mediunidade e seus Cuidados


Precauções que médiuns e experimentadores não podem negligenciar



34. As condições de experimentação são favoráveis quando os componentes da equipe mediúnica constituem um grupo harmônico. Outros fatores que favorecem também o bom êxito das reuniões mediúnicas são o silêncio e o recolhimento. Se, contudo, houver desarmonia ou desentendimento na equipe, haverá inequívocas dificuldades na realização de um bom intercâmbio mediúnico.

35. A ausência de método, a falta de continuidade e a inexistência de uma direção segura nas experiências mediúnicas podem tornar estéreis a boa-vontade dos médiuns e as aspirações, ainda que legítimas, dos experimentadores.

36. Um trabalho mediúnico produtivo deve, pois, primar pelo estudo, pelo esforço de melhoria moral, pela perseverança, pela humildade, pela assiduidade, pela disciplina por parte dos integrantes da equipe, e ser exercido em um ambiente de silêncio, prece, recolhimento e seriedade, com vistas ao bem-estar e à melhoria espiritual do próximo. Recolhimento e pureza das intenções, eis a primeira condição para merecermos a simpatia dos bons Espíritos.

37. Nem sempre as comunicações sérias são verdadeiras. Existem comunicações sérias que contêm erros e falsidades. Eis por que os Espíritos verdadeiramente superiores recomendam de contínuo que submetamos todas as comunicações ao crivo da razão e da mais rigorosa lógica.

38. Além disso, certos Espíritos presunçosos ou pseudo-sábios procuram, valendo-se de uma linguagem elevada, incutir nos encarnados as mais falsas idéias, os sistemas mais absurdos. Não têm eles nenhum escrúpulo em se adornar com nomes respeitáveis, e tal mistificação somente um exame rigoroso e atento poderá desvendar.

39. As comunicações recebidas devem ser, pois, submetidas e rigoroso e severo exame da razão.

40. É bom lembrar que Chico Xavier foi vítima de mistificação muitas vezes. (No Mundo de Chico Xavier, p. 31) e o mesmo se deu com a notável médium Sra. Duret (Revue de 1860, p. 183) e com o próprio Codificador do Espiritismo, quando um mistificador usurpou o nome de São Luís, presente à reunião.

41. Os casos de mistificação não ocorrem à revelia dos mentores espirituais mais elevados, que, agindo assim, visam a conduzir o médium à vigilância precisa e às realizações da humildade e da prudência no seu mundo subjetivo. A mistificação traz sempre uma finalidade útil, que é a de afastá-lo do amor-próprio, da preguiça no estudo de suas necessidades próprias, da vaidade pessoal ou dos excessos de confiança em si mesmo. (O Consolador, questão 401.)

42. Ciente de que as comunicações mediúnicas não podem deixar de ser rigorosamente analisadas, o médium deve, pois, aceitar agradecido, e até mesmo solicitar, o exame crítico das comunicações de que for o intermediário, atento à recomendação de Erasto, que propôs: “Aquilo que é reprovado pela razão e pelo bom-senso deve ser rejeitado firmemente. Mais vale repelir dez verdades que admitir uma só mentira, uma só teoria falsa”. (Revue de 1861, p. 257.)

43. Com vistas a isso, na Revue de 1860, p. 233, Kardec arrolou seis princípios que nos auxiliam na análise das comunicações espíritas, lembrando-nos que os Espíritos superiores não se contradizem jamais e não ensinam coisas absurdas. Por isso, toda comunicação manchada de erros manifestos e contrários aos dados mais vulgares da ciência e da observação atesta a inferioridade de sua origem.

44. Outro ponto importante para aquele que se dedica à mediunidade é evitar que ocorram abusos na sua prática. O exercício muito prolongado de qualquer faculdade acarreta fadiga, e o mesmo se dá com a mediunidade, principalmente a que se aplica aos efeitos físicos, a qual ocasiona necessariamente um dispêndio de fluido, que produz a fadiga e precisa, assim, ser reparado pelo repouso.

45. Entendendo a mediunidade como um meio que Deus oferece aos homens para a sua reforma moral e conseqüente progresso espiritual, os bons Espíritos afastam-se dos médiuns por vários motivos:

I. Quando o médium se serve da faculdade mediúnica para atender a coisas frívolas ou com propósitos ambiciosos e desvirtuados do seu verdadeiro objetivo.
II. Quando o médium não aproveita as instruções nem os conselhos que os protetores espirituais lhe propiciam.
III. Quando a interrupção dos fenômenos se dá como uma prova de benevolência do Benfeitor espiritual para com o médium.

46. O médium obsidiado, recomenda Kardec, deve ser afastado das reuniões práticas. E só deve voltar à atividade mediúnica depois de sua completa cura.
47. Os médiuns devem evitar, na sociedade, os ambientes nocivos e viciosos.
48. As sessões práticas devem ser privativas, porque elementos estranhos prejudicam o bom resultado dos trabalhos. (Médiuns e Mediunidade, p. 53.) Carlos Imbassahy (À Margem do Espiritismo, p. 239) e Allan Kardec (Revue de 1861, p. 140) propõem idêntica medida.


Astolfo O. de Oliveira Filho
Londrina-PR
O Consolador

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