sábado, 27 de fevereiro de 2010

O LIVRO DOS ESPIRITOS

O BEM E O MAL


629. Que definição se pode dar à moral?
— A moral e a regra da boa conduta e, portanto, da distinção entre o bem e o mal. Funda-se na observação da lei de Deus. O homem se conduz bem quando faz tudo tendo em vista o bem e para o bem de todos, porque então observa a lei de Deus.

639. O mal que se comete não resulta freqüentemente da posição em que os outros nos colocaram, e nesse caso quais são os mais culpáveis?
— O mal recai sobre aquele que o causou. Assim, o homem que é levado ao mal pela posição em que os outros o colocaram é menos culpável que aqueles que o causaram, pois cada um sofrerá a pena não somente do mal que tenha feito, mas também do que houver provocado.

640. Aquele que não faz o mal, mas aproveita o mal praticado por outro, é culpável no mesmo grau?
— É como se o cometesse; ao aproveitá-lo, torna-se participante dele. Talvez tivesse recuado diante da ação; mas, se ao encontrá-la realizada, dela se serve, é porque a aprova e a teria praticado se pudesse ou se tivesse ousado.

641. O desejo do mal é tão repreensível quanto o mal?
— Conforme; há virtude em resistir voluntariamente ao mal que se sente desejo de praticar, sobretudo quando se tem a possibilidade de satisfazer esse desejo; mas se o que faltou foi apenas a ocasião, o homem é culpável.

642. Será suficiente não se fazer o mal para ser agradável a Deus e assegurar uma situação futura?
— Não; é preciso fazer o bem no limite das próprias forças, pois cada um responderá por todo o mal que tiver ocorrido por causa do bem que deixou de fazer.

643. Há pessoas que, por sua posição, não tenham possibilidade de fazer o bem?
— Não há ninguém que não possa fazer o bem; somente o egoísta não encontra jamais a ocasião de praticá-lo. É suficiente estar em relação com outros homens para se fazer o bem, e cada dia da vida oferece essa possibilidade a quem não estiver cego pelo egoísmo, porque fazer o bem não é apenas ser caridoso mas ser útil na medida do possível, sempre que o auxílio se faça necessário.

644. O meio em que certos homens vivem não é para eles o motivo principal de muitos vícios e crimes?
— Sim, mas ainda nisso há uma prova escolhida pelo Espírito no estado de liberdade; ele quis se expor à tentação para ter o mérito da resistência.

645. Quando o homem está mergulhado na atmosfera do vício, o mas não se torna para ele um arrastamento quase irresistível?
Arrastamento, sim; irresistível, não; porque, no meio dessa atmosfera de vícios, podes encontrar grandes virtudes. São Espíritos que tiveram a força de resistir e que tiveram, ao mesmo tempo, a missão de exercer uma boa influência sobre os seus semelhantes.



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