A transição ora vivida pela
Terra, que está passando de "mundo de expiação e provas" para
"mundo de regeneração", perdura na pauta de temas fervilhantes e
continua provocando o interesse de adeptos das mais diversas vertentes do
pensamento religioso, principalmente os espiritistas. E os últimos
acontecimentos, como desastres ecológicos, catástrofes, e outros que alcançam
coletividades inteiras, com grande número de desencarnes, têm fomentado esse
interesse.
Mas é preciso que se diga que tais
acontecimentos, naturalmente associados à transição em curso, ocorrem, segundo
a Doutrina Espírita, porque os mundos também precisam evoluir, capacitando-se a
receber as humanidades que também se renovam na sua caminhada evolutiva.
As transformações que esta
geração assiste, portanto, fazem parte desse processo, que elevará a Terra a um
grau superior no concerto dos mundos, daí resultando melhor ambiente físico,
moral e espiritual, para que nela possa habitar essa humanidade renovada.
O assunto é empolgante. Temos, na
atualidade, a importante mensagem contida na obra "Transição
Planetária", de autoria do Espírito Manoel Philomeno de Miranda, pela
psicografia de Divaldo Pereira Franco (Livraria Espírita Alvorada Editora - Salvador
- BA).
Há, igualmente, a teoria das
crianças índigo e cristal, suscitada também por Divaldo Franco, em conferência
com importantes revelações, disponível no You Tube (http://www.youtube.com/watch?
v=cJzPVjF_ZgU).
anto um quanto o outro, são
fontes que enriquecem muito essa temática.
Mas, importa-nos hoje, destacar o
texto "A Geração Nova", de autoria de Allan Kardec, que transcrevemos
a seguir, constante da sua grande obra "A Gênese", texto esse que
traz subsídios relevantes para o bom entendimento do assunto.
Portanto, um bom estudo e muita
Paz!
* * *
A GERAÇÃO NOVA
Por Allan Kardec
“Para que na Terra sejam felizes
os homens, preciso é que somente a povoem Espíritos bons, encarnados e
desencarnados, que somente ao bem se dediquem”. Havendo chegado o tempo, grande
emigração se verifica dos que a habitam: a dos que praticam o mal pelo mal,
ainda não tocados pelo sentimento do bem, os quais, já não sendo dignos do
planeta transformado, serão excluídos, porque, senão, lhe ocasionariam de novo
perturbação e confusão e constituiriam obstáculo ao progresso. Irão expiar o
endurecimento de seus corações, uns em mundos inferiores, outros em raças
terrestres ainda atrasadas, equivalentes a mundos daquela ordem, aos quais
levarão os conhecimentos que hajam adquirido, tendo por missão fazê-las
avançar. Substituí-los-ão Espíritos melhores, que farão reinem em seu seio a
justiça, a paz e a fraternidade.
Transformação
A Terra, no dizer dos Espíritos,
não terá de transformar-se por meio de um cataclismo que aniquile de súbito uma
geração. A atual desaparecerá gradualmente e a nova lhe sucederá do mesmo modo,
sem que haja mudança alguma na ordem natural das coisas.
Tudo, pois, se processará
exteriormente, como sói acontecer, com a única, mas capital diferença de que uma
parte dos Espíritos que encarnavam na Terra aí não mais tornará a encarnar. Em
cada criança que nascer em vez de um Espírito atrasado e inclinado ao mal, que
antes nela encarnaria, virá um Espírito mais adiantado e propenso ao bem.
Muito menos, pois, se trata de
uma nova geração corpórea, do que de uma nova geração de Espíritos. Sem dúvida,
neste sentido é que Jesus entendia as coisas, quando declarava: «Digo-vos, em
verdade, que esta geração não passará sem que estes fatos tenham ocorrido.» (*)
Assim decepcionados ficará os que contem ver a transformação operar-se por
efeitos sobrenaturais e maravilhosos.
Transição
A época atual é de transição;
confundem-se os elementos das duas gerações. Colocados no ponto intermédio,
assistimos à partida de uma e à chegada da outra, já se assinalando cada uma,
no mundo, pelos caracteres que lhes são peculiares.
Têm ideias e pontos de vista
opostos às duas gerações que se sucedem. Pela natureza das disposições morais,
porém, sobretudo das disposições intuitivas e inatas, torna-se fácil distinguir
a qual das duas pertence cada indivíduo.
Cabendo-lhe fundar a era do
progresso moral, a nova geração se distingue por inteligência e razão
geralmente precoces, juntas ao sentimento inato do bem e a crenças
espiritualistas, o que constitui sinal indubitável de certo grau de
adiantamento anterior. Não se comporá exclusivamente de Espíritos eminentemente
superiores, mas dos que, já tendo progredido, se acham predispostos a assimilar
todas as ideias progressistas e aptas a secundar o movimento de regeneração.
O que, ao contrário, distingue os
Espíritos atrasados é, em primeiro lugar, a revolta contra Deus, pelo se
negarem a reconhecer qualquer poder superior aos poderes humanos; a propensão
instintiva para as paixões degradantes, para os sentimentos antifraternos de
egoísmo, de orgulho, de inveja, de ciúme; enfim, o apego a tildo o que é
material: a sensualidade, a cupidez, a avareza.
Desses vícios é que a Terra tem
de ser expurgada pelo afastamento dos que se obstinam em não emendar-se; porque
são incompatíveis com o reinado da fraternidade e porque o contacto com eles
constituirá sempre um sofrimento para os homens de bem. Quando a Terra se achar
livre deles, os homens caminharão sem óbices para o futuro melhor que lhes está
reservado, mesmo neste mundo, por prêmio de seus esforços e de sua perseverança,
enquanto esperem que uma depuração mais completa lhes abra o acesso aos mundos
superiores.
Não se deve entender que por meio
dessa emigração de Espíritos sejam expulsos da Terra e relegados para mundos
inferiores todos os Espíritos retardatários. Muitos, ao contrário, aí voltarão,
porquanto muitos há que o são porque cederam ao arrastamento das circunstâncias
e do exemplo. Nesses, a casca é pior do que o cerne. Uma vez subtraídos à
influência da matéria e dos prejuízos do mundo corporal, eles, em sua maioria,
verão as coisas de maneira inteiramente diversa daquela por que as viam quando
em vida, conforme os múltiplos casos que conhecemos. Para isso, têm a
auxiliá-los Espíritos benévolos que por eles se interessam e se dão pressa em
esclarecê-los e em lhes mostrar quão falso era o caminho que seguiam. Nós
mesmos, pelas nossas preces e exortações, podemos concorrer para que eles se
melhorem, visto que entre mortos e vivos há perpétua solidariedade.
Renovação gradual
É muito simples o modo por que se
opera a transformação, sendo, como se vê, todo ele de ordem moral, sem se
afastar em nada das leis da Natureza. Sejam os que componham a nova geração
Espíritos melhores, ou Espíritos antigos que se melhoraram, o resultado é o
mesmo. Desde que trazem disposições melhores, há sempre uma renovação. Assim,
segundo suas disposições naturais, os Espíritos encarnados formam duas
categorias: de um lado, os retardatários, que partem; de outro, os
progressistas, que chegam. O estado dos costumes e da sociedade estará, portanto,
no seio de um povo, de uma raça, ou do mundo inteiro, em relação com aquela das
duas categorias que preponderar.
Uma comparação vulgar ainda
melhor dará a compreender o que se passa nessa circunstância. Figuremos um
regimento composto na sua maioria de homens turbulentos e indisciplinado, os
quais ocasionarão nele constantes desordens que a lei penal terá por vezes
dificuldades em reprimir. Esses homens são os mais fortes, porque mais
numerosos do que os outros. Eles se amparam, animam e estimulam pelo exemplo.
Os poucos bons nenhuma influência exercem; seus conselhos são desprezados;
sofrem com a companhia dos outros, que os achincalham e maltratam. Não é essa
uma imagem da sociedade atual?
Suponhamos que esses homens são
retirados um a um, dez a dez, cem a cem, do regimento e substituídos
gradativamente por iguais números de bons soldados, mesmo por alguns dos que,
já tendo sido expulsos, se corrigiram. Ao cabo de algum tempo, existirá o mesmo
regimento, mas transformado. A boa ordem terá sucedido à desordem.
Partidas coletivas
As grandes partidas coletivas,
entretanto, não têm por único fim ativar as saídas; têm igualmente o de
transformar mais rapidamente o espírito da massa, livrando-a das más
influências e o de dar maior ascendente às ideias novas.
Por estarem muitos, apesar de
suas imperfeições, maduros para a transformação, é que muitos partem, a fim de
apenas se retemperarem em fonte mais pura. Enquanto se conservassem no mesmo
meio e sob as mesmas influências, persistiriam nas suas opiniões e nas suas
maneiras de apreciar as coisas. Uma estada no mundo dos Espíritos bastará para
lhes descerrar os olhos, por isso que aí veem o que não podiam ver na Terra. O
incrédulo, o fanático e o absolutista poderão, conseguintemente, voltar com ideias
inatas de fé, tolerância e liberdade. Ao regressarem, acharão mudadas as coisas
e experimentarão a influência do novo meio em que houverem nascido. Longe de se
oporem às novas ideias, constituir-se-ão seus auxiliares.
Regeneração
A regeneração da Humanidade,
portanto, não exige absolutamente a renovação integral dos Espíritos: basta uma
modificação em suas disposições morais. Essa modificação se opera em todos
quantos lhe estão predispostos, desde que sejam subtraídos à influência
perniciosa do mundo. Assim, nem sempre os que voltam são outros Espíritos; são
com frequência os mesmos Espíritos, mas pensando e sentindo de outra maneira.
Quando insulado e individual, esse melhoramento passa despercebido e nenhuma
influência ostensiva alcança sobre o mundo. Muito outro é o efeito, quando a
melhora se produz simultaneamente sobre grandes massas, porque, então, conforme
a proporção que assuma, numa geração, pode modificar profundamente as ideias de
um povo ou de uma raça.
É o que quase sempre se nota
depois dos grandes choques que dizimam as populações. Os flagelos destruidores
apenas destroem corpos, não atingem o Espírito; ativam o movimento de vaivém
entre o mundo corporal e o mundo espiritual e, por conseguinte, o movimento
progressivo dos Espíritos encarnados e desencarnados. É de notar-se que em
todas as épocas da História, às grandes crises sociais se seguiu uma era de
progresso.
Renascimento
Opera-se presentemente um desses
movimentos gerais, destinados a realizar uma remodelação da Humanidade. A
multiplicidade das causas de destruição constitui sinal característico dos
tempos, visto que elas apressarão a eclosão dos novos germens. São as folhas
que caem no outono e às quais sucedem outras folhas cheias de vida, porquanto a
Humanidade tem suas estações, como os indivíduos têm suas várias idades. As
folhas mortas da Humanidade caem batidas pelas rajadas e pelos golpes de vento,
porém, para renascerem mais vivazes sob o mesmo sopro de vida, que não se
extingue, mas se purifica.
Para o materialista, os flagelos
destruidores são calamidades carentes de compensação, sem resultados
aproveitáveis, pois que, na opinião deles, os aludidos flagelos aniquilam os
seres para sempre. Para aquele, porém, que sabe que a morte unicamente destrói
o envoltório, tais flagelos não acarretam as mesmas consequências e não lhe
causam o mínimo pavor; ele lhes compreende o objetivo e não ignora que os
homens não perdem mais por morrerem juntos, do que por morrerem isolados, dado
que, duma forma ou doutra, a isso hão de todos sempre chegar.
Os incrédulos rirão destas coisas
e as qualificarão de quiméricas; mas, digam o que disserem, não fugirão à lei
comum; cairão a seu turno, como os outros, e, então, que lhes acontecerá? Eles
dizem: Nada! Viverão, no entanto, a despeito de si próprios e se verão, um dia,
forçados a abrir os olhos.”.
* * *
(KARDEC, Allan. A Gênese. 112ª ed. Rio
[de Janeiro]:
FEB, 36ª ed.. 1992. Cap. XVIII:
itens 27 a 35.)
Por: Francisco de Assis Daher Pirola